Vhils, que já deixou a sua marca em Macau através de murais no consulado de Portugal, na Escola Portuguesa, na ilha da Taipa e de uma exposição nas Oficinas Navais (intitulada “Destroços”), mostra agora dois novos trabalhos na zona do Porto Interior, que fazem parte do Festival Outloud, que decorre de sexta-feira a domingo.
São “duas peças murais inspiradas na mesma série que produzi aquando da exposição ‘Destroços / Debris’, no âmbito da qual já tinha feito uma recolha de padrões, imagens, retratos que dizem respeito à realidade de Macau”, explicou à agência Lusa.
Ao mesmo tempo, Alexandre Farto está a trabalhar numa curta-metragem sobre o seu trabalho na cidade, em conjunto com o realizador José Pando Lucas, que acompanhou o processo de produção da exposição “Destroços/Debris”.
“Grande parte do material foi recolhido na altura, e faz parte da reflexão particular que desenvolvi sobre o território assim como o contexto maior das questões que tenho vindo a trabalhar em vários locais do mundo — a natureza das sociedades urbanas contemporâneas, o modelo de desenvolvimento global e a sua contribuição para a crescente uniformização e a erosão das identidades culturais locais. Este filme é também uma modesta homenagem a Macau e às suas gentes”, disse.
Segundo Vhils, Macau “é um local particularmente interessante para trabalhar devido às suas características históricas que refletem um passado e um presente de grandes contrastes”, sendo que a zona do Porto Interior se destaca “pela riqueza de camadas históricas que contém nas suas paredes”.
“Infelizmente, esta zona foi muito afetada pelo tufão Hato, pelo que, para mim, fez ainda mais sentido fazer aqui estas intervenções”, afirmou.
Macau foi atingida a 23 de agosto pelo tufão mais forte em 53 anos, que causou dez mortos, mais de 240 feridos e avultados danos. Alguns trabalhos de Vhils constam da lista de ‘vítimas: um mural na Escola Portuguesa e várias peças que se encontravam na exposição nas Oficinas Navais.
Neste momento não há planos para substituir o mural da escola, onde existe ainda outra intervenção, mas as peças da exposição deverão ser reparadas.
Macau é “um dos locais com mais obras” do artista fora de Portugal. “É difícil de contabilizar ao certo porque há peças que vão desaparecendo, pois a natureza de trabalhar no espaço público é mesmo essa, e o próprio trabalho explora essa mesma condição efémera”, indicou.
Vhils já levou a sua técnica de escultura em baixo-relevo, com remoção das camadas superficiais das paredes, a vários países, incluindo Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia, Brasil.
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