De acordo com Mourão, tornar a vacina numa questão política é negativo para o país.

“O que não pode acontecer é politizar [a vacina]. Infelizmente, vocês sabem, essa questão está toda politizada e ficam ‘ah, é do lado A, é do lado B’. Acho que isso não é bom”, avaliou o vice-presidente em declarações à imprensa, em Brasília.

Contudo, quando questionado se o Presidente, Jair Bolsonaro, um forte critico da vacina Coronavac, contribuiu para essa politização, Mourão recusou-se a comentar as declarações do chefe de Estado, alegando tratar-se de uma questão de “ética e de lealdade”.

“Eu já falei que eu não comento coisas do Presidente. Vocês têm de se lembrar, mais uma vez eu digo: eu sou vice-presidente, ou seja, existe aqui uma relação ética e de lealdade que eu não passo, eu não cruzo essa linha”, frisou o general.

Jair Bolsonaro causou polémica na terça-feira ao declarar “vitória” após a suspensão dos testes do imunizante Coronavac, depois da morte de um voluntário.

A posição do Presidente gerou várias críticas, quer por parte de políticos, quer de profissionais de saúde, que o acusaram de politizar o imunizante e de “comemorar” o óbito de um brasileiro.

“Mais uma vitória de Jair Bolsonaro. (…) Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que [João] Doria (governador de São Paulo) queria obrigar o povo paulista a tomar”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais, após o anúncio da suspensão dos testes da vacina chinesa no Brasil.

A Coronavac está a ser testada no Brasil através de uma parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e as autoridades do estado de São Paulo, cujo governador, João Doria, se tornou um dos adversários mais ferrenhos de Bolsonaro no campo conservador.

Este foi apenas mais um capítulo no embate entre Bolsonaro e Doria. No mês passado, o Presidente do Brasil já se tinha posicionado contra a aquisição da vacina chinesa, tendo obrigado o seu Ministério da Saúde a recuar na intenção de comprar o imunizante, argumentando que o imunizante ainda nem sequer havia superado a fase de testes clínicos.

A recusa de Bolsonaro contrasta com um outro acordo – firmado pelo seu Governo com a Universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca – para a compra de 100 milhões de doses da vacina, que ambas as instituições desenvolvem e que se encontra na mesma fase de estudos que o imunizante da Sinovac.

Na manhã de hoje, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do Brasil, autorizou a retoma dos testes da Coronavac, após a morte de um voluntário no país.

Apesar de a Anvisa não tendo confirmado a causa do óbito, a imprensa local noticiou que se tratou do suicídio de um voluntário de 33 anos, em 29 de outubro.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,7 milhões de casos e 162.829 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.

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