A renúncia aconteceu um dia depois de o primeiro-ministro, Rishi Sunak, ter recebido o relatório de um inquérito independente realizado ao longo de vários meses por um advogado. Numa carta de demissão publicada na rede social Twitter, Raab disse sentir-se "obrigado a aceitar o resultado do inquérito".

No comunicado, o governante afirma "manter a palavra", visto que tinha prometido demitir-se se alguma acusação fosse comprovada. E defende-se dizendo que só duas alegações foram confirmadas entre oito apresentadas.

"Acredito também que as suas duas conclusões adversas têm falhas e criam um precedente perigoso para a conduta de um bom governo", argumentou.

Como justificação às duas queixas que foram validadas, Raab argumenta que os ministros devem poder "supervisionar diretamente" altos responsáveis em negociações - referindo-se a uma queixa no âmbito das negociações relacionadas com o Brexit. Além disso, argumenta que devem poder dar "feedback" crítico a outros responsáveis, dentro de "limites razoáveis".

Segundo Raab, a investigação concluiu que, em quatro anos e meio, não gritou nem disse palavrões, nem agrediu ou intimidou fisicamente ninguém, e que também não "menosprezou deliberadamente" ninguém. Ainda assim, diz que está "genuinamente arrependido por qualquer stress ou ofensa não intencional" que as pessoas que trabalhavam no seu gabinete tenham sentido, no contexto do "ritmo e desafios" do trabalho.

Segundo o político, "ao estabelecer a fasquia para a intimidação ["bullying"] tão baixo, este inquérito criou um precedente perigoso" pois "vai encorajar queixas desonestas contra ministros, e terá um efeito arrepiante sobre aqueles que conduzem reformas em nome do governo - e, em última análise, do povo britânico", salientou.

Para terminar, critica fugas de informação e "reivindicações fabricadas" que ocorreram ao longo da investigação. Não termina o comunicado sem assegurar que mantém o seu apoio ao governo de Rishi Sunak.

Além de número dois do Governo, Dominic Raab é também ministro da Justiça, mas antes também exerceu como ministro dos Negócios Estrangeiros.

Esta é a segunda demissão no Executivo devido a 'bullying' desde que Sunak sucedeu a Liz Truss há seis meses.

O ministro sem pasta Gavin Williamson foi afastado logo em novembro após alegações de intimidação junto de colegas do partido Conservador.

(Artigo atualizado às 11h11)

*Com Lusa