Em Braga, na Universidade do Minho, a participar numa conferência com o tema "Rendimento Básico: uma Ferramenta para uma Europa Social?", Vieira da Silva defendeu que, a ser aplicado, aquele tipo de rendimento teria de ser no âmbito da zona euro ou da União Europeia, apontando a falta de consenso e de recursos financeiros como entraves à concretização da medida.

"Este é um tema complexo, debatido há muitas décadas. Naturalmente que tem uma componente que só pode ser avaliada positivamente, que é a de garantir a todos os cidadãos, independentemente da situação, um nível básico de condições de vida, rendimentos que permitam uma vida confortável", disse o governante.

Para Vieira da Silva, "a dificuldade que existe em faze-lo de forma incondicional, a todos os cidadãos, que é a proposta que está aqui hoje em debate, ainda por cima à escala europeia, é de facto não apenas os recursos financeiros que isso exigiria, porque não seria apenas dirigido aqueles que estariam necessitados de apoio mas à generalidade, como também as alterações a todo o modelo de estruturas sociais que isso iria provocar".

Para o também ministro do Trabalho "uma proposta dessa natureza dificilmente poderá ser aplicada no quadro de um só país".

"Na minha opinião, teria que ser encarado pelo menos à escala ou da zona euro ou da união europeia e levanta-se um problema adicional que é a obtenção de um consenso europeu para esse mecanismo de transferência de rendimentos, coisa que na Europa que temos hoje, em que é tão difícil aumentar o orçamento próprio da União Europeia, me parece uma opção longe de ser concretizável", explanou.

Vieira da Silva defendeu o rendimento básico "é uma ideia que tem interesse, principalmente se entendida como a garantia de rendimentos a pessoas em situações de transição e com dificultardes de manter níveis de condições de vida aceitáveis, mas isto já afasta de aplicação deste conceito genérico e incondicional".

O governante deixou ainda um alerta.

"É minha opinião pessoal, creio que uma divisão da sociedade entre os que tem acesso aos benefícios da civilização através do rendimento do trabalho e outros que teriam uma espécie de prestação social para poderem ser consumidores, tem, a meu ver, um risco enorme de fratura na sociedade em duas partes, que tenderia a criar uma divisão perigosa na sociedade do futuro", avisou.