A iniciativa, promovida por várias associações reunidas na plataforma "Rede 8 de Março", que convocou uma “greve feminista” para 8 de março, Dia Internacional da Mulher, decorreu no Largo do Intendente, onde, entre apitos e batuques, os manifestantes gritaram "Não são mortes, são femicídios", "Justiça machista, resistência feminista" ou "Tá na hora, tá na hora do machismo ir embora".

Entre a multidão destacava-se uma faixa do BE, empunhada por alguns militantes, incluindo a deputada Sandra Cunha, que titulava "Contra a violência machista, luta feminista. Pelo fim de todas as violências contra as mulheres".

Marta Bagolho, uma das manifestantes, juntou-se à concentração por causa das mortes, no início do ano, de nove mulheres por violência doméstica, mas também pela "luta feminista", que considerou "mais importante hoje do que, se calhar, noutros tempos".

Defende uma "legislação mais eficaz" para os casos de violência sobre as mulheres e que os processos não sejam arquivados.

"O machismo está de tal maneira entranhado na nossa justiça que impede que as mulheres sejam protegidas", sustentou à Lusa.

Contra o que classificou como "números avassaladores" de violência doméstica, a deputada Sandra Cunha assinalou, sem concretizar propostas, que o BE está recetivo a "qualquer solução que permita diminuir também o número de penas suspensas que têm feito, muitas vezes, com que muitas mulheres estejam em perigo".

Joana Grilo, membro da Rede 8 de Março, disse que, face ao número de mulheres assassinadas no início do ano, "foi uma necessidade de urgência" manifestar o descontentamento, não só em Lisboa, mas noutras cidades do país, como Porto, Coimbra, Braga e Aveiro, para onde estavam hoje convocadas concentrações do mesmo género.

"Não podíamos passar em branco", afirmou, perto do "Espaço das mulheres assassinadas", onde, sobre o passeio, a organização da iniciativa 'desenhou' os contornos das vítimas.

Encostado a uma árvore, um outro elemento do 'décor', um homem 'amordaçado" com uma fita adesiva, empunhava um cartaz que exortava ao amor sem violência doméstica e pedia "Justiça, já".