Virginia Raggi, candidata do M5S, obteve 35,37% dos votos, de acordo com os resultados apurados, e vai enfrentar, a 19 de junho, Roberto Giachetti, do Partido Democrata (PD) de Matteo Renzi, que teve 24,80%.

Ainda que este resultado não seja realmente uma surpresa, uma vez que a advogada de 37 anos era considerada a favorita nas sondagens, a relativamente baixa votação do representante do partido no poder é o mais surpreendente.

Na segunda volta, Roberto Giachetti pode ganhar 10,95% de votos de centro-direita, que governa com o PD. Mas provavelmente não será suficiente para vencer o M5S, que pode somar mais 20,68% dos votos de Giorgia Meloni, terceira candidata e apoiada pela Liga do Norte, o partido populista e anti-imigração de Matteo Salvini, para quem o inimigo é principalmente Matteo Renzi.

"Eu nunca votaria num candidato do PD, nem sob tortura. Portanto, no caso de uma disputa Giachetti-Raggi, votaria Raggi", afirmou Salvini em meados de maio.

Uma vitória clara parece desenhar-se para Virginia Raggi, que já citou no domingo à noite os "ventos de mudança" para a capital italiana.

Matteo Renzi "insatisfeito"

Perante tal cenário, juntando o facto de a sua candidata em Nápoles nem sequer ter chegado à segunda volta, Matteo Renzi declarou-se, na segunda-feira, "insatisfeito", acrescentando que vai tirar algumas lições. Mas Renzi pode alegar que o seu candidato em Roma teve uma grande recuperação depois de ter estado, durante algum tempo, em terceiro lugar, atrás de Meloni.

Roma não é Itália e em Milão, onde lideram por muito pouca margem, assim como em Turim ou Bolonha, os candidatos do PD estão bem colocados para vencer.

Mas o partido no poder quer recuperar a capital italiana, onde foi afetado pelo escândalo "Mafia Capitale", que consistia numa vasta rede de corrupção da responsabilidade do crime organizado na cidade, depois de forçar a renúncia de Ignazio Marino (PD) por um caso de corrupção.

Matteo Renzi deseja, de facto, uma vitória na capital para ampliar o seu domínio na política italiana. Mas os romanos, desiludidos depois de anos de falta de ação e descuido, optaram pelo M5S, segunda força política no país desde que as legislativas de 2013, mas que por agora permanece limitado a uma estratégia de oposição sistemática no Parlamento. Também tem uma representação local limitada aos municípios de Parma e Livorno.

A jovem guarda do partido, representada pelos deputados Alessandro di Battista e Luigi Di Maio, deseja há alguns meses assumir mais poderes dentro do M5S. "Inicialmente, ignoram-te, depois riem de ti, e então lutam contra ti... e agora chegas à segunda volta", ironizou na segunda-feira no, Twitter, Alessandro di Battista.

Com a morte, em 12 de abril, do "guru" e co-fundador do movimento, Roberto Casaleggio, e a escolha anunciada de Beppe Grillo de se retirar dos cargos mais altos, o caminho está agora aberto sobre o futuro do movimento.