“O objetivo é que a visita se realize ainda este verão, quanto à data específica é uma questão prática que será comunicada logo que estiver estabelecida”, assinalou Augusto Santos Silva no decurso de uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo angolano Manuel Augusto, que hoje iniciou uma visita oficial de três dias a Portugal.
“Antes do chefe de Estado de Angola e do chefe do governo português partirem para a Assembleia geral das Nações Unidas no próximo mês de setembro, certamente que será realizada a visita do primeiro-ministro de Portugal a Angola”, precisou o ministro português.
O apoio de Angola às candidaturas apresentadas por Portugal em diversos organismos internacionais, incluindo a recente designação de António Vitorino para diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM), foi sublinhado logo de início pelo chefe da diplomacia portuguesa, que também se congratulou com o “relacionamento bilateral intenso” entre Lisboa e Luanda.
“O programa estratégico de cooperação que está a ser preparado e está praticamente concluída a sua negociação do ponto de vista técnico, e antevimos que poderá ser assinado na próxima visita do primeiro-ministro de Portugal a Angola. Decidimos implementar a comissão bilateral permanente, prevendo para 2019 a primeira reunião entre os dois países”, revelou.
A importância da “componente económica” da anunciada visita de António Costa também foi assinalada por Augusto Santos Silva, que recordou o relacionamento “muito intenso” entre os dois países, a intensificação das trocas comerciais em 2017, e o lugar de Angola como segundo parceiro comercial de Portugal fora da União Europeia.
O chefe da diplomacia de Luanda também confirmou que a data da visita do primeiro-ministro português a Angola será anunciada para breve, “talvez amanhã [terça-feira]”, e enfatizou o “lugar próprio” de Portugal na relação com Angola, “tal como Angola tem na relação com Portugal”.
Para além das conversações bilaterais que hoje manteve com o seu homólogo em Lisboa, Manuel Augusto reuniu-se previamente com António Costa e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e na terça-feira participa no Fórum EuroÁfrica.
A vertente económica foi um dos aspetos sublinhados na intervenção de Manuel Augusto, num momento em que Angola iniciou uma nova abordagem no campo da diplomacia económica, como sugeriu.
“A abertura de Angola ao resto do mundo não é consequência de qualquer irritante com Portugal, Angola sempre foi um país aberto, virado para o mundo. Talvez estejamos a estejamos a assistir a um novo estilo de fazer política, um novo estilo de reforçar as relações”, frisou.
“O senhor Presidente João Lourenço estabeleceu prioridades, e uma das prioridades é a recuperação da credibilidade do país no mercado internacional, não temos intenção de escamotear as nossas dificuldades”.
Assim, a “prioridade para África”, e a “cooperação económica com bases de sustentação da nossa estratégia de relações internacionais” foram os vetores prioritários definidos pelo chefe da diplomacia de Luanda, e para além da relação “excelente” com Portugal e que pode melhorar.
As perspetivas da cimeira da CPLP, que se realiza na próxima semana em Cabo Verde, e em particular a atenção que deve ser dada à proposta luso-cabo-verdiana sobre a mobilidade, e uma eventual cimeira bilateral Portugal-Angola, em “trabalhos de calendarização” foram também assinalados pelo responsável angolano.
Os salários em atraso a trabalhadores portugueses em Angola por “dificuldades resultantes da crise económica” foi outra questão abordada, um problema com perspetivas de resolução, segundo Manuel Augusto, que também forneceu uma informação recente sobre o processo judicial que envolveu o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente.
“Angola acabou de receber o processo enviado pelo Tribunal da Relação. Já recebemos o processo físico, para além do processo digital”, referiu.
Na semana passada, o Presidente angolano, João Lourenço, tinha já afirmado que a visita oficial de António Costa a Luanda aconteceria ainda este ano, e não estava dependente do processo que envolve Manuel Vicente.
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