Asif Ali Zardari obteve 411 votos contra 181 a favor do candidato apoiado pela oposição, numa votação do colégio eleitoral, composto por deputados das duas câmaras do parlamento e das quatro assembleias provinciais.
O copresidente do Partido Popular do Paquistão (PPP) regressa à Presidência do País depois de vencer com uma diferença de votos muito ampla as eleições indiretas no seguimento das polémicas eleições gerais do mês passado.
Ali Zardari torna-se no principal representante do terceiro partido com mais votos nas últimas eleições e o principal parceiro governamental da Liga Muçulmana do Paquistão, do primeiro-ministro, Shehbaz Sharif.
O novo chefe de Estado paquistanês – posição entendida como uma figura de conciliação nacional — ficou à frente da candidatura de ahmud Jan Achakzai, fundador e presidente do partido regional baluchi PMAP, apoiado pelo Movimento pela Justiça do Paquistão, o principal partido da oposição do país, e que obteve 181 votos, de acordo com a contagem oficial.
Ali Zardari, viúvo da ex-primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto, torna-se no primeiro civil a conquistar um segundo mandato como Presidente depois do que completou em 2013. A sua eleição, defendeu o primeiro-ministro Sharif, “representa a continuidade dos valores democráticos”.
Por outro lado, o líder da oposição, Gohar Ali Jan, criticou a eleição como um ato “inconstitucional” enquanto o seu partido, na realidade o mais votado nas eleições gerais, embora marginalizado nas negociações da coligação, continua a contestar o que considera uma fraude no processo eleitoral.
Ali Zardari é uma das figuras políticas mais controversas do país. Foi acusado de vários crimes, incluindo corrupção, extorsão e homicídio, passou mais de dez anos na prisão e foi rotulado de “Dom Dez Por Cento”, a suposta parte que recebia em negócios durante o mandato de sua mulher como primeira-ministra.
Apesar de sua reputação, Zardari liderou o seu partido e ganhou popularidade após a mulher ter sido morta num ataque à bomba e em 2007.
Após o assassínio da mulher, Ali Zardari foi incentivado para se tornar Presidente pela primeira vez em 2008. Durante os seus cinco anos no cargo, superou com sucesso numerosos desafios, incluindo ameaças dos terroristas Taliban, acusações de corrupção e ameaças dos militares de um golpe de Estado.
As tensões com o Exército Paquistanês, dominantes no país, marcaram boa parte do seu mandato, especialmente após a operação das forças especiais dos Estados Unidos para matar o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, no Paquistão em 2011.
No entanto, Zardari conseguiu completar o seu mandato num momento de transição para o cargo presidencial que aos poucos foi perdendo o poder em benefício do primeiro-ministro, embora ainda goze de algum peso em certos assuntos de Estado.
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