Na primeira visita desde 2017, Xi vai reunir com o secretário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, o Presidente, Vo Van Thuong, e o primeiro-ministro, Pham Minh Chinh, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vietname.
“Isto reflete as preocupações de Pequim suscitadas pela aproximação de Hanói ao Ocidente”, disse Nguyen Khac Giang, do Instituto ISEAS-Yusof Ishak, em Singapura. “Pequim receia que o Vietname se junte a uma aliança contra a China”, explicou.
A parceria estratégica abrangente, a mais alta designação oficial para uma relação diplomática, entre Pequim e Hanói, foi estabelecida há 15 anos.
O Vietname tem um papel estratégico cada vez mais importante na segurança e na economia do Sudeste Asiático.
Em termos ideológicos, o Vietname é próximo de Pequim. É governado por um partido comunista com fortes laços com a China. No entanto, nos últimos anos, o Vietname tem vindo a estreitar as relações com países ocidentais.
Em setembro, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou o Vietname, para assinalar a elevação da relação com os EUA ao mesmo estatuto diplomático que a China.
Biden afirmou que os laços mais fortes não se destinam a contrariar a China, embora a diplomacia dos EUA na Ásia e no Pacífico se tenha concentrado em melhorar o relacionamento na área da defesa com os países precisamente com esse intuito.
Em novembro, Japão e Vietname reforçaram as relações económicas e de segurança, citando um “Indo-Pacífico livre e aberto”. Também o Japão passou a ter o mesmo estatuto diplomático que a China e os EUA.
O Japão tem vindo a desenvolver rapidamente laços mais estreitos com o Vietname, sendo o terceiro maior investidor estrangeiro.
De acordo com especialistas, o Vietname está a precaver-se contra o grande vizinho e reivindicações territoriais.
“Podemos ver que são flexíveis e que estão a encontrar um equilíbrio entre as grandes potências”, disse Nguyen Thanh Trung, professor de estudos vietnamitas na Universidade Fulbright do Vietname.
O Vietname é um dos vários países que contesta as reivindicações da China no disputado mar do Sul da China, especialmente em dois arquipélagos, as Ilhas Spratlys e as Ilhas Paracel. No passado, o Vietname enfrentou a guarda costeira da China nas águas disputadas.
Em outubro, Xi disse ao Presidente vietnamita que, face a “paisagens internacionais em mudança”, as duas nações deviam manter-se fiéis ao progresso da “tradicional amizade”.
É provável que o Vietname assine alguns acordos de infraestruturas com Pequim, uma vez que tem prestado muita atenção ao desenvolvimento da linha ferroviária de alta velocidade construída pela China no Laos.
“O primeiro-ministro vietnamita quer concentrar-se em mais infraestruturas” por considerar “que é fundamental para o crescimento económico”, explicou Nguyen.
A China tem sido o maior parceiro comercial do Vietname há vários anos, com um volume de negócios bilateral de 175,6 mil milhões de dólares, em 2022, e um excedente comercial favorável a Pequim.
A China investiu mais de 26 mil milhões de dólares no Vietname (163 mil milhões de euros), com mais de quatro mil projetos ativos, de acordo com dados oficiais.
A visita de Xi ao Vietname em 2017 foi para participar numa cimeira económica na cidade costeira de Danang.
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