“Sinto-me muito honrado por ter sido proposto pelo Governo e pelo Presidente da República de TL para o cargo de secretário-executivo”, afirmou Zacarias da Costa, numa curta declaração à Lusa, a partir de Nova Iorque, onde está neste momento.

“Mas, não queria, neste momento, fazer mais comentários, até porque sendo apenas da competência dos chefes de Estado e de Governo a nomeação do secretário-executivo nos termos dos estatutos da organização, importa aguardar com paciência que os procedimentos internos tenham lugar”, frisou.

O ex-chefe da diplomacia timorense reagia assim depois da embaixadora de Timor-Leste em Lisboa, Isabel Amaral Guterres, ter confirmado à Lusa que Zacarias da Costa foi proposto para o cargo.

“Já temos um nome. O senhor ministro Dionísio Babo [MNE de Timor-Leste] já escreveu uma carta aos seus homólogos [da CPLP], e o nome proposto foi o do doutor Zacarias Albano da Costa, que foi também ministro dos Negócios Estrangeiros" de Timor-Leste, afirmou Isabel Guterres.

Timor-Leste é o país que tem agora o direito de propor o nome do futuro secretário-executivo da CPLP, a seguir a Portugal.

A diplomata sublinhou que o nome terá de ser aprovado na cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, a realizar em Luanda em julho de 2021, e só a partir daí o antigo MNE timorense poderá tomar posse.

Até lá, mantém-se no cargo o embaixador Francisco Ribeiro Telles, confirmou Eurico Monteiro, o embaixador de Cabo Verde em Portugal, representante do país que tem neste momento a presidência rotativa da CPLP.

O diplomata português e atual secretário-executivo da organização, que terminaria o mandato em dezembro de 2020, "já aceitou" manter-se em funções até à cimeira de Chefes de Estado e de Governo, que devia realizar-se, como habitualmente, em julho deste ano, mas que a pedido de Angola, o país anfitrião, foi adiada para julho de 2021, disse o embaixador cabo-verdiano Eurico Monteiro.

Os diplomatas falaram à Lusa após a reunião do Comité de Concertação Permanente da CPLP - que reúne os representantes dos Estados-membros -, a primeira realizada presencialmente desde o início da pandemia da covid-19.

Com 56 anos, Zacarias da Costa é licenciado em Humanísticas pela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, onde chegou a ser presidente da Associação Académica entre 1988 e 1991.

Com a invasão indonésia, abandonou Timor-Leste e refugiou-se em Portugal, país onde completou os estudos secundários e universitários, tendo iniciado então a atividade política.

Durante vários anos foi representante da Resistência Timorense na UE, com base em Bruxelas, tendo representado o seu país em vários fóruns internacionais, incluindo assembleias-gerais da ONU.

Em junho de 2007 foi eleito deputado para o Parlamento Nacional de Timor-Leste, onde era presidente do grupo parlamentar do Partido Social Democrata (PSD). Em agosto do mesmo ano, foi empossado como ministro dos Negócios Estrangeiros do IV Governo Constitucional, cargo que deixou em agosto de 2012.

A CPLP integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.