Antes de irmos às especificações deste torneio, onde Portugal já somou uma medalha de bronze (2016, em Lisboa), vamos conhecer alguns dos jogadores, perceber quem é a equipa técnica, entre outros pormenores dos sub-18 portugueses!

A hora dos veteranos dos sub-18 tomarem a batuta

Em 2019, são quatro os nomes que têm o estatuto de "veteranos" uma vez que estarão pela segunda vez em provas oficiais do escalão e que normalmente serão vistos como os líderes: Francisco Condeço da Silva, José Madeira, Domingos Cabral e Simão Bento.

Este último pode até ser visto como o elemento de "maior valor" pelo facto de ter alinhado no Campeonato da Europa de sub-20, realizado no início deste mês de abril, no qual se sagrou campeão europeu figurando a titular na posição de defesa na final perante a Espanha.

Rápido e com recorte técnico de requinte, Simão Bento é um dos jogadores mais virtuosos da sua geração, conseguindo facilmente transitar de uma estratégia ao pé e de pressão alta ao adversário para o jogo à mão munido de desequilíbrios e pormenores. A par de si, só Domingos Cabral tem este poder técnico e virtuosismo táctico, faltando-lhe mais capacidade física para conseguir criar algum impacto na linha quando é chamado a trabalhar nesse parâmetro.

José Madeira, que se sagrou campeão nacional pelo CF “Os Belenenses” sub-18 nesta temporada, vai “vestir” o papel de líder da avançada, muito pelo espírito de sacrifício e de trabalho que tem, para além de ser um dos jogadores mais difíceis de parar no contacto curto.

E, para finalizar, falamos de Francisco Condeço da Silva, atleta do CR Évora que alinhou várias vezes a titular nesse escalão. Um atleta que pode jogar tanto como asa ou nº8 (no rugby é uma das posições críticas e fundamentais para que toda a estratégia de controlo de bola, pressão defensiva e apoio às linhas de ataque funcionem bem) com um capricho natural para "partir" placagens e com dotes técnicos de boa qualidade. É, talvez, dos jogadores mais interessantes da sua geração.

Domingos Cabral
Domingos Cabral créditos: Luís Cabelo

Destes quatro jogadores, conversámos com Simão Bento que, perguntado sobre o que pode trazer ao grupo depois da experiência nos sub-20, disse que esta o fez "crescer um bocado",  tendo perdido "um pouco daquele 'medo' que no início temos a jogar por Portugal", podendo trazer "calma e um pouco mais de experiência".

Já relativamente às expectativas quanto ao Campeonato da Europa sub-18, Simão Bento admitiu que não vai ser "nada fácil", lembrando que "vai ser o primeiro torneio para muitos e ainda não estamos tão habituados a estar todos juntos, num ambiente difícil de alta competição". Prevendo vir a jogar com a Espanha, o atleta alertou que o percurso da equipa só terá seguimento se ganhar à Bélgica, pelo que será necessário "dar tudo desde o início". Ainda assim, o jovem disse estar "confiante" em que este seja  "um bom torneio" e que o seu grupo faça "uma boa campanha".

Entre as corridas de Correia e o "bulldozing" de Castro

A acompanhar estes quatro repetentes dos sub-18 liderados por Rui Carvoeira (com apoio do treinador da Selecção Nacional, Nuno Damasceno) vêm uma série de outros nomes mais "desconhecidos" mas com méritos a ressalvar:

- Vasco Correia (GDS Cascais): com um virtuosismo que espantou o Junior Lisbon 7’s (torneio internacional anual organizado pela Sports Ventures) em 2018, o ponta/defesa/centro do Cascais vai ser uma dor de cabeça no jogo ao largo, graças à passada, velocidade e poder de arranque que detém, fazendo bom uso dos "skills"que tem nas mãos;

- Rafael Castro (CR Técnico): duríssimo como se pede que seja um pilar, mas altamente móvel ao estilo das mudanças "físicas" que o rugby contemporâneo pede, Rafael Castro vai ter de assumir um papel de “bulldozer” na formação-ordenada;

Como tem sido hábito, só cinco nomes são de 2002, ou seja, de 1º ano de sub-18, sendo eles: Vasco Félix (CDUL), António Prim da Costa (GD Direito), Nuno Peixoto (GD Direito), António Campos (Académica de Coimbra) e Pierre Fernandes (ASM Clermont). Serão estes cinco que em 2020 terão de guiar a selecção de sub-18 para outro Campeonato da Europa, tendo agora uma oportunidade de se afirmar no contexto de seleções.

Portugal-Espanha
créditos: Luís Cabelo

Staff técnico com honras e... muita experiência

A equipa técnica é liderada por Rui Carvoeira, selecionador nacional deste escalão há vários anos, com apoio de Nuno Damasceno (membro integrante da equipa técnica A, tendo sido o responsável pelo trabalho nos avançados), João Mirra (o treinador dos séniores do CF “Os Belenenses” tem se envolvido neste escalão desde 2018), para além de José Paixão no que toca à vídeo-análise.

Numa equipa em que o peso nos avançados não será um factor decisivo, a estratégia de jogo estará muito em redor das movimentações rápidas a partir de dois ou três jogadores e da exposição de linhas do adversário em momentos curtos, mas críticos que Portugal terá de aproveitar. Jogo fluído, dinâmico e de risco, que necessita de um envolvimento não só físico, mas mental dos jogadores, para não permitir a quebra das ligações ou dinamismos criados.

Debaixo da liderança de Rui Carvoeira, Portugal já conquistou uma medalha de bronze em 2016, acabou como a terceira melhor seleção europeia em 2017, para além de ter estado na história como treinador da equipa que derrotou a Escócia neste escalão em sub-18, num marco que criou uma cisão entre Rugby Europe e Home Nations.

Quem são os adversários, a que horas se joga e como ver

No que toca aos adversários, Portugal tem logo nos quartos-de-final um desafio interessante ante a Bélgica, que depois de um 2018 menos positivo, procura encontrar novos caminhos em 2019. Uma seleção demasiado física para a idade, com poucas rotinas de jogo e sem o equilíbrio entre sectores necessário para chegar a outro patamar. Contudo, são um grupo lutador, combativo e que raramente desiste de incomodar nas fases espontâneas ou de tentar ter a primazia de jogo nas fases estáticas.

Será, por isso, um confronto de velocidade, técnica e placagem constante versus um bloco de “peso”, intenso e que procura mais destruir o jogo do adversário do que propriamente construir.

O primeiro encontro de Portugal está agendado para dia 14 de Abril às 14h25 e poderão assistir a todos os encontros pela Rugby Europe TV. Em caso de vitória, Portugal segue para as meias-finais de apuramento de campeão, onde esperará (ao que tudo indica) a Espanha, que em 2018 derrotou os lusos na decisão pelo 3º e 4º lugares.

Os sub-18 têm sido o início para o actual sucesso da formação portuguesa no contexto europeu e mundial, com vários nomes conhecidos dos actuais Lobos a terem passado inicialmente por esta fase, como Nuno Mascarenhas, Manuel Picão, Manuel Cardoso Pinto, Jorge Abecassis, Rodrigo e Manuel Marta, João Granate, etc.

É nos sub-18 que os jogadores começam a perceber e aceitar as exigências físicas, técnicas e mentais de um jogador de seleção, para além da necessidade de representarem-se como um exemplo da modalidade em Portugal e de terem de almejar outro estatuto no rugby português.

O Campeonato da Europa de sub-18, onde vão estar Alemanha, Bélgica, Espanha, Geórgia, Rússia, Roménia, Portugal e Holanda, importa ver, seguir e sentir para perceber onde estão as novas “pedras” da fundação do rugby português. Domingo, dia 14 de Abril às 14h25 (GMT) na Rugby Europe TV, sendo que em caso de vitória ou derrota Portugal joga nos dias 17 e 21 de Abril (horas a definir).

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