Nuno Lobo é, oficialmente, candidato a presidente da Direção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), cujas eleições deverão ocorrer no início de 2025.

Na apresentação da candidatura falou de uma crise no futebol nacional, prometeu apoio de 20 milhões e uma revolução nos quadros competitivos, dos distritais até à I Liga e a criação de uma sucursal da Cidade de Futebol a norte.

Líder da Associação de Futebol de Lisboa (AFL) nos últimos 12 anos, Lobo é, desta forma, o primeiro rosto a apresentar-se para suceder a Fernando Gomes, dirigente a quem deixou bastantes elogios no discurso de apresentação, ao contrário das críticas expressas contra “alguém que se diz por aí que é candidato à Federação”, em referência a Pedro Proença, presidente da Liga Portugal.

Advogado e dirigente desportivo na AFL, Nuno Lobo considera que o cargo à qual se candidata e que “ambiciona” será sempre sua “cadeira de sonho”, um lugar “distinto para qualquer dirigente do futebol português”, salienta.

Numa indireta a Pedro Proença, recusa fazer “deste lugar um trampolim para organizações internacionais ou meramente instrumental para o ego de quem não pensa no futebol português, mas apenas no seu umbigo”, disse na apresentação feita num hotel no Marquês de Pombal, em Lisboa, reservada a jornalistas.

“Compromisso” foi uma palavra amplamente repetida pelo agora candidato que assume publicamente que irá cumprir o seu mandato até ao fim, numa referência, mais uma vez, a Pedro Proença, cujo mandato na Liga Portugal só termina em 2027.

Os três eixos: Uma Cidade do Futebol no Norte e 20 milhões de apoios

Nuno Lobo revelou “três eixos basilares” em que assentará o programa que deverá apresentar. “Esgotada que está a Cidade do Futebol, em Lisboa”, propõem “a construção de uma delegação e de uma Cidade do Futebol descentralizada no norte do país”, num eixo “entre Porto e Braga” e que poderá albergar as “seleções nacionais, futebol feminino ou futsal”, exemplificou.

Paralelamente, pretende apoiar a “profissionalização dos 29 sócios ordinários da FPF”, medida orçada em cinco milhões de euros e ainda a “criação de um fundo de emergência ao futebol profissional e não profissional, de 15 milhões, com o intuito de reforçar a competitividade dos clubes e das SAD’s (Sociedades Anónimas Desportivas)”. 20 milhões de euros distribuídos obedecendo a uma fórmula que “apresentarei no tempo certo”, acrescentou.

Mais preocupado com o futuro do que viver sob os louros dos feitos passados, Nuno Lobo recordou que o futebol português anda “a duas velocidades”, separando o que vive debaixo da alçada da FPF e a da Liga Portugal.

Para o líder da AFL e candidato à Federação Portuguesa de Futebol, o futebol tutelado pela FPF é pujante” e as seleções são “respeitadas e temidas no

futebol masculino, no futsal masculino e feminino, no futebol de praia e com o futebol feminino em crescimento e desenvolvimento”.

No entanto, no reverso da medalha, no futebol profissional, “perdemos competitividade a nível europeu, as sociedades desportivas estão descapitalizadas, com grandes dificuldades, dívidas recorrentes ao Estado, a atletas e a fornecedores, e os seus dirigentes estão no fio da navalha e entregues à sorte”, acrescentou.

“A II Liga é completamente inviável financeiramente e a 1.ª Liga não distribui verbas que são dos clubes, gastando-as de forma incompreensível e irresponsável”, criticou.

Deseja a reestruturação dos “quadros competitivos da base ao topo”, isto é, uma revolução que abarca da “última distrital” até à principal competição do futebol português, caminho a ser feito após um “debate sério e uma discussão publica nacional”, salientou.

Alterações que deverão passar, no caso dos jogos da Taça de Portugal, em permitir que os clubes mais pequenos, distritais e nacional, possam receber os “grandes” em sua casa.

Caso seja eleito, “enquanto Presidente da Federação não me demitirei de intervir, quando necessário, no futebol profissional”, prometeu.

Dado o pontapé de saída, garantiu que “a partir de agora e até ao dia das eleições”, irá percorrer “todos os campos do país”, falar “com todos, novos contributos e novas soluções” e “debater com todos os 29 sócios ordinários da FPF e os 84 delegados”, assegurou.

A abstenção de Fernando Gomes, o encontro com Figo e Martínez para manter

Direcionando elogios para Fernando Gomes, “o melhor presidente de todos os tempos”, acredita que o responsável máximo federativo não irá tomar “partido nas eleições” e deverá, sim, querer sair da FPF “como um líder histórico, ímpar”.

Apoios é sempre um tema que mediaticamente cativa atenções. Em resposta aos jornalistas, garante ter apoios “não só de clubes, mas também de delegados de associações de classes e associações regionais”, disse. “Para me candidatar tenho de ter o apoio que me permita ser candidato, ter as subscrições mínimas. Nunca concorri a nada para cumprir calendário. Vou para ganhar, não tenho dúvidas disso”, reforçou.

Questionado sobre um encontro em que foi visto ao lado de Luís Figo, foi evasivo se seria uma manifestação de apoio do ex-internacional português. “Um candidato não pode deixar de não escutar o grande capitão. Luís Figo será sempre parte da federação comigo”, atestou.

Defendendo que o setor da arbitragem deverá ficar dentro da federação, pronunciou-se ainda em relação a Roberto Martínez e garante que não pensa em substituir ao atual selecionador nacional. “Tem contrato e eu assumo os meus compromissos. Sempre assumi tudo o que prometo e que tenho em cima da mesa. Não está sequer em discussão. É o meu selecionador”, finalizou Nuno Lobo.