Segundo o relatório a que a Lusa teve hoje acesso, a equipa de arbitragem, liderada por João Bento, foi alertada pelos delegados da Liga de clubes de que "o produto que estava a ser colocado [para efetuar a marcação das linhas] estava dentro de uma embalagem plástica contendo a informação cal viva em pó, substância proibida para marcação do terreno de jogo".
Esta utilização de “um novo produto”, explicou o árbitro no relatório, aconteceu depois de várias remarcações sem sucesso que fizeram alterar o horário do jogo e de um novo acordo entre todos os elementos no sentido de "marcar novamente o terreno de jogo", uma vez que "a intenção de todos seria a realização da partida, a qual ficou remarcada para as 21:30, hora local".
"De referir ainda que a maior parte das linhas estavam irregulares, visto que as suas dimensões não tinham as medidas exigidas pela lei", pode ainda ler-se no documento a que a agência Lusa teve acesso.
"Perante estes novos factos", ficou decidido na reunião entre todas as partes que não haveria jogo à hora reagendada e que o mesmo se iria realizar no dia seguinte, às 16:30, hora locais, como aconteceu, e que terminaria com a vitória do Santa Clara por 2-1.
O Paços de Ferreira disputou o jogo sob protesto, uma intenção confirmada na segunda-feira pelo presidente à chegada da comitiva dos Açores, não concordando com a versão avançada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, para quem "as condições climatéricas foram a verdadeira causa para que as linhas não estivessem suficientemente visíveis".
"Se os responsáveis tiverem a coragem política de assumir as suas responsabilidades e percebermos que o regulamento não é para ficar na gaveta e sim para ser aplicado, não tenho dúvidas nenhumas que, lendo textualmente o que diz, esta situação implica, para além das multas, uma penalização clara. E isso tem que ver com uma derrota da equipa responsável pela organização do jogo", referiu Paulo Meneses.
O presidente do Paços de Ferreira frisou que o material alternativo a utilizar nas marcações era “ilegal e perigoso”.
“Apesar da boa vontade, chegámos a conclusão de que o material a aplicar [nas marcações] nem sequer era alternativo, e, além de não regulamentar e ilegal, é perigoso para a integridade física dos jogadores. Pior ainda foi a tentativa de camuflar a situação com recurso a uma mentira, dizendo que era uma cal morta, que terão conseguido colocar num saco inviolado que dizia cal viva. Tudo isto é muito claro", acusou.
No sábado, Rui Cordeiro, presidente do Santa Clara, desmentiu a “aplicação de cal viva” no relvado, referindo que o produto utilizado era “pó de pedra”.
O Paços vai também formalizar uma participação disciplinar por "coisas que se passaram no final do jogo na sequência de declarações prestadas pelo Pedrinho" na zona de entrevistas rápidas.
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