Num espetáculo de pouco mais de duas horas, os japoneses esmeraram-se por deixar uma imagem do brilho que os Jogos Olímpicos poderiam ter alcançado, não fosse a pandemia da covid-19 tudo ter alterado e condicionado, destacando-se a ausência do entusiasmo e colorido do público nos eventos.
Sempre aludindo ao lema ‘mais fortes, juntos’, Tóquio2020 despediu-se como um símbolo de esperança nos Jogos mais invulgares da história, resistindo às ameaças dos malefícios do vírus, num evento até hoje só travado por três guerras mundiais, que impediram as edições de 1916, 1940, e 1944.
Pedro Pichardo, campeão olímpico do triplo salto, o quinto ouro da história de Portugal em mais de um século de Jogos, foi o porta-estandarte luso na cerimónia no estádio olímpico.
A ciclista Maria Martins, os marchadores João Vieira e Ana Cabecinha, os canoístas Emanuel Silva, João Ribeiro, Messias Baptista e David Varela e as maratonistas Carla Salomé Rocha, Sara Catarina Ribeiro e Sara Moreira completaram o pequeno grupo luso ainda em Tóquio.
As restrições impostas face à pandemia, nomeadamente quanto à redução do tempo de permanência na Aldeia Olímpica, retiraram diversidade à Cerimónia de Encerramento, com a ausência de desportistas de 62 das 206 nações participantes.
Dos países lusófonos, além de Portugal, tiveram, pelo menos, porta-estandarte Brasil (a ginasta Rebeca Andrade), Cabo Verde (o pugilista David Pina) e a Guiné-Bissau (o lutador Augusto Midana), enquanto Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste não estiveram representados.
Para dar aos atletas uma ideia da vida real na capital nipónica, houve um segmento de música, dança e atividades desportivas num parque imaginário, na tentativa de lhes dar uma imagem do que poderiam ter encontrado se tivessem podido explorar Tóquio.
A cerimónia contou com hinos, vídeos das melhores memórias, consagrou os vencedores das maratonas e a descida da bandeira olímpica e a subida da de França, que vai organizar, daqui a três anos, a próxima edição.
Em vez de uma atuação gaulesa no palco nipónico, houve um vídeo em direto com Paris, no qual foi possível ver alguns dos competidores medalhados em Tóquio2020 em momento festivo, que contou, inclusivamente, com um show de aviões, e uma pequena exibição de break dance, que fará a estreia no programa olímpico.
“Mais alto. Mais rápido. Mais forte. Juntos”, foi a mensagem repetida, agora, pelo presidente gaulês, Emmanuel Mácron.
Nos últimos momentos de Tóquio2020, Seiko Hashimoto, a presidente do comité organizador, expressou a sua “gratidão” ao povo japonês e à resiliência e entusiasmo dos atletas, que protagonizaram um exemplo da unidade da humanidade”.
“Juntos, com orgulho, confiança e respeito, organizámos uns Jogos Olímpicos em temos difíceis. Mostrámos que o desporto pode mudar o mundo. E que a esperança acesa em Tóquio2020 nunca será apagada”, completou.
O presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, agradeceu aos atletas a “excelência, alegria, lágrimas e magia” que espalharam nos Jogos, nos quais “o sorriso dos milhares de voluntários aqueceu todos os corações”.
“Tóquio2020 é sinónimo de esperança, solidariedade e paz. Viu-se o poder unificador do desporto. Foi ainda mais memorável devido às dificuldades. Deram ao mundo o presente mais poderoso: esperança. Fé no futuro. Fizemo-lo. Juntos!”, congratulou-se.
A missão portuguesa, de 92 desportistas, saiu de Tóquio2020 com quatro medalhas, o ouro de Pichardo, no triplo salto, a prata de Patrícia Mamona, na mesma especialidade, e o bronze do judoca Jorge Fonseca e do canoísta Fernando Pimenta.
* Por Rui Barbosa Batista, enviado da agência Lusa
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