“Após uma cuidada ponderação e conversações com o clube, sinto que a altura certa para sair é no final da época”, diz Arsène Wenger num comunicado publicado no site do Arsenal.

O técnico dos Gunners, há 22 anos à frente do clube, agradece à equipa, aos jogadores, aos diretores e aos fãs que, diz, "tornam este clube tão especial".

Na mesma nota, Wenger diz estar "grato por ter tido o privilégio de servir o clube por tantos anos memoráveis". "Treinei o Arsesal com total integridade e empenho", acrescenta.

O histórico treinador pede ainda aos adeptos "para continuarem atrás da equipa" para que terminem "em grande".

Wenger termina a nota de despedida dizendo: "a todos os que amam Arsenal, tomem conta dos valores do clube. O meu amor e apoio para sempre".

Em nota também publicada no site do Arsenal, o acionista maioritário Stan Kroenke diz tratar-se hoje de "um dos dias mais difíceis" da sua experiência no desporto e elogia a "incomparável classe" do treinador.

Antes de chegar ao Arsenal, Wenger passou pelos franceses do Nancy e do Mónaco e pelos japoneses do Nagoya Grampus.

Ao serviço do Arsenal, Wenger venceu 7 Taças de Inglaterra, 7 Supertaças inglesas e ainda 3 campeonatos. Um destes campeonatos ficou para a história, uma vez que foi conseguido sem derrotas ao longo das 34 jornadas (26 vitórias e 12 empates), numa equipa que ficou conhecida como "The Invicibles" e onde pontificavam nomes como Thierry Henry, Robert Pires, Patrick Vieira ou Dennis Bergkamp.

O técnico francês levou também os Gunners à final de duas competições europeias: a Taça UEFA (agora Liga Europa), perdida para o Galatasaray no desempate através de grandes penalidades (0-0 no final do prolongamento e tempo regulamentar) na época 1999/2000 e aquela que, provavelmente, pode ser considerada derrota mais dolorosa da sua carreira, frente ao Barcelona, na Liga dos Campeões (2-1), na época 2005/2006.

Neste momento, o Arsenal é sexto classificado da Liga inglesa, já foi eliminado da Taça de Inglaterra e perdeu a final da Taça da Liga, único troféu que Wenger não venceu, mas está nas meias-finais da Liga Europa, nas quais vai defrontar o Atlético de Madrid.

Sem vencer a Premier League desde 2003/2004, os últimos anos de Arsène Wenger ao serviço do Arsenal foram marcados por muitos rumores acerca da sua saída. Recentemente, Thierry Henry, um dos seus ex-pupilos e glória dos Gunners (com direito a estátua e tudo) disse que não diria que não à possibilidade de vir a substituir Wenger.

A sua substituição foi sendo tão equacionada nos últimos anos que a reputada revista FourFourTwo chegou até a fazer uma lista, em fevereiro passado, onde constavam os nomes de 9 técnicos que poderiam "legitimamente substituir Wenger": Massimiliano Allegri (Juventus), Carlo Ancelotti (atualmente sem clube), Diego Simeone (Atlético Madrid), Joachim Low (selecionador da Alemanha), Thomas Tuchel (atualmente sem clube e um dos nomes mais veiculados na imprensa nos últimos meses), Julian Nagelsmann (Hoffenheim), Patrick Vieira (New York City FC), Eddie Howe (Bournemouth) e, claro, o já mencionado Thierry Henry.

Um dos principais rivais do francês durante parte do reinado de Wenger à frente do Arsenal foi José Mourinho. O português aterrou em Londres para assinar pelo Chelsea no final da época 2003/2004 (em que o Arsenal venceu a Premier League sem derrotas) depois de vencer a Liga dos Campeões ao serviço do FC Porto e a verdade é que, desde essa altura, os Gunners não mais voltaram a vencer. Ao longo dos anos seguintes, foram conhecidas as picardias entre os dois com José Mourinho quase sempre a levar a melhor. Algo comprovado pela estatística, de resto: nos 18 jogos em que se defrontaram, 9 vitórias para o português, 7 empates e apenas duas para o francês.