A preparação lusa para estes campeonatos, que se disputam em Eugene, Oregon, de 15 a 24 deste mês, tem sido meticulosa e grande parte da seleção esteve em estágio na Califórnia, já a preparar a sempre complicada diferença horária.
Neste caso, serão oito horas que os 23 atletas lusos terão de ‘anular’ para fazer boa figura na ‘festa’ que os Estados Unidos vão fazer, no seu carismático local de seleções, a pista da Universidade de Oregon, na estreia como país anfitrião.
O número de portugueses supera os que estiveram em Doha, há três anos, mas está distante dos 30 que competiram em Atenas97, no auge de atletas como Fernanda Ribeiro, Manuela Machado e Carla Sacramento.
Agora, o quadro é totalmente diverso, apesar de se falar em medalhas prováveis, tal como nesses ‘anos de ouro’ do atletismo luso.
O meio-fundo praticamente desapareceu e pela primeira vez a comitiva não integra um único maratonista.
Aquela que ainda é a especialidade com mais presenças de portugueses, 52, até teve mínimos feitos, por Solange Jesus, mas a atleta decidiu optar pelos campeonatos da Europa, que também se realizam este ano, num calendário internacional ainda em acertos da paragem forçada pela pandemia de covid-19.
Agora, a marcha é o setor mais representado, sem que se espere a repetição do brilharete de João Vieira em Doha2019, vice-campeão dos 50 km marcha, ou que Inês Henriques volte ao fulgor que a levou a ser a última campeã portuguesa – foi dela o ouro dos 50 km marcha em Londres2017.
João Vieira, o único medalhado em Doha2019, vai tornar-se no atleta português com mais presenças na competição (12) na estreia dos 35 km em Mundiais, a que vai juntamente com Rui Coelho, enquanto Inês Henriques vai ter a companhia de Sandra Silva e Vitória Oliveira nesta distância. A recordista nacional Ana Cabecinha e Carolina Costa são, com Inês, as outras participantes nos 20 quilómetros marcha.
Pelo que fizeram nos Jogos Olímpicos de Tóquio e já este ano nos Mundiais ‘indoor’ de Belgrado, Pedro Pichado e Auriol Dongmo são, de facto, os grandes destaques entre os portugueses.
Pichardo é campeão olímpico e vencedor da Liga Diamante no ano passado, ocupando a liderança do ‘ranking’ do triplo, entre outros feitos.
Pela frente terá o campeão em título, o norte-americano Christian Taylor, muito enfraquecido ainda, depois de fratura no ano passado, e sabe que não conta com a oposição do espanhol de origem cubana Jordan Diaz, que seria o seu principal opositor, mas está em ‘ano de transição’ entre seleções.
Quanto a Dongmo, campeã do mundo em pista coberta, tem o segundo lançamento mais longo do ano e se estiver ao seu melhor aponta para o pódio. Pode contar com a oposição forte das norte-americanas e das chinesas, que pouco têm competido desde Tóquio.
Em lugares de top-10 Portugal tem ainda Patrícia Mamona (terceira no triplo, visivelmente menos bem do que nos Jogos Olímpicos, onde foi prata) e Liliana Cá (quinta no disco).
São candidatos a finais Tiago Pereira (12.º melhor no triplo), Leandro Ramos (13.º no dardo) e, se continuarem a progredir, Jessica Inchude (22.ª no peso) e Evelise Veiga (24.ª no comprimento).
Cátia Azevedo, 26.ª nos 400 metros, aponta para estar numa das três semifinais.
Espera-se menos, em termos de resultados de topo, da restante delegação, composta por Isaac Nader (1.500 metros), Marta Pen (1.500 metros), Mariana Machado (5.000 metros), Irina Rodrigues (lançamento do disco), Lorene Bazolo (100 e 200 metros) e os ‘regressados’ Vera Barbosa (400 metros barreiras) e Tsanko Arnaudov (lançamento do peso).
Para eles, o objetivo passa por recordes pessoais e superarem classificações anteriores.
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