Na segunda época sob o comando de Rui Vitória, a formação ‘encarnada’ sobreviveu a uma série de lesões e voltou a ser a mais forte, desta vez após uma batalha até à penúltima ronda com o FC Porto, que cedeu 10 igualdades.

O clube da Luz não repetiu os 88 pontos da época passada, mas não perdeu nenhum dos quatro jogos ‘grandes’, sofreu apenas cinco golos na segunda volta, até assegurar o título, e não falhou nos momentos decisivos, tendo terminado com o melhor ataque e a melhor defesa.

Desde que chegou ao primeiro posto, o Benfica só uma vez não fez o suficiente para o manter, quando empatou a zero em Paços de Ferreira, mas, então, à 26.ª jornada, o FC Porto, que vinha de nove vitórias seguidas, falhou (1-1 na receção ao Vitória de Setúbal), exibindo falta de ‘estofo’ de campeão.

Por seu lado, os ‘encarnados’ não mais cederam, empatando quando isso era suficiente, como na receção ao FC Porto e em Alvalade, e vencendo quando era obrigatório, como em Moreira de Cónegos ou Vila do Conde, onde repetiram os sofridos 1-0 de Braga ou Santa Maria da Feira, também na segunda volta.

O ‘maestro’ Pizzi, autor de 10 golos e oito assistências, foi a principal figura dos ‘encarnados’, secundado por Ederson, Luisão, Lindelöf, Nelson Semedo, Fejsa e Mitroglou, decisivo muitas vezes, na ausência de Jonas, que perdeu meia época, mas ainda chegou a tempo de também ser determinante.

A amplitude do plantel, capaz de fazer dois ‘onzes’ muito fortes, foi outro dos motivos que conduziram o Benfica ao ‘tetra’, que o FC Porto chegou a colocar em causa, após grande recuperação, já que chegou à 11.ª ronda a sete pontos do líder.

Os ‘dragões’ colaram-se ao Benfica à 19.ª ronda e, com os golos do reforço de inverno Soares, que ‘apagou’ André Silva, foram ameaçando a liderança, mas nunca a conseguiram alcançar, ‘afundando-se’ numa sucessão de empates.

As queixas foram muitas, e continuam, quase todas dirigidas à arbitragem, mas a verdade é que o FC Porto claudicou quando teve a liderança à mercê, na receção ao Vitória de Setúbal e mesmo na Luz, onde pareceu contentar-se com o empate.

O ‘trinco’ Danilo Pereira foi o mais regular, a par do central Marcano e do guarda-redes Casillas, numa época quase sem erros e defesas determinantes, em momentos ‘chave’.

O FC Porto deu luta ao Benfica, mas não evitou um quarto ano consecutivo sem ganhar, o que não acontecia desde o período entre 1979/80 e 83/84, tendo de contentar-se com o segundo lugar, à frente do Sporting, que já vai em 15 anos de ‘seca’.

Depois de terem lutado até à última ronda com o Benfica na época passada, os ‘leões’ ficaram, desta vez, muito longe, isto tendo sido os primeiros líderes isolados, quando, à terceira ronda, impuseram o único desaire ao FC Porto (2-1).

À quinta ronda, uma derrota por 3-1 em Vila do Conde roubou aos ‘leões’ a liderança, que podiam ter recuperado à 13.ª, na Luz. Perderam com o Benfica e não mais recuperaram, também no aspeto psicológico.

Com duas derrotas nos últimos três jogos, o Sporting acabou por ficar a 12 pontos do Benfica, depois de um percurso marcado pelos 34 golos de Bas Dost, que ainda assustou Lionel Messi na corrida à ‘Bota de Ouro’, e o talento de Gelson Martins.

No quarto posto, com a melhor classificação desde o terceiro posto de 2007/08, ficou o Vitória de Guimarães, muito à custa do excelente percurso fora de portas, coroado com 10 triunfos – oito em casa.

Os golos de Marega, na primeira volta, e a força do coletivo na segunda permitiram ao ‘onze’ de Pedro Martins superar um Sporting de Braga que falhou claramente na aposta em Jorge Simão, ‘roubado’ ao Chaves para substituir José Peseiro.

Os ‘arsenalistas’ afundaram-se na segunda volta e tiveram de contentar-se com o quinto posto, com folga para o sexto, o Marítimo, que capturou o último lugar europeu, muito por culpa da entrada de Daniel Ramos, logo à sexta jornada.

O Rio Ave, também melhor com Luís Castro, ficou perto da Europa, no sétimo posto, um lugar acima do Feirense, a grande sensação da prova, graças ao ‘rookie’ Nuno Manta Santos, chamado a substituir José Mota, primeiro interinamente, mas depois, por força dos resultados, em definitivo.

A formação de Santa Maria da Feira, que nunca lograra a manutenção, em quatro tentativas, ficando uma vez em penúltimo e três em último, subiu até ao oitavo posto, conseguindo, entre outros feitos, empatar no Dragão e bater o Sporting.

Longe da Europa, mas também dos lugares de despromoção, ficaram o Boavista, melhor com Miguel Leal, e o Desportivo de Chaves, que caiu com a saída de Jorge Simão e das três ‘peças chave’ (Battaglia, Assis e Paulinho) que esteve levou.

O Belenenses e o Estoril-Praia, mesmo com três treinadores, o Vitória de Setúbal, sempre com José Couceiro e capaz de roubar cinco pontos ao Benfica e quatro ao FC Porto, e o Paços de Ferreira, mesmo abaixo de anos anteriores, também não passaram por problemas.

Muito tempo junto da ‘linha de água’, o Moreirense, que acabou com Petit, acabou por salvar-se na última ronda, tal como o Tondela, de Pepa, depois de mais um ‘milagre’, com cinco vitórias nos últimos seis jogos – só ganhou mais três.

Pelo contrário, e depois de uma época mais ou menos tranquila, o Arouca caiu surpreendentemente, pagando muito caro a saída de Lito Vidigal, que deixou a equipa no 10.º lugar. Depois, só venceu um de 13 jogos, caindo após quatro épocas na I Liga e um histórico quinto lugar em 2015/16.

Por seu lado, o Nacional perdeu a confiança em Manuel Machado, que depois viria a passar também pelo Arouca, e isso ter-lhe-á sido fatal, com a descida à II Liga, depois de 15 épocas consecutivas entre os ‘grandes’.