Num parecer enviado pela autarquia à Direção-Geral de Energia e Geologia e à Direção Geral de Serviços de Minas e Pedreiras, a que a Lusa teve hoje acesso, "manifesta-se totalmente contra a atribuição dos direitos de prospeção e pesquisa de depósitos de minerais de ouro, prata chumbo, zinco, lítio, tungsténio, estanho e outros ferrosos e minerais metálicos associados", solicitados por uma empresa australiana "relativo a uma área denominada de Cruto, que envolve Braga, Barcelos e Vila Verde".

No documento, assinado pelo vereador do Ambiente, Altino Bessa, a Câmara de Braga "considera que a exploração em causa não vai respeitar os princípios do desenvolvimento sustentável, de modo integrado, nas vertentes económica, social, urbanística, cultural, patrimonial, paisagística e ambiental" que a autarquia deseja.

"Braga atingiu um estatuto de aglomeração urbana, com potencial para se transformar na terceira área metropolitana de Portugal, que não se compadece com a localização da atividade de exploração dos recursos minerais em causa, sob pena de se estar a prejudicar a qualidade de vida dos cidadãos e a capacidade de atração da cidade em termos sociais, empresariais, turísticos, paisagísticos e ambientais", lê-se.

A autarquia defende ainda que "o polígono de prospeção e pesquisa de depósitos minerais não deve localizar-se no concelho de Braga e, muito menos, sobrepor-se a espaços urbanos de dimensão relevante que vão desde o Centro Histórico da Cidade até aos aglomerados com menor densidade que irradiam do centro e configuram uma ocupação urbana dispersa que cobre todo o concelho".

No texto, o vereador reconhece que a exploração daqueles metais é relevante: "Pese embora os recursos geológicos sejam fontes de matérias-primas indispensáveis à manutenção da sociedade e a sua relevância tende a aumentar face às dinâmicas que se anteveem para uma sociedade descarbonizada (...)", explica, defendendo depois que a área em causa não é a ideal.

O polígino de prospeção e pesquisa proposto "sobrepõe-se a áreas muito relevantes de outros recursos naturais, tais como, agrícolas, reserva agrícola nacional, florestais, agroflorestais, hídricos (rio Cávado e rio Torto), reserva ecológica nacional, mas também áreas de proteção patrimonial de património classificado e inventariado e áreas com potencial turístico muito relevante", justifica.

A autarquia explica o não à exploração mineira apontando razões ambientais, como poluição, "intensa utilização de água já escassa para as populações e agricultura", a "desvalorização dos aglomerados urbanos envolvidos, do património classificado".