Devido à pandemia provocada pela covid-19, a FPF decidiu que não vai haver descidas do escalão principal e a realização da Taça Nacional, prova em que os campeões distritais e alguns segundos classificados iriam disputar a subida, é uma incógnita.
Para Catarina Rondão, treinadora e presidente do Grupo Desportivo de Valverde, equipa do concelho do Fundão, campeã em Castelo Branco, esta é a oportunidade ideal para concretizar uma ambição de há muito, a criação de uma II Divisão nacional, que atenue a discrepância para quem passa dos campeonatos distritais para a I Divisão e o contrário.
“Tendo em conta as circunstâncias, esta é a oportunidade de concretizar uma ideia que é consensual entre os clubes. Há tempo para se falar, para se pensar, para aplicar. Nós temos a ambição de chegar à I Divisão, não sabemos o que vai acontecer com a Taça Nacional e, neste momento, está uma época inteira no caixote do lixo. Esta proposta beneficiaria toda a gente”, frisa, em declarações à agência Lusa, a presidente do Valverde, emblema com duas jogadoras internacionais no plantel.
Dos clubes apurados para a Taça Nacional, apenas o Maia não subscreveu o documento. Os restantes emblemas contaram com o apoio das respetivas associações de futebol, através das quais fizeram chegar a proposta à FPF.
Catarina Rondão, ex-jogadora de quem partiu a iniciativa, a que os vários clubes se associaram, explica que as campeãs distritais jogariam a próxima temporada na II Divisão. Ninguém é despromovido do principal escalão e, sem a realização da Taça Nacional, também ninguém sobe. Uma solução em que “ninguém seria prejudicado”.
A proposta tem em vista “tornar a modalidade mais competitiva” e é considerada pela dirigente “fundamental para o desenvolvimento do futsal feminino”, para facilitar a adaptação entre escalões.
Catarina Rondão, que ajudou a sua equipa a vencer todos os jogos do campeonato só com vitórias e goleadas, considera ser “penoso e desmotivante” para as jogadoras passarem da I Divisão para um distrital pouco competitivo.
Por outro lado, acredita que existindo uma prova intermédia para os “campeões crónicos”, as restantes formações de cada distrito se sentiriam mais motivadas para também lá chegarem e acabariam por ser formadas mais atletas.
Paulo Santos, treinador e vice-presidente do Futsal Feijó, há quatro épocas vencedor da Taça, Supertaça e campeonato de Setúbal, só com vitórias, sente as mesmas dificuldades e preconiza a mesma solução.
“Não é uma ambição nossa, é de todo o futsal feminino, para que possa crescer. Ao criar-se uma II Divisão, vão criar-se condições para as equipas crescerem, chegarem mais preparadas à I Divisão, ao mesmo tempo que abre maior espaço para outras equipas evoluírem nos distritais”, acentua, à agência Lusa, o responsável do Futsal Feijó.
O treinador realça ainda estar por cumprir, neste capítulo, a igualdade de género entre o futsal feminino e o masculino.
“Apelo a que se olhe para o futsal feminino. Há muita margem para crescer, haja vontade da federação”, vinca Paulo Santos.
Catarina Rondão observa que tal já acontece tanto no futsal masculino como no futebol feminino e pede maiores oportunidades para o futsal feminino.
“Quando se é vice-campeão da Europa, tem-se essa obrigação, para podermos fazer melhor”, sustenta a treinadora do Valverde.
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