“Estamos praticamente de partida de Paris, teremos a possibilidade, como fizemos em Tóquio, de capitalizar estes resultados, também junto do Governo. Fizemos várias propostas de alteração depois dos Jogos de Tóquio, algumas puderam ser consignadas, outras nem tanto, e saímos daqui com o espírito de poder renovar estes votos, de poder renovar um conjunto de alterações que, no nosso entender e face à nossa experiência, podem fazer sentido para preparar os próximos Jogos”, indicou.
O chefe da Missão portuguesa a Paris2024 falava em conferência de imprensa em Saint-Quentin-en-Yvelines, onde Maria Martins encerrou hoje a participação portuguesa, precisamente no velódromo em que Rui Oliveira e Iúri Leitão se sagraram campeões olímpicos de Madison, já depois do segundo ser prata no omnium, um feito inédito no olimpismo nacional.
“É nesse contexto que iremos trabalhar. Temos já uma agenda fechada com o Governo sobre esse tema, iremos trabalhar nesse sentido para que possam, efetivamente, ser criadas cada vez melhores condições aos nossos atletas”, completou.
Marco Alves lembrou que, após Tóquio2020, o COP fez um “conjunto de propostas, muitas delas acompanhadas também de mais financiamento, que na altura da contratualização das medidas de apoio para Paris não foram possíveis” de concretizar.
“Temos consciência do país em que vivemos, portanto, naturalmente somos ambiciosos, o Alto Rendimento não se faz de outra coisa. Gostaríamos de ver mais algumas situações melhoradas. O contrato-programa tem características, eu diria, específicas. […] Conseguimos fazer algumas alterações, mas só de quatro em quatro anos. O contrato, para dar a estabilidade que é necessária a este processo, também não convém que seja negociado todos os anos”, evidenciou.
O responsável lembrou que as alterações que forem introduzidas agora só terão frutos em 2028 ou em 2032, “portanto é um pouco também perceber quais serão os próximos desafios para o ciclo de Los Angeles2028”.
“Vamos ter Jogos noutro continente, vamos ter processos de qualificação que ainda não são conhecidos, e tentar, eu não diria adivinhar o futuro, mas preparar o trabalho para que conseguirmos responder a esses desafios”, disse.
Ao seu lado, o secretário-geral do COP recordou que o contrato-programa que existe para o ciclo olímpico de Paris2024 “não se esgota hoje, nem se esgota no final do ano”, mas revelou a abertura da entidade para que “as negociações, as conversas sobre o futuro aconteçam o mais rapidamente possível”.
“No fundo, penso que há aqui uma leitura de entendimento comum em relação a esta matéria e, portanto, não vamos naturalmente esperar muito tempo para começarmos a afinar ou fazermos uma conclusão do que temos atualmente mais rapidamente, e depois passarmos o mais breve possível ao contrato de Los Angeles2028”, afirmou.
Após vários olímpicos lusos nos últimos dias terem pedido mais apoios ao Governo, com Pedro Pichardo a acusar mesmo o Executivo de só olhar para o futebol, José Manuel Araújo defendeu que os “atletas, em geral, reconhecem que o apoio que recebem do Comité Olímpico no âmbito desse contrato-programa é um apoio que é significativo para o seu Alto Rendimento”.
“Ao dizer isto, também estou a dizer que aquele que vem do Governo para que o COP distribua para o Programa de Preparação Olímpica é, a nosso ver, suficiente. Pode ser mais, claro que pode ser mais, e também nós temos esse espírito de reivindicação e de procurar ter um pouco mais em relação ao ciclo anterior. E os resultados positivos, também nos ajudam a ter essa possibilidade” de defender junto do Governo” o porquê da necessidade de aumentar os recursos destinados ao desporto, vincou.
Araújo destacou ainda a importância da presença de Luís Montenegro em Paris, para acompanhar a Missão lusa, dizendo não se recordar da visita de um primeiro-ministro à Aldeia Olímpica ou da presença nas competições.
“Esse é um sinal positivo. O primeiro-ministro disse expressamente, nos vários momentos em que fez as declarações, que esteve aqui basicamente para acompanhar as provas. Entendo que esta presença é também um sinal para uma política pública na área do desporto mais intensa”, concluiu.
*** Ana Marques Gonçalves (texto) e Hugo Delgado (fotos), da agência Lusa ***
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