Apitou durante 25 anos. Esteve numa conferência subordinada ao tema "O árbitro: pressão, profissão e rendimento", realizada na Universidade Europeia, em Lisboa, e que contou com a presença de Rui Alexandre Jesus (presidente da Associação Portuguesa de Direito Desportivo) e Luciano Pedrosa Gonçalves (presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol).
Contou uma história: “no jogo Boavista-Aves (18 de maio de 2001), jogo que decidia o título, sai do meu emprego às 17h00. Quando o Boavista foi campeão. 30 minutos antes estava na ponte da Arrábida (Porto). As equipas estavam em estágio desde a véspera. No campo, tomei uma decisão errada porque vinha tenso, a pensar que não chegava a tempo e tinha nas minhas mãos o jogo do título”, relembrou.
Falou de erros, de vídeo-árbitro e do profissionalismo. Explicou que os árbitros não são profissionais no papel, algo que a prática contraria. Os internacionais reúnem “três dias por semana para ter aulas teóricas durante duas horas e outras duas horas de treino”, a que acresce “os jogos a meio da semana, as viagens para o estrangeiro além dos jogos do campeonato”. E “só arbitram em competição”.
Em entrevista ao SAPO24 assume que “errou”. Aceita que chamem os árbitros de “incompetentes”, mas não de “desonestos”. Explica que o olho do árbitro não é igual aos ângulos e câmaras da televisão. Em relação ao vídeo-árbitro, que está já a ser questionado no Mundial de Clubes, relembra que está em fase de testes mas acredita que tudo estará a funcionar em 2018. Por experiência defende que o tempo entre a paragem, visionamento e decisão não poderá ir além de 30 segundos. Deixa, no fim, um alerta: “o árbitro não é nem pode ser o assunto do futebol que tem muita beleza para ser discutida pela positiva”.
Jogos, classificações, subidas e descidas. Todos os anos e durante todo o ano há polémica. Que comentário lhe suscita?
R: A arbitragem é em si polémica. Em 25 anos de arbitragem não houve um único ano em que não assistisse a polémicas. É um assunto que em Portugal, e no estrangeiro - ao contrário do que pensamos - gera polémica.
"Errei e assumo claramente. Errei e errei muito. Em pormenores, em lances revelantes. Mas há algo que o arbitro não pode ultrapassar. A sua humanidade. O limite do seu olho a nu."
De quem é a culpa?
R: Da própria arbitragem. Fechou-se numa cúpula. Era sempre atacada e julgaram que a melhor defesa era fechar e encolher. Isso gera suspeição, dúvidas, as pessoas querem saber mais de um mundo que é fechado e vão levantando suspeitas.
Árbitros a darem a sua versão. A falarem? Publicação de relatórios. Ajudaria?
R: Sim... ajudaria. Estou a tentar ter na comunicação social um papel pedagógico. Sem fugir às evidencias, explicar e esclarecer. E sou criticado por isso. Abriu-se a caixa de pandora e agora acham que falamos de mais. E que devemos apitar mais e falar menos. Se um árbitro for fundamentar numa conferência de imprensa a decisão até pode cair bem na primeira vez. Mas se na semana seguinte fundamentar o eventual erro ou falha com um “não vi” as pessoas pensam logo “não viste, mas tinhas que ver”.
"Muitas vezes pode ser uma questão de incompetência, sim, agora falta de idoneidade, não."
Errou alguma vez?
R: Claro que sim. Errei e assumo claramente. Errei e errei muito. Em pormenores, em lances relevantes. Mas há algo que o árbitro não pode ultrapassar. A sua humanidade. O limite do seu olho a nu. Quando a televisão tem ângulos privilegiadíssimos, tem câmaras, consegue esmiuçar com slow motion situações que o olho humano não deteta. Quem jogou futebol sabe disto. Quem está no relvado sabe disto. O adepto não tem esta perceção. Achar que o que se está a ver na TV, sem suor, sem tensão, sentado, em casa, naquele ângulo fantástico é exatamente o que o arbitro vê. E não é.
Errar é humano, é isso?
R: Muitas vezes o erro acontece por incompetência. Há árbitros mais competentes que outros, como há jogadores e treinadores. Há quem tenha uma intuição diferente, mesmo não vendo um lance, tem a perceção da infração. É o cheiro. São os sentidos todos a trabalhar para a decisão e há colegas que não tem essa capacidade, tal como acontece com os jogadores. Muitas vezes pode ser uma questão de incompetência, sim, agora falta de idoneidade, não. E isso é a nossa grande luta.
Podem errar, ser mais ou menos competentes. Mas são todos idóneos. É isso?
R: É. Não somos desonestos. É aceitável que o jogador falhe um penálti ou o golo, que o guarda redes não defenda. Ninguém, e bem, põe em causa a idoneidade de um profissional que treina todos os dias, mas que, no momento-chave, falha, acontece. Perdoam ao treinador que faz más opções, ao presidente que faz más contratações, mas não perdoam o árbitro que é logo o ladrão. É uma questão cultural que queremos mudar. Chamem-nos incompetentes. Não nos chamem desonestos. A crítica técnica temos que aceitar. Agora à pessoa. Ao homem. Não. Isso custa muito.
"Temos uma cumplicidade muito cobarde com o erro que nos beneficia e um estrilho muito grande com aquele que nos prejudica."
No recente dérbi Benfica-Sporting a arbitragem foi analisada à lupa em dois lances?
R: Esqueceram-se das outras 200 boas decisões. 200. Há duas, controversas, que poderão estar inerentes a questões de erro. Mas os jogadores também falharam. Tiveram 7,32 metros de baliza e acertaram em 7 cm de ferro. E ninguém fez de propósito.
Como se altera?
R: Com esta geração de adultos é impossível. Mas a nova geração, se explicarmos que há três agentes no campo. E os árbitros fazem parte do jogo. Acertam e erram, mas ninguém quer errar. Hoje o erro prejudicou, amanhã beneficia.
"A nossa grande guerra é: digam que podemos ser incompetentes e errar, mas não digam que somos desonestos. (...) Lamento imenso, mas eu não posso ganhar à televisão".
Explique lá isso do erro que prejudica hoje e amanhã beneficia?
R: Temos uma cumplicidade muito cobarde com o erro que nos beneficia e um estrilho muito grande com aquele que nos prejudica. É uma menoridade das pessoas. Quando prejudicado, sou vítima, quando sou beneficiado, faz parte. Ainda bem que assim foi que é para compensar. Isso não é forma de estar.
Árbitro é o patinho feio do futebol? O que faz ser árbitro?
R: É a paixão. Não tenho dúvidas. É preciso gostar muito de uma carreira para ser sistematicamente insultado. Quando chegamos a casa e estamos com a nossa família somos tão iguais como outras pessoas. Gostamos de sair, ir ao cinema, sair com amigos. E depois saber que há um escrutínio nacional, por força do mediatismo, saber que alguém acha que eu posso ser desonesto tendo eu uma filha para quem quero ser uma referência, choca-me. Eu ou qualquer outro colega meu.
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R: A nossa grande guerra é: digam que podemos ser incompetentes e errar, mas não digam que somos desonestos. Eu não tenho câmaras, tenho o cansaço em cima, tenho jogadores que simulam faltas, que provocam contactos, tenho corpos a passar à minha frente, um auricular, tenho de gerir emoções, tenho 60 mil pessoas a gritar, tenho flashes, eu estou num contexto muito difícil para tomar decisões. Lamento imenso, mas eu não posso ganhar à televisão. Como comentador de arbitragem eu sei que estou a analisar lances numa posição privilegiada e até é injusto para os meus colegas. Mas é uma verdade. O escrutínio é feito com um conjunto de medidas muito superior àquelas que temos em campo para decidir. É injusto. Portanto, o que nos leva a ficar é a paixão.
É a paixão. Então como conquistamos alguém para ser árbitro?
R: O grande desafio é dizer aos muitos que querem ficar ligados ao futebol que o façam através da arbitragem. Seduzir através da alternativa. Para os pais uma questão importante: não conheço nenhum árbitro, aos 15 anos, que seja alcoólico, drogado ou criminoso. É uma boa escola de influências. Estes miúdos começam a treinar e começam a ganhar hábitos alimentares, em idade de influências poderiam ser desviados para caminhos menos bons, mas não são.
"É normal que aconteçam falhas e pequenas demoras nas decisões tomadas. Mas a ideia é aperfeiçoar para que em 2018, quando for apresentado como proposta definitiva ou não, já esteja tudo limado."
Uma decisão errada sobrepõe-se a todos as outras certas?
R: É a tal formatação cultural. Valorizar o erro. Ver por curiosidade na câmara que corresponde ao ângulo de visão do árbitro. Dar a perspetiva do árbitro. O lance é analisado de um ângulo que era impossível o árbitro estar a ver. Temos tentado fazer esse trabalho, mas infelizmente o grosso cultural do país é que apita mais e fala menos.
Falemos do vídeo-árbitro. Virá para ajudar?
R: Ajudará, porque em lances muito importantes vai conseguir por preto no branco. Estamos numa fase de testes a perceber como se pode tomar a decisão mais certa no tempo mais eficaz. E esses dois ângulos são essenciais. Se tiver lado a lado um benfiquista e um sportinguista, é a paixão que está a ver, não é a razão. Não vale a pena contrariar. Nos lances cinzentos, o vídeo-árbitro não se pronuncia, é uma vantagem. Vale a decisão do árbitro. Só o que for preto no branco na imagem. Só para esses lances, em que o árbitro erra, ou não vê, é que são para corrigir.
Mas o vídeo-árbitro no Mundial de Clubes já deu que falar pela negativa. Está debaixo de fogo.
R: Atuou o vídeo-árbitro sem avisar o árbitro e só depois o avisou. Estamos em períodos de testes do International Board. Nesta altura é que de acontecer para se perceber bem o que se pode corrigir e melhorar. Aconteceu numa competição a sério, mas os clubes estavam informados que iria acontecer. Sabiam que eram cobaias de um ensaio novo também ele para os árbitros. É normal que aconteçam falhas e pequenas demoras nas decisões tomadas. Mas a ideia é aperfeiçoar para que em 2018, quando for apresentado como proposta definitiva ou não, já esteja tudo limado.
Passaremos do “fora ao árbitro” para “fora o vídeo-árbitro”?
R: É. A mãe do vídeo-árbitro será muito falada nos campos de futebol, é provável. É mais uma vez uma questão cultural.
O futebol não espera minutos por uma decisão da arbitragem. Qual o tempo indicado para tomar a decisão com ajuda do vídeo-árbitro?
R: O International Board está com dúvidas nesta questão. Pela ideia que tenho seriam 30 segundos entre a paragem do jogo e o recomeço com a decisão correta. É difícil porque há situações em que o árbitro não vê o lance e continua o jogo e o vídeo-árbitro está a analisar em silêncio para depois informar o árbitro. E de facto, tem de ser equacionado. Repare, foi o universo do futebol que pediu o vídeo-árbitro. Treinadores, jogadores, jornalistas fizeram questão que isto fosse uma obrigação. Esta é a resposta do International Board a essa exigência. Quando se quer uma coisa temos que perceber que pode fazer sentido, mas operacionalizá-la tem os seus custos. Este é um custo e um risco. Acredito que tem pernas para andar assim se consigam limar algumas questões como o tempo de espera e a eficácia da decisão.
Mas será que a discussão morre com as certezas da televisão...?
R: A discussão de futebol é sobre assuntos relativos. À 2ª feira fala-se do árbitro. No futebol deve-se discutir a beleza do remate, a finta, os estádios cheios, a estratégia do treinador, isso é que a discussão do futebol. Habituamo-nos a discutir futebol pela negativa. E o árbitro não é nem pode ser o assunto do futebol que tem muita beleza para ser discutida pela positiva. É mais uma vez uma questão cultural.
Pedro Proença (ex-árbitro) como presidente da Liga é a vitória de um setor (arbitragem) ou é antes uma vitória pessoal?
R: É pessoal, se esse era o objetivo do Pedro. Propôs-se a um desafio e ganhou. Mas além de árbitro, o Pedro é gestor e o desafio que viu não era uma forma de estar ligado ao futebol de maneira diferente, mas antes gerir uma empresa que estava falida (a Liga). Isso, mais do que dizer sou um homem da arbitragem e nós vamos mandar no futebol. É um desafio empresarial num mundo que, ainda para mais, conheço.
Duarte Gomes esteve 25 anos na arbitragem. Escolheu ser árbitro porquê? Normalmente no futebol, a escolha recai em ser jogador.
R: Por acaso. Joguei futebol 4 anos nos escalões jovens. Um dia, à saída de um estádio, recebi um panfleto em que tinha escrito: “queres ser árbitro?”. Nunca na vida tinha pensado nisso, até então. Não ocorre na cabeça de ninguém ser..., mas a palavra-chave era “grátis”. Tinha 18 anos e era compatível com o meu curso de Direito que estava a iniciar. A ideia não era tanto ser árbitro, era mais conhecer as leis de jogo. Para estar fundamentado. Assim foi. Fiquei até janeiro deste ano.
Quanto tempo apitou?
R: 25 anos. Dos 18 anos aos 43. Quando comecei estava a estudar, como disse. O curso foi até ao 5º ano. Adulteram-se as prioridades porque foi no ano em que cheguei à 1ª divisão. Desencontros... estava a trabalhar (no BES) e houve um conjunto de prioridades que adulteramos. Apitei 19 anos na 1ª divisão. Subi em 1997/98. Fiz os escalões todos e tive a felicidade de subir sempre. Foram 6 anos e à 7ª época subi à 1ª divisão.
Terminou antes da idade limite (45 anos). Porquê?
R: Lesões. Fui operado 4 vezes no âmbito de futebol profissional. Há um ponto que a boa vontade já não chega....
"O jogador por vezes é malandreco. Cai. Fabrica uma falta. E nós somos enganados. E a cultura em Portugal, o enganado é o malandro, o enganador é o profissional."
Um arbitro também se lesiona?
R: Muito. Corremos muito. Treinamos muito. Pisamos muitos terrenos. Entre pelados e sintéticos, uns mais leves, outros mais pesados. Numa altura apercebi-me que passava os jogos entre recuperações. E já não estava com disponibilidade física que o futebol profissional exige.
Que papel podem desempenhar os ex-árbitros?
R: A estrutura da arbitragem não oferece outras condições de continuidade. Há lugar, mas não é para todos e as condições em que pode ser exercido também não agrada a todos. Há muita gente que acaba a carreira e tem valia. E essas pessoas tem que ser aproveitadas no futebol em geral e não necessariamente só na arbitragem. Também no comentário desportivo, não como se fazia à antiga que era destrutivo para os árbitros, mas um comentário que, não escondendo a evidência no erro, explique, esclareça. E humanize, no fundo, o árbitro. Esta aproximação entre a arbitragem que sempre foi fechada e o mundo real tem que ser feita como uma ponte de pedagogia. E os media são uma voz muito importante. Eu, no meu caso, e do Pedro Henriques, tentamos fazer com pedagogia. Se há um erro evidente visto na televisão não podemos escamotear. Nem os árbitros querem isso.
Já não há corporativismo?
R: Queriam que falássemos. Agora falamos, mas não esperem que digamos que somos desonestos. Não. Errou porque estava mal colocado, tinha jogadores a frente, não viu, distraiu-se, demora segundos. O árbitro tem mesmo jogadores à frente, é uma questão corpórea. Quem está na televisão vê tudo muito bem.
Já o disse, não se consegue ver tudo. E depois tem a cobrança?
R: O jogador por vezes é malandreco. Cai. Fabrica uma falta. E nós somos enganados. E a cultura em Portugal, o enganado é o malandro, o enganador é o profissional.
Para inverter essa lógica, defende castigos?
R: Sim, no fundo é batota. É o antijogo. O futebol pela negativa. Adulterar as regras. Provoca expulsões, penálties que não são. O enganado é o corrupto. O enganador é o profissional. Em Inglaterra há pesados castigos para o enganador.
E em relação ao antijogo ou tempo perdido?
R: Não há nada a fazer. O árbitro tem duas armas: se percebe que há perda de tempo por perda deliberada dá cartão amarelo como faz por exemplo com os guarda-redes na reposição de bola em jogo. No jogador que cai ao chão, ou o guarda-redes, aí tem mesmo que parar o jogo. Não pode negar assistência. A única arma é compensar no tempo de jogo. Que poderia chegar a 10 ou 15 minutos. O problema é que é nessa altura, no prolongamento, que os jogadores começam a ficar com pouco oxigénio, é nessa altura que acontecem os problemas físicos que prejudicam quem era suposto beneficiar e que estão de cabeça perdida. Os outros gozam mais.
O que propõe então?
R: Alterar as leis de jogo. E nesse capítulo era cronometrar o tempo de jogo. Sempre que está fora para logo o tempo de jogo, como acontece com o futsal. Isso acabava logo com as perdas de tempo. Há outras formas. Suspensão temporária. Jogadores sentiam na pele e não voltavam a fazer. Ou então medidas pesadas contra as equipas. Há a parte punitiva, mas também proativa.
Decisão mais difícil tomou na carreira?
R: Já tive muitas decisões difíceis. Mesmo em jogos distritais com muito pouca gente. Em campos difíceis onde o jogo é jogado em estado mais puro. Em ambientes de grandes jogos, até pela pressão exterior que transformamos em força positiva e sabemos que um erro ali é mediatizado a nível nacional e internacional.
Um jogo que não lhe sai da memória?
R: Tive vários jogos, fui árbitro de baliza numa final da Liga dos Campeões. Final taça de Portugal, Supertaça e Liga. Mas foram os jogos nos escalões de jovens em que curiosamente me senti mais árbitro. Porque é um jogo mais puro, os intervenientes são mais inocentes, tem a alegria do jogo e não são movidos por qualquer outro valor. Nem sequer resultadista. Mas já há pressão dos pais. Mas muitos dos miúdos estão a divertir-se. Futebol em estado mais puro, na sua beleza original.
Como tem visto o campeonato?
R: Os árbitros, como os jogadores e treinadores, acertam e erram. A polémica é cíclica. Há várias verdades. A primeira, mudam os protagonistas. A segunda, faz sentido que quem se sente lesado se queixe, quem vai a frente nunca se queixa. Todos os anos temos este tipo de circunstâncias. A ideia é que os árbitros estejam atentos e continuem a preparar-se para estarem cada vez melhor e errarem menos.
Última questão: E como vê as divulgações do football leaks?
R: Tudo o que é para esclarecer verdades que venha por bem. De forma correta. Nunca fui adepto de algo que sai pela porta dos fundos. Gosto de coisas transparentes. Claras e honestas.
Colina (ex-árbitro italiano) tinha direitos de imagem?
R: Tinha (risos), mas era outros valores.
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