João Medeiros disse aos jornalistas que "correu de forma satisfatória" o primeiro dia em sede de produção de prova da Benfica SAD na instrução, e que o administrador Domingos Soares de Oliveira e o vogal Ricardo Gaioso deram informações "detalhadas e esclarecedoras" a todas as questões que lhes foram colocadas nesta sessão no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa.
"Foi dentro do que estávamos à espera", comentou o advogado, realçando que os dois responsáveis da Benfica SAD foram os escolhidos para serem ouvidos pela juíza de instrução criminal Ana Peres, porque têm sido os dois que têm acompanhado este dossiê desde o início.
Questionado sobre qual foi o envolvimento da Benfica SAD no caso e-toupeira, João Medeiros respondeu que "a Benfica SAD não teve qualquer intervenção neste processo”, deixando claro que tinham vindo “dar nota disso".
Sobre a possível ida da Benfica SAD a julgamento, João Medeiros lançou que "prognósticos só no fim do jogo", mas admitiu todos os cenários. “Gostaríamos muito que a Benfica SAD não fosse a julgamento, mas, se for, vamos defender (a entidade) com muita esperança de que vai ser absolvida”, assinalou.
Domingos Soares de Oliveira e Ricardo Gaioso foram ouvidos no TCIC durante cerca de quatro horas (entre as 14:00 e as 18:00), mas não falaram com a comunicação social, nem à entrada, nem à saída do tribunal, deixando as declarações no final da sessão a cargo de João Medeiros, um dos advogados que representa a SAD ‘encarnada’.
A fase de instrução do processo 'e-toupeira', requerida pelos quatro arguidos, incluindo a Benfica SAD, começou na quarta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
A instrução, fase facultativa que visa decidir por um juiz de instrução criminal se o processo segue para julgamento, tem decorrido à porta fechada, com início sempre às 14:00, exceto no debate instrutório, agendado para 26 de novembro, e na leitura da decisão instrutória, sessões que serão públicas.
No Requerimento de Abertura de Instrução (RAI), a SAD do Benfica defende que a acusação do Ministério Público (MP) é infundada e que terá de cair nesta fase. O RAI assenta em três pontos essenciais, nomeadamente o desconhecimento dos factos imputados ao seu antigo assessor jurídico Paulo Gonçalves e restantes dois arguidos, ambos funcionários judiciais.
A acusação do MP considera que o presidente da Benfica SAD, Luís Filipe Vieira, teve conhecimento e autorizou a entrega de benefícios aos dois funcionários judiciais, por parte de Paulo Gonçalves, a troco de informações sobre processos em segredo de justiça, envolvendo o Benfica, mas também clubes rivais.
A SAD do Benfica está acusada de 30 crimes e Paulo Gonçalves de 79 crimes. O MP acusou a SAD do Benfica de um crime de corrupção ativa, de um crime de oferta ou recebimento indevido de vantagem e de 29 crimes de falsidade informática.
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