A história repete-se mesmo que o guião não seja igual e os protagonistas de um dos lados vão mudando. Mas, no final dos 90 minutos, mais coisa menos coisa, de mais uma jornada da Premier League, o Tottenham liderado por José Mourinho continua arredado dos lugares cimeiros da classificação, nomeadamente os elegíveis para a Champions. Hoje empatou com o Watford e mesmo que o técnico português destaque que esteve a "dois milímetros de ganhar o jogo" - o que é factualmente verdade - a superioridade esteve longe de ser evidente, nomeadamente na segunda parte, aquela em que qualquer uma das duas equipas esteve mais perto de marcar.

"A performance do Tottenham - à parte da atuação do árbitro e das decisões do VAR que prefiro não comentar - foi boa. Começámos muito muito bem", disse ainda José Mourinho, manifestamente pouco feliz com o resultado da equipa e reconhecendo que na segunda parte o jogo foi mais "50/50". Mas coube ao técnico do Watford a análise mais objetiva - mesmo com as nuances naturais de quem fala da sua própria equipa. "Tivemos de trabalhar muito para entrar no jogo, eles começaram muito bem. Mas crescemos e na segunda parte criámos algumas boas oportunidades. Noutro dia, podíamos ter saído com os três pontos, mas estou satisfeito com o esforço dos jogadores. Podíamos ter ganho, podíamos ter perdido".

Num jogo não especialmente digno de nota, houve uma repartição bastante equilibrada de quase tudo, remates, cantos, faltas, mesmo que em matéria de posse de bola o Tottenham tenha sido dominante. E, na realidade, os Spurs começaram melhor e mostraram melhor futebol na primeira parte – mesmo que não lhes tenha valido de muito. E, quanto menos o Tottenham acertava, mais o Watford crescia, que a confiança funciona assim.

Na realidade, o primeiro lance onde se vislumbrou golo acabou mesmo por pertencer ao Watford. Já passava da meia-hora quando Nathaniel Chalobah quase marcou após um canto. Ainda assim, saiu dos pés de Dele Alli, o avançado do Tottenham, a melhor oportunidade de golo num passe para o brasileiro Lucas Moura que só foi gravado pela defesa segura de Ben Fost.

A história da segunda metade do jogo tem dois pontos altos, os dois que podiam ter mudado o rumo do encontro e o marcado. O pénalti aos 69 minutos – nota de curiosidade, foi a terceira grande penalidade falhada por Deeney nas últimas seis que lhe coube marcar. E o remate de Érik Lamela, quase sobre o apito final, depois de um cruzamento de Serge Aurier que quase fez o golo para o Tottenham.

Perante a iminência da derrota, no minuto em que o pênalti foi assinalado, José Mourinho fez o que podia fazer. Trocou Dele Alli por Chris Eriksen, que vestiu hoje provavelmente pela última vez a camisola dos Spurs, e a 15 minutos do fim do jogo ainda fez estrear Gedson Fernandes, emprestado pelo Benfica. "Penso que merecíamos ganhar este jogo, perder teria sido um castigo demasiado pesado para os rapazes", disse o técnico no final.

Se não era o empate que a equipa de Mourinho procurava, foi o que lhe assentou melhor. O que há  mais para dizer sobre o jogo desta tarde entre o Watford e o Tottenham? Que não ficará para a história é certo e que não mudou o rumo da história dos Spurs também.

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