Pelo segundo ano consecutivo, Nuno Borges (131.º) passa à segunda ronda do quadro principal do Millennium Estoril Open. O jogador natural da Maia, wild card do único torneio português do ATP Tour, beneficiou da desistência de Pablo Andujar quando liderava por 6-4 e 3-0. O espanhol abandonou, após uma hora e dois minutos de jogo, o pó de tijolo do Clube de Ténis do Estoril, devido a uma lesão no ombro.

Na conferência de imprensa, o tenista de 25 anos não se apercebeu da limitação física do adversário, antigo 32.ª melhor raquete do mundo e vencedor de 4 torneios ATP, mas que hoje, aos 36 anos, é 82.º do ranking ATP. “Estava tão focado no meu jogo e no encontro que não reparei. Não me apercebi da lesão e achava que o jogo ia continuar. Às vezes, era normal ele usar aquilo como uma quebra”, explicou.

O número dois nacional e 131.º jogador mundial assumiu ter “entrado mais nervoso ” do que é normal no court principal do Estoril Open “mas arranjei maneiras de solucionar, principalmente na resposta”, reconheceu o tenista que está a 31 lugares de entrar no top 100, muito à base dos resultados alcançados no circuito challenger (segunda divisão do ténis profissional). “As melhoras para ele, às vezes é assim”, deixou o recado.

Contabilizando cinco triunfos em seis encontros frente a jogadores do top 100, três na terra batida do Clube de Ténis do Estoril, sendo duas no quadro principal de um torneio ATP (a outra foi qualifying no Estoril), regista a queda aos pés de Marin Cilic, antigo vencedor do US Open, na edição 2021 do único torneio ATP em solo português.

“É aqui que quero estar”. Nos torneios do ATP e a jogar com top-100

“Cada um tem a sua história. É uma estatística. Todos foram diferentes e não quer dizer que agora não perca com um top 100, aliás cada vez é mais difícil, mas dá-me confiança para continuar porque sei que estou no caminho certo. Quando estou a jogar bem posso ganhar se não a qualquer um, pelo menos a quase um” disse, reforçando que estes triunfos ajudam-no a perceber onde quer estar.

“Enrolar-me nestes jogos e ganhar uns tantos jogos dá-me mais certezas de que é aqui que quero estar e é aqui que espero conseguir entrar nos próximos tempos. Dá-me motivação para querer procurar estar nestes grandes torneios”, reforçou.

“Mais que olhar para os jogos com top-100 jogar, neste nível vou aprendendo com a competição que é muito estimulante e mesmo este jogo deu-me muito para aprender. Sinto que ainda estou a começar e estes torneios são um bónus incrível”, reconheceu.

Quanto à comparação do nível de preparação para a segunda ronda face ao ano passado, não tem dúvidas que agora é mais jogador. “2021 foi uma oportunidade incrível e consegui jogar muito bem, mas os números mostram que este ano estou melhor. Não implica que jogue melhor, mas a probabilidade é que esteja melhor preparado física e mentalmente para ir mais longe”, adiantou.

Colocar os nervos em segundo plano sem pensar em domingo

Recua ao tema nervos. “É muito fácil estar descontraído minutos antes e assim que a bola começa a vir os nervos acumulam, é uma sensação que para quem está em campo é fácil de explicar, mas quem está de fora não se apercebe... mas na maneira como bato na bola, não é como gostaria, e de fora parece exatamente igual a outra qualquer”, esclareceu.

Em relação ao encontro com o espanhol Andujar, justificou “alguns nervos com tanta gente a ver”, algo que “não é todos os dias”, atirou. “Mas, mesmo assim lidei bem com o assunto e não transmiti tantos nervos, entrei bem no jogo, mas os nervos estavam lá”, garantiu.

 “Os nervos podem começar até na noite anterior, ou no treino. À noite ler umas páginas de um livrinho antes de adormecer é bom para acalmar”, explicou. “Por acaso, não o tenho feito”, reconheceu.

Fez uma introspecção e disparou. “Ultimamente tenho estado bastante tranquilo. Às vezes procurar mais intensidade, fazer um bocadinho de barulho a bater na bola. Resulta para mim quando estou mais nervoso”, adiantou. “Os nervos vão lá estar, é inevitável, mas se eu procurar abstrair-me (dos nervos) pondo algo em cima e tentar exagerar algo para que passem, ficarem em segundo plano, para mim resulta. E o público, nem sempre tenho, mas ajuda sempre”, asseverou.

Nuno Borges irá defrontar o norte-americano Frances Tiafoe (29.º), quinto cabeça de série, vencedor da partida diante o sérvio Dusan Lajovic. “Gosto de acreditar que os conheço melhor do que eles a mim”, admitiu, antes de conhecer o adversário.

Não viu o jogo entre os dois e preferiu focar-se “mais em mim do que estar a ver. No final do meu jogo, não sabia com quem iria jogar. Quando estou preocupado comigo, as coisas correm bem”, rematou afastando pensar mais além na semana. “Não penso em domingo”, dia da final, respondeu.