Segundo o antigo internacional neerlandês Frank de Boer, que integrou o grupo de análise à Liga dos Campeões da época passada, a não aplicação da regra tornou os jogos “mais atrativos e abertos”, pois as equipas que jogavam em casa não estavam demasiado focadas em não sofrer golos.

O espanhol Roberto Martínez, atual selecionador da Bélgica, também envolvido no grupo, considerou que o atual sistema é mais justo do que o anterior, que previa que os golos fora valessem a dobrar, em caso de empate nas eliminatórias a duas ‘mãos’.

“Antes era injusto. Quando se disputava o segundo jogo fora de casa, estava-se em vantagem, nos últimos 20 minutos a equipa podia arriscar e, se marcasse, passava pela regra dos golos fora”, disse o antigo internacional espanhol.

Apesar de uma época ser pouco tempo para retirar conclusões significativas, as eliminatórias da edição 2021/22 da Liga dos Campeões mantiveram a tendência de seis das nove temporadas disputadas antes da pandemia de covid-19, com mais golos marcados nos encontros da segunda ‘mão’.

Caso a regra se tivesse mantido, na temporada passada apenas a eliminatória das meias-finais que opôs o Manchester City ao Real Madrid teria sido decidida com base nos golos fora de casa. No caso, os ‘merengues’ teriam sido apurados no final do tempo regulamentar da segunda mão, face ao empate a cinco golos que se registava na eliminatória.

Os ingleses venceram por 4-3 em casa, na primeira mão, mas os espanhóis chegaram ao final dos 90 minutos do segundo jogo, em Madrid, a vencer por 2-1, o que obrigou à realização do prolongamento, no qual o Real faria o 3-1, apurando-se para a final, que venceu, diante do Liverpool.

A UEFA anunciou em junho de 2021 a abolição da regra regra dos golos fora nas competições europeias de futebol, para desempatar eliminatórias em que as duas equipas somassem o mesmo número de golos.

“Se duas equipas tiverem somado o mesmo número de golos após as duas mãos a eliminatória não será decidida pelo número de golos fora, mas em dois períodos de tempo extra de 15 minutos, no fim da segunda mão”, explicou o organismo, indicando que a decisão se baseou em estatísticas, que mostram, desde meados dos anos 70 do século passado, uma “contínua redução” da diferença entre vitórias em casa e fora.