Em maio deste ano, na visita do Paris-Saint Germain ao estádio do Montpellier, em jogo a contar para a Ligue 1, principal escalão do campeonato francês, no fim de semana que antecedeu o Dia Mundial contra a Homofobia, a equipa parisiense entrou em campo com uma camisola diferente, estampada com as cores da bandeira LGBTI+. Nesse encontro, o nome do médio senegalês Idrissa Gueye não constava nos convocados. Mauricio Pochettino, então treinador da equipa, explicou a ausência por "motivos pessoais", mas em pouco tempo a rádio francesa RMC noticiou que o jogador recusou participar na iniciativa.
A decisão gerou contestação e levou inclusive a Federação Francesa de Futebol a exigir um pedido de esclarecimento ao jogador. Hoje, a mesma rádio noticia que Gueye foi visto no Senegal, onde a homossexualidade é punida com uma pena até cinco anos de prisão, como um herói nacional.
“Culturalmente, ninguém entenderia se ele tivesse feito algo diferente do que fez. Não é o único. Hoje, Gueye tem o apoio de todos os senegaleses, de todos os africanos. Ele foi visto como um herói no Senegal, é claro. Para nós, Gueye é um herói. Se Idrissa Gueye tivesse feito o contrário, o que teríamos dito? Teríamos ficado muito mais surpresos”, explicou o jornalista senegalês Bacary Cissé no programa After Foot da RMC Sport.
Esta não tinha sido, no entanto, a primeira vez que o jogador tinha recusado participar numa iniciativa a favor da comunidade LGBTI+. Já em 2021 não vestiu a mesma camisola colorida no jogo entre o PSG e Reims, alegando estar com uma gastroentrite.
A atitude extravasou o mundo do futebol e foi considerada como "lamentável" pela ministra francesa com a pasta do Desporto, Roxana Maracineanu.
Do lado do Senegal, a atitude foi defendida pela federação nacional de futebol que pediu que as crenças religiosas dos jogadores fossem respeitadas.
O caso mexeu com a comunidade senegalesa. Três dias depois do sucedido com Gueye, três homens foram presos e levados a julgamento no Senegal depois de um jovem estrangeiro ter sido violentamente atacado na semana passada por uma multidão que lhe atirou insultos homofóbicos.
O ataque ocorreu a 17 de maio no chamado distrito HLM de Dacar. Vídeos publicados no Youtube e no TikTok mostravam uma multidão enfurecida de várias dezenas de homens a rodear um jovem em plena luz do dia, descalço e usando apenas calças, e a esbofeteá-lo nas costas e na cabeça, proferindo calúnias homofóbicas.
Segundo o ‘site’ senegalês Seneweb, a vítima era um músico americano que "por causa do seu estilo, da sua roupa" foi "erradamente acusado de ser homossexual por indivíduos mal-intencionados".
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