Emocionada com o apoio da família e dos amigos no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, a nova campeã mundial, de 37 anos, não escondeu a “grande alegria” pelo “dia fantástico” vivido em Londres e reiterou a necessidade de continuar a lutar pela inclusão desta disciplina no calendário olímpico.
“É um verdadeiro sonho conseguir terminar os 50 km marcha com o recorde do mundo e em menos de 04:06 horas. Cumpri todos os objetivos a que me propus. Se o meu corpo permitir e continuar a sentir prazer no que faço – que é o mais importante – quero ir a Tóquio e depois terminar no Grande Prémio de Rio Maior com a minha gente”, afirmou.
Em declarações aos jornalistas, a marchadora portuguesa admitiu não saber ainda se a prova feminina vai ser integrada em Tóquio: “A luta das mulheres estar no Campeonato do Mundo foi uma luta ganha. Agora, vamos continuar a lutar para estar em Tóquio. Isto vai depender de todas as mulheres. Eu dei o grande empurrão e espero que as outras aproveitem”.
Sem esquecer a importância do treinador Jorge Miguel, lembrando o trabalho conjunto que realizam há já 25 anos, Inês Henriques justificou o título mundial com a capacidade de trabalho e a resistência aos momentos menos felizes.
“Houve momentos muito bons e momentos menos bons, mas eu nunca desisti. Continuei sempre com a mesma vontade e o mesmo empenho. Isto demonstra que nós, quando não temos muito talento, mas temos vontade de trabalhar, também chegamos ao topo da pirâmide”, frisou.
Entre a comitiva que regressou hoje a Portugal estava também o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Jorge Vieira, que elogiou a “humildade” de Inês Henriques e defendeu a presença dos 50 quilómetros marcha femininos nos Jogos de Tóquio.
“A FPA já esteve na luta para colocar esta prova nos Campeonatos do Mundo. Já que é uma prova que está no calendário da Federação Internacional, estar também no calendário olímpico faz todo o sentido. E, no caso das mulheres, é simbólico ser também o momento em que as 24 provas masculinas são equiparadas às provas femininas”, explicou.
Embora tenha feito um “balanço positivo” da prestação lusa nos Mundiais de Londres, que se saldou numa medalha de ouro (Inês Henriques) e uma de bronze (Nélson Évora), o líder federativo realçou a preocupação de fazer evoluir outros atletas e de conseguir melhores resultados.
“Tenho sempre a preocupação de ver também os resultados menos conseguidos e o trabalho que temos de fazer para ajudar esses atletas, que são talentosos, a continuar a evoluir para nos próximos Campeonatos da Europa, em agosto de 2018, em Berlim, estarem ao seu melhor nível”, finalizou.
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