Maurizio Sarri foi anunciado como o novo técnico da Juventus. Após a pausa de um ano para treinar o Chelsea, em Inglaterra, o treinador italiano regressa a um campeonato que conhece bem e onde firmou créditos, depois de uma passagem bem-sucedida ao serviço do Nápoles no qual fez da equipa napolitana o principal opositor da Vecchia Signora, assumindo-se como a segunda maior potência da Serie A.
Com experiência da Premier League e a conquista do seu primeiro título internacional, o italiano atinge assim a elite no seu país podendo começar a cimentar um estilo de jogo próprio numa equipa que luta por todos os títulos possíveis e com uma ambição bem sublinhada: a conquista da Liga dos Campeões.
Sendo assim, o que podemos esperar do estratega tático ao comando da Juventus?
A vertente tática
Conhecido como um enorme estudioso da tática no jogo, é desde logo sabido que grande parte do futebol da equipa passará pela maneira como as peças serão colocadas no xadrez do terreno de jogo.
Olhando para o que foi feito no Nápoles e no Chelsea, é seguro assumir que Sarri manterá na Juventus o 4x3x3, apostando numa linha ofensiva bastante móvel, sobrando a dúvida se o ponta de lança será um jogador mais fixo como foi com Higuain ou Giroud, ou se a aposta recairá sobre um falso nove como fez com Insigne na equipa napolitana. Olhando para as opções, Ronaldo e Mandzukic seriam soluções mais puras comparativamente a Dybala ou Kean.
No entanto, é no meio campo que Sarri define todo o processo de jogo, com Jorginho a surgir como a peça principal do motor nos seus dois últimos clubes. O ítalo-brasileiro jogava como pivot e a sua importância foi tanta que o próprio Kanté acabou relegado para uma posição mais ofensiva no terreno para libertar o médio-defensivo.
Parecendo certo que a Juventus não vai avançar por Jorginho, surge aquela que é a principal dúvida da campeã italiana para a temporada 2019/2020. Quem será o novo Jorginho?
As hipóteses variam desde Betancur, Khedira, Pjanic, Ramsey ou Emre Can, sendo que nenhum destes jogadores é taticamente parecido com Jorginho, uma vez que falta algum equilíbrio entre as tarefas defensivas e ofensivas. À exceção de Khedira, os restantes jogadores aproximam-se mais das características de médios mais ofensivos.
O Estilo de Sarri
Sarri criou um estilo próprio que o caracterizou ao longo dos anos, sendo muitas vezes visto completamente “fora de si” quando algo não corre de acordo com o esperado, sendo extremamente expressivo nos gestos que realiza.
Este tipo de atitude pode entrar em choque com algumas das personalidades mais fortes da Juventus, e poderá ser por aqui que passará muito do sucesso ou insucesso de Sarri.
Os problemas no relacionamento com os jogadores podem justificar em parte o porquê do Chelsea ter deixado o vencedor da Liga Europa sair de Londres, estando o episódio com o guarda-redes Kepa ainda bem fresco na mente dos adeptos do futebol.
Sarri já admitiu o prazer que terá em treinar Cristiano Ronaldo, aquele que será provavelmente o ego mais forte do plantel, e que levantou imediatamente dúvidas sobre como o treinador irá lidar com um jogador que em muitos casos acaba por ser superior ao plantel em vários níveis, parecendo desde logo que o técnico quis afastar esta ideia de que o seu relacionamento com o astro português seria complicado.
A gestão da estrela da Juventus será fundamental para o sucesso na Europa, algo que será perseguido pelo treinador italiano pela primeira vez na sua carreira, depois de fugazes presenças com os napolitanos na Champions, podendo mesmo ser nestes jogos de grau de dificuldade máxima que as ideias táticas do treinador podem ser mais úteis, visto que o estudo do plantel adversário será um desafio aliciante, mesmo ao estilo do técnico.
Dois reforços para Sarriball
Olhando para o modelo de jogo que Sarri quer implementar, fará neste momento falta um central e um lateral esquerdo
Para a posição de central, Sarri conta apenas com Chiellini e Bonucci como jogadores credíveis. Para o nível da Juventus seria útil obter um jogador mais novo e que acrescente velocidade ao centro de uma defesa que treme muito quando apanha jogadores rápidos e com bom drible.
Neste sentido é inevitável não pensar em De Ligt para satisfazer todas as características necessárias ao plantel. O jovem holandês é o central mais cobiçado da Europa e isso não acontece por acaso. Veloz e inteligente com a bola e sem ela. O Golden Boy cairia “que nem uma luva” e salvaguardava a defensiva da Juventus durante largos anos.
Já na lateral esquerda Spinazzola não parece ter o nível exigido para uma prova como a Liga dos Campeões, sobrando apenas Alex Sandro que também tem passado algo despercebido na equipa de Turim.
Para este lugar a opção pode muito bem morar em Portugal, mais concretamente na luz. Num sistema que vive muito dos laterais (basta recordar o papel de Emerson no Chelsea na conquista da Liga Europa), seria útil encontrar um lateral com enorme valência ofensiva, característica bem patente em Grimaldo que, com apenas 23 anos e ainda sem renovação à vista com o Benfica assegurada, pode ser um alvo apetitoso para atacar neste mercado, ficando a Juventus a contar com os serviços de um dos mais promissores laterais da Europa.
Para além disso, o crescimento defensivo que Grimaldo atingiu nesta época é seguro dizer que o espanhol está mais que preparado para dar o salto para a elite europeia, sendo mais um jogador jovem numa equipa que está bastante envelhecida e a precisar de ser renovada.
Assim a Juventus tenta com Sarri corrigir aquilo que pareceu ser o maior defeito nas últimas épocas: a falta de qualidade tática e de posicionamento no terreno. Apesar dos títulos conquistados ficou sempre no ar a ideia de que a Juventus apenas ganhou por ter um plantel superior aos adversários, mas longe do seu potencial, sendo em jogos contra adversários com pior plantel, como Nápoles ou Ajax, notório o “banho tático” que a equipa sofreu e que no caso da Champions ditou mesmo o afastamento da prova.
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