Nesse âmbito, o selecionador nacional Sub-20, Luís Pissarra, respondeu a algumas questões colocadas sobre o Europeu, processo de selecção e das soluções oferecidas pelo grupo de trabalho.

Aproxima-se rapidamente a data do início do Campeonato da Europa sub-20. Sente que o grupo está pronto para o desafio?

Claro que sim. Nesta última semana de preparação há sempre uma ansiedade, mas é um tipo de ansiedade muito positiva. Existe aquele desejo de começar a competição o mais depressa possível para sentir o que é o Campeonato da Europa e de como nos vamos apresentar lá.

Este ano a competição vai ter um modelo diferente, com uma espécie de "liga". O modelo traz mais dificuldades?

O modelo deste ano é completamente diferente em comparação ao que estávamos habituados, com grupos fixos e com jogos pré-definidos com um modelo de pontuação e não de eliminação que envolve pontos de bónus seja ofensivos ou defensivos.

É um modelo diferente ao qual temos de nos habituar... em termos de espetáculo é uma competição mais cativante, porque obriga todos os jogos a serem jogados no máximo. Repara que na última jornada todos podem chegar com os mesmos pontos, abrindo espaço para uma luta diferente e interessante.

Outro pormenor diferencial tem que ver com a rotação de jogadores pois no formato de eliminatórias é possível fazer uma gestão de jogadores diferente do que vai ser possível neste ano.

Não há dúvidas que este modelo traz dificuldades, a própria Espanha fugiu do grupo inicial que tinha sido proposto e conseguiu fazer as pressões suficientes para se adequar a um calendário menos difícil que o nosso. Temos o nosso 1º jogo contra a equipa francesa, que não pode ser um grupo fraco, para além de ser uma incógnita em termos do que valem e como jogam. No 2º jogo enfrentamos a Holanda, que tem crescido e se tem tornado cada vez mais competitiva. E terminamos com a Espanha, o outro favorito a par de nós, que vem de dois jogos menos "complicados" do que os nossos. Vamos ter que estar e dar sempre o nosso melhor!

Como caracteriza este grupo de 26 que vai lutar pelo tricampeonato? Nota uma grande evolução do 1º dia para agora?

O grupo escolhido tem evoluído bastante. Implementámos um modelo ofensivo e defensivo diferente, para além de termos aumentado a exigência nas fases-estáticas, nomeadamente na formação-ordenada. A nível do ataque temos crescido gradualmente, apresentando cada vez melhores sinais, com uma clareza perante o que queremos fazer nesta secção do jogo.

Os últimos grupos de "avançados" que passaram pelos sub-20 têm dominado na formações-ordenada e mauls. Como vê este de 2019?

Os nossos avançados deste ano mantêm o DNA de outros anos, não tenho dúvidas que vamos ser dominantes na formação-ordenada com boas soluções, garantindo uma boa profundidade e que nos dá bastante confiança nesta fase do jogo.

Numa entrevista anterior afirmou que o objetivo passa pela revalidação do título. O que temos de fazer para que se consiga atingir esse objetivo?

O objetivo está bem definido pelo grupo: revalidar o título de campeões europeus e de preparar cada vez melhor/mais jogadores para a Selecção Nacional "A". O garantir do título no campeonato europeu permite o apuramento para o World Rugby Trophy (Mundial "B" de sub-20), um passo essencial para conseguir esse crescimento dos nossos jogadores, pois é uma competição de um nível superior.

Vai ser também interessante ver como nos vamos comportar durante o Campeonato da Europa, a nível técnico e táctico, anímico e físico, como ultrapassar certas lesões, etc. É uma semana de três jogos muito intensos, com várias condicionantes e problemas que podem surgir à equipa, mas a equipa está muito bem fisicamente, preparada para aguentar a exigência física do jogo, talvez o melhor grupo neste aspecto dos últimos anos. A nossa capacidade defensiva vai ser um aspecto fulcral neste processo todo e os nossos jogadores estão muito focados nesse ponto.

Dos adversários que vamos ter pela frente, a França Aquitânia é aquela que reúne maiores dúvidas... como tem sido preparado o grupo para esse encontro mais duvidoso?

Temos muito pouco conhecimento sobre eles, sendo que o que sabemos de antemão são os nomes e o clube pelo qual jogam. Olhando para esse aspecto é observável o quão bem recheados estão, com vários atletas a frequentar das melhores Academias em França. Mas temos de acreditar na nossa capacidade de grupo, de uma equipa una e que consegue ultrapassar estas situações. Vai ser um jogo quase às "cegas" e temos de nos adaptar e enfrentar o modelo de jogo que esta França vai apresentar.

Jogamos em casa. Gostava de deixar umas palavras à comunidade Nacional para marcar presença nestes jogos?

Jogar em casa é uma honra especial, um privilégio para os jogadores jogarem à frente das suas famílias, amigos e do público português. Mais motivados que este grupo ninguém pode estar, mas estamos conscientes que ninguém nos vai dar nada... temos tido períodos difíceis na preparação, mas nada tira o foco deste grupo em dar o seu melhor. Gostava que o público nacional estivesse presente nos jogos do princípio ao fim a apoiá-los sem se cansarem.