O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) recebe a partir de hoje o Grande Prémio de Portugal, a 17ª e penúltima prova do campeonato do mundo de motociclismo de velocidade. É segunda vez esta temporada que a “montanha-russa” algarvia acolhe a prova rainha do calendário velocipédico internacional das duas rodas. E é, no espaço de um ano, o terceiro grande prémio realizado em Portimão.
De hoje até domingo, a grande diferença está mesmo nas bancadas, com a organização a antecipar a presença de 60 mil espetadores. Para os aficionados, esta é a primeira oportunidade de ver ao vivo Miguel Oliveira a correr em “casa”, naquela que é a sua terceira corrida em Portimão no MotoGP.
O “falcão” de Almada, recorde-se, em novembro de 2020, então como piloto da Red Bull KTM Tech3, celebrou um épico triunfo adocicado com um “Grand Chelem”, termo emprestado da Fórmula 1 e que resume quem soma à vitória, a liderança durante toda a corrida, a pole position e a volta mais rápida do circuito.
Cinco meses mais tarde, a 18 de abril, terceira paragem da presente temporada, desta vez na equipa de fábrica da Red Bull KTM, e terminou em 16º lugar. A prova viria a ser ganha por Fabio Quartararo. O francês da Yamaha, que teve a espinhosa missão de substituir a lenda Valentino Rossi como principal piloto de fábrica da equipa japonesa, entra agora na pista de Portimão na qualidade de novo campeão mundial, sucedendo ao espanhol Joan Mir.
Ora, esse é outro dos aliciantes para quem se deslocar até ao Algarve para assistir ao Grande Prémio de Portugal (que será transmitido através da SPORT TV): esta é a derradeira oportunidade para ver em pista Valentino Rossi. Pisará pela penúltima vez os circuitos do Mundial de Velocidade, após uma carreira de 26 anos durante a qual somou, nada mais, nada menos, que nove títulos mundiais em quatro categorias diferentes (125 cc, 250 cc, 500 cc e MotoGP), sete deles na prova rainha.
A enchente de público e a despedida de “Il Dottore”, como é conhecido o piloto italiano, serão, assim, os principais ingredientes. “São dois grandes acontecimentos”, sublinhou Miguel Oliveira na passada quarta-feira, segundos antes de arrancar em caravana acompanhado de centenas de fãs motociclistas, na primeira grande viagem que fez de mota, ligando o Cristo-Rei, Almada, até à zona ribeirinha de Portimão.
“A 300 km/h vês e sentes, mas não escutas o público”
“Esta vai ser a primeira vez em que posso sentir o público português numa corrida de MotoGP. Espero que gostem, se divirtam e, no domingo, possamos celebrar algo”, disse ontem o piloto natural de Almada, na conferência de imprensa de antevisão do Grande Prémio do Algarve.
“Com público é muito diferente. A 300 km/h vês e sentes, mas não escutas o público”, descreveu um par horas antes Joan Mir. “Eu ganhei sem público”, lembra. “Vão apoiar o Miguel Oliveira. E se o Miguel ganhar pode ser um bom domingo para Portugal”, antecipou ainda em conversa com jornalistas.
E facto é que o apoio ao português não tem faltado desde a passada quarta-feira. Nesse dia, António Maio, vencedor de seis campeonatos nacionais de enduro e sete vitórias na Baja Portalegre, a última, no passado fim de semana, despiu o fato de piloto, vestiu a farda de capitão da GNR, da Unidade Nacional de Trânsito, e capitaneou as cinco motas batedoras que controlaram o mar de motociclistas até Portimão, naquela que foi a primeira grande viagem de mota de Miguel Oliveira.
Nas bancadas, no domingo, estarão dois fãs especiais. José Horta é amigo da família Oliveira e funcionário na empresa do pai do piloto. “No ano passado, não consegui ir. Desta vez consigo. Vou até lá baixo e estarei no domingo nas bancadas”, contou ao SAPO24 durante a concentração no Cristo-Rei, ao lado da sua Yamaha TDM 900. “Sou fã e somos muito amigos. Conheço-o desde as motas pequeninas e até tenho uma mota dele que está guardada para a minha filha”, confidenciou.
O outro é Chakall. O chef argentino radicado em Portugal é um fervoroso adepto de MotoGP, MO88 e de Rossi. “Sou aficionado. Vi o melhor de Rossi ao vivo. Fui com a minha mulher à Holanda, Alemanha, Áustria, Espanha, vi-o ganhar e perder o último campeonato em Valência”, recordou em conversa com o SAPO24. Em relação a Miguel Oliveira, do qual é também fã, relata um episódio entre ambos: “recordo-me, quando ele estava no Moto 3, de lhe pedir para tirar uma foto comigo e ele respondeu 'Olá, Chakall'", contou.
Olhando para as contas do ranking, Miguel Oliveira entra no Grande Prémio do Algarve de MotoGP na 10ª posição do campeonato (92 pontos). Estão em disputa 50 pontos e faltam duas provas para o final da temporada. O piloto da KTM pode alcançar aqui a melhor classificação de sempre no Mundial, o nono posto de 2020, depois de ter sido 17º lugar no ano de estreia, em 2019. Atualmente, está a 14 pontos do 9º classificado, ocupado pelo espanhol Maverick Viñales (Aprilia) e a 21 do espanhol Aleix Espargaró (Aprilia), oitavo classificado.
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