25 voltas, 114,8 km, 9 curvas à direita, 6 à esquerda, uma reta da meta esticada por 969 metros e, presumivelmente, pouco mais de 1h40 minutos separam Miguel Oliveira de repetir o êxito alcançado há cinco meses na 15ª e última prova da temporada 2020 de MotoGP.

Depois da dupla corrida no Qatar, no circuito de Losail, em Doha, o “paddock” do Mundial de Velocidades viajou para a Europa e está estacionado até dia 18 de abril, pelo segundo ano consecutivo, no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão.

Uma pole position, a primeira e única da carreira, a volta mais rápida (1'39.855) e a segunda vitória na categoria rainha do motociclismo mundial, então conquistadas aos comandos da Tech3, equipa satélite da austríaca KTM, não deixam o piloto português pressionado na “Montanha Russa” algarvia.

"Há algumas expectativas e não temos de nos sentir pressionados em repetir”, admitiu Miguel Oliveira durante a conferência de imprensa do Grande Prémio 888 de Portugal, terceira prova do calendário 2021.

Um cordão de motards, fumos e um buzinão por Miguel Oliveira

Tal como sucedido na temporada pretérita, o Autódromo do Algarve estará despido de público devido às restrições impostas pelas autoridades de saúde portuguesas e organização face à situação pandémica que se vive. No entanto, à imagem de novembro passado, não faltou calor humano no apoio ao Falcão de Almada, este ano integrado na equipa oficial da KTM (Red Bull KTM Factory Racing).

“Fiquei um pouco nervoso porque não esperava e foi uma boa surpresa. Espero que no domingo à noite estejam tão felizes quanto eu", apontou MO88, 16º classificado (4 pontos) referindo-se à receção proporcionada por centenas de motards (acelerações, fumos e buzinadelas) à chegada às pistas na passada quarta-feira.

créditos: LUÍS FORRA/LUSA

O maior obstáculo durante o fim-de-semana está direcionado na utilização dos (novos) pneus da KTM RC16. Uma questão que tem motivado queixas não só do piloto luso de 26 anos, como também de Pol Espargaróu, ex-colega de Oliveira, agora na Honda e Valentino Rossi, o veteraníssimo piloto italiano (Petronas Yamaha), sete títulos mundiais de MotoGP, que não poupou elogios ao traçado do circuito português, a Miguel Oliveira “o favorito” e “alvo a abater”, ao mesmo tempo que se mostrou expectante com o regresso de Marc Márquez às pistas.

Marc Márquez: o papa-títulos regressa um ano depois

Márquez (Repsol Honda), hexacampeão mundial de MotoGP, é a surpresa entre os 22 pilotos na grelha de partida. Nove meses após o acidente sofrido em Jerez de La Frontera (Espanha), que o atirou três vezes para a mesa de operações (úmero do braço direito) e obrigou-o a falhar a temporada passada, o espanhol regressa à competição.

“O principal objetivo é estar pronto e sentir-me bem na moto. É o motivo pelo qual estou aqui”, afirmou Márquez antecipando a estreia na pista algarvia e regresso após a longa paragem. “Não tenho qualquer objetivo este fim de semana. Só quero pilotar. Teremos tempo para colocar pressão em mim para encontrar os resultados e lutar pelas vitórias. Mas agora é só pilotar”, frisou.

Um regresso saudado por todos os pilotos. “Estou feliz por ele, do ponto de vista humano, porque, finalmente, pode voltar a fazer o que ama, que é correr”, disse Oliveira, na conferência de imprensa. “Do ponto de vista competitivo é um fato estimulante para todos nós porque, devemos ser honestos, no ano passado todos alcançamos ótimos resultados, mas faltou o dominador da categoria. Portanto, a presença do Marc será um incentivo para cada um de nós elevar ainda mais o nosso nível”, reconheceu.

Johann Zarco, francês da Pramac Ducati, arranca líder em Portimão, com 40 pontos, seguido pela dupla da Monster Energy Yamaha, Fabio Quartararo e Maverick Viñales, 36 pontos.

As categorias Moto2, Moto3 e MotoGP, entram em ação hoje, dia das sessões de treino-livre. Amanhã cronometra-se as sessões de qualificação.

Para domingo está reservada a competição propriamente dia. MO88 e companhia aceleram às 13h00. Miguel Oliveira parte como favorito, pelo menos aos olhos de quem já andou no circo do motociclismo mundial. “Joga em casa, conhece o circuito melhor do que ninguém. É o favorito, sem dúvida nenhuma e, para mim, também é o favorito e tem de se sair bem. Há muitas esperanças no Miguel”, comentou o antigo piloto e campeão do mundo de MotoGP Jorge Lorenzo na antevisão do Grande Prémio de Portugal, no seu canal de YouTube.

Adeus bandeiras, olá painéis luminosos

A 16ª edição do Grande Prémio de Portugal de MotoGP marca a estreia de painéis de sinalização luminosos de alta tecnologia, anunciou a Dorna Sports, promotora do Campeonato do Mundo.

22 painéis de bandeiras digitais substituem a agitação das tradicionais bandeiras amarelas (perigo), vermelhas (interrupção da sessão) ou azuis (o piloto atrasado deve ceder a passagem).

Proporcionam "uma excelente visibilidade a altas velocidades e em todas as condições meteorológicas" e prestam informação sobre as condições da pista para todos os pilotos, salientou a Dorna Sports.

Em estreia em Portugal e em teste para habituação quer da organização, quer de pilotos, a partir da temporada e 2022 a sua instalação passa a ser obrigatória em todos os circuitos que acolham corridas de MotoGP.