Nuno Vitorino, finalista no mundial (quarto lugar) ISA World Parasurfing Championship 2018, disputado na Califórnia, campeão europeu, no ano seguinte, na categoria AS 5 Assist. na praia do Cabedelo, Viana do Castelo, no primeiro campeonato europeu de surf adaptado (European Adaptive Surfing Championship) e vencedor do campeonato britânico de surf adaptado, em Bristol (2020), estreia-se na 5.ª edição do US Open Adaptive Surfing Championship, de hoje até 11 de setembro, no Oceanside Pier, San Diego, Califórnia.
Será o primeiro português a participar na prova na qual são coroados os campeões mundiais do circuito profissional de surf adaptado.
A vontade de competir. De ex-nadador a free surfer após o mundial do adeus.
Para o presidente da Surf Addict – Associação Portuguesa de Surf Adaptado - e pioneiro em Portugal na modalidade, será o regresso às competições de surf após ter “pendurado” a prancha em dezembro passado, no final do seu último mundial. Sem tristezas, despediu-se em lágrimas, deixando o rasto de “sensação de dever cumprido”, disse, após ser eliminado nos quartos de final.
Antes da estreia no icónico evento de surf adaptado em que participam os surfistas de elite, no intervalo, entre o mundial do adeus e a prova de atribuição dos títulos mundiais, para os quais não entra a concurso, Vitorino sagrou-se campeão (categoria Prone 2) do Pantín Classic, na Galiza, 35.ª edição da mítica prova galega que marcou o arranque do Circuito de Qualificação (WQS) europeu 2022/23, etapa na qual Teresa Bonvalot saiu vencedora.
Irrequieto por natureza, incapaz de resistir ao chamamento do mar, aos 44 anos, competirá como free surfer. Será, doravante, o novo estado competitivo de quem abandonou a alta competição pela segunda vez na vida, depois de o ter feito em 2006 na qualidade de atleta de...natação adaptada.
"Desde que saí da seleção nacional de surf adaptado sempre tive muita vontade de voltar a competir”, afiançou. “Como free surfer tenho a possibilidade de participar em qualquer prova, em qualquer lugar do mundo”, esclareceu. “Para mim o que importa é motivar toda a gente e mostrar que não há impossíveis", afirmou o ex-atleta paralímpico de natação (Jogos Paralímpicos de Atenas, 2004).
Essa escalada das impossibilidades faz parte da vida do rapaz que aos 18 anos ficou tetraplégico devido a um acidente com uma arma de fogo numa brincadeira com um amigo. Um testemunho de tenacidade deixado numa conversa com o SAPO24 na casa que é sua e de todos os surfistas, Carcavelos, praia onde está sediada a associação a que preside.
Fora da luta pelo título
A prova californiana, organizada pela Stoke for Life Foundation, contará com cerca de 100 surfistas.
Nuno Vitorino, recorde-se, não disputará qualquer título mundial (discutidos pelos atletas que participaram em todas as provas do circuito), competirá num sistema open na classe Prone Assist, isto é, atletas que surfam na posição deitada e são assistidos por um treinador (Elson Pereira) dentro de água. Jesse Billauer, duas vezes campeão do mundo da modalidade, em 2015 e 2020, é um dos surfistas em ação.
“Competir nos EUA implica um investimento financeiro grande e para conseguir entrar neste campeonato tenho o apoio de várias marcas que acreditam em mim e no meu potencial”, assinalou Vitorino.
Dinheiros à parte, Vitorino acolhe apoio especial vindo de atuais e ex-atletas das áreas que lhe são próximas e familiares: Tiago “Saca” Pires, o primeiro surfista português a competir no Circuito Mundial da World Surf League (WSL).
Pedro "Pecas" Monteiro (ex-atleta e atual treinador), João de Macedo (Ondas Grandes), Hugo Pinheiro (bodyboarder) e Simone Fragoso (paralímpica, natação).
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