Fernando Correia, porta-voz do clube de Alvalade, garantiu esta tarde, na sequência da suspensão do Conselho Diretivo hoje conhecida, que "Bruno de Carvalho se mantém como presidente do Conselho Diretivo do Sporting Clube de Portugal", dando depois a palavra a Elsa Judas, presidente da comissão transitória da Mesa da Assembleia Geral nomeada por este mesmo Conselho Diretivo, e Bernardo Trindade Barros, vice-presidente da dita comissão.
Elsa Judas considera que a decisão hoje conhecida de suspensão levada a cabo pela "putativa" Comissão de Fiscalização designada pela Mesa de Assembleia Geral (MAG) demissionária, liderada por Jaime Marta Soares, visa impedir aos sócios de ter a última palavra sobre a atual direção. Elsa Judas considera ainda que todas as decisões tomadas por esta Comissão de Fiscalização são "ilegítimas".
"O que se pretende de todo não é dar a voz aos sócios, não é a marcação de uma Assembleia Geral. Quem manda é a Assembleia Geral e não a Mesa, ou seja, os sócios do Sporting Clube de Portugal", acrescentou. "O que ficou aqui provado é que o ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral [Jaime Marta Soares] percebeu que de facto o Dr. Bruno de Carvalho e o Conselho Diretivo a que preside têm feito um excelente trabalho, que está a ser cada vez mais reconhecido, pelos sócios e, logo, caso haja eleições, ganha", disse Elsa Judas.
Mais, acrescenta a responsável, a Assembleia Geral convocada pela MAG demissionária [para 23 de junho], está pejada de irregularidades e mesmo realizando-se nunca teria capacidade para destituir o Conselho Diretivo em funções. "Isto que aconteceu hoje [a suspensão] é que não interessa dar a voz aos sócios. (...) A última palavra de validação cabe aos sócios em plenário. E os sócios querem e os sócios têm de falar, e vão falar, dia 17 de junho [data para a qual está convocada uma Assembleia Geral Ordinária]".
Tomando a palavra, Bernardo Trindade Barros, expôs a sua leitura da situação dizendo que, face à demissão da MAG, anunciada a 17 de maio por Jaime Marta Soares, cabia a este órgão demissionário única e exclusivamente manter-se em funções para a assegurar o normal funcionamento do clube até à sua substituição. Assim, considera, o que deveria ter sido feito pela MAG demissionária era convocar eleições com vista à alteração da sua própria composição, algo que não aconteceu porque, a seu ver, o único objetivo desta MAG demissionária é a destituição do atual Conselho Diretivo do clube, presidido por Bruno de Carvalho.
Numa exposição sobre aquilo que preveem os estatutos nestas situações, Trindade Barros acrescentou que a substituição da MAG demissionária por uma comissão transitória (a qual integra) é uma solução prevista nos estatutos e a solução adoptada, justificando assim a sua legitimidade. Assim, diz, cabe aos sócios requerer a destituição dos membros do Conselho Diretivo à comissão transitória da Mesa da Assembleia Geral. "Golpadas é que não", concluiu.
Tomando de novo a palavra, já no momento das questões colocadas pela comunicação social, Elsa Judas reiterou que Bruno de Carvalho e o Conselho Diretivo (CD) do clube vão continuar em funções, apesar de suspensão imposta pela Comissão de Fiscalização.
“Vou garantir que ele vai continuar em funções”, disse, acrescentando: “É a lei que lhe dá a garantia de que ele vai continuar em funções (…) Com certeza que o Dr. Bruno de Carvalho e a sua direção estão legitimados por quem têm de estar, pelos sócios”.
Elsa Judas justificou ainda a ausência de Bruno de Carvalho por se considerar que a conferência de imprensa em causa devia ser conduzida pelas pessoas mais capazes nesta fase para responder às questões de se colocam com a anunciada suspensão.
Já sobre as várias Assembleias Gerais (AG) convocadas pelos diferentes organismos em disputa no Sporting, Elsa Judas reiterou a validade da AG marcada para 17 de junho.
A suspensão de Bruno de Carvalho
Bruno de Carvalho convocou uma conferência de imprensa para esta tarde — à qual não compareceu — na sequência da sua suspensão, com efeitos imediatos, anunciada pela Comissão de Fiscalização designada pela Mesa de Assembleia Geral do Sporting, liderada por Jaime Marta Soares.
Esta quarta-feira, 13 de junho, a Comissão de Fiscalização designada pela Mesa de Assembleia Geral do Sporting anunciou ter suspendido preventivamente o Conselho Diretivo do Sporting, uma decisão com efeitos imediatos.
Com esta decisão, considera a comissão, "qualquer ato que seja tomado a partir daqui pelo Conselho Diretivo será nulo e de nenhum efeito". Jaime Marta Soares, por sua vez, acrescentou que a Comissão de Gestão do clube será conhecida nas próximas horas.
Bruno de Carvalho, todavia, recusou a legitimidade desta decisão. O presidente dos "leões" considera que se trata de uma "golpada", de uma "tomada do poder à força", levada a cabo por uma entidade que não tem legitimidade para tomar esta decisão. "É completamente ilegal tudo o que se está a passar", considerou o presidente numa publicação partilhada no Facebook em reação à suspensão.
Já em declarações à SIC quando questionado sobre aquilo que irá fazer nos próximos dias, Bruno de Carvalho disse apenas que vai “trabalhar normalmente”. “Nós não temos de fazer nada porque este senhores é que têm de provar que estão legitimados. Eu vou trabalhar normalmente. Estes senhores é que não são legítimos”.
O braço de ferro entre Conselho Diretivo e Mesa da Assembleia Geral
A crise no Sporting teve origem na perda do segundo lugar do campeonato, na última jornada, para o Benfica, e acentuou-se dias depois, em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com as autoridades a deter 27 dos alegados atacantes, que ficaram em prisão preventiva.
Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, em 01 de junho, o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal, e na segunda-feira, mais quatro jogadores rescindiram unilateralmente (William de Carvalho, Rúben Fernandes, Bas Dost e Gelson Martins), além da saída do diretor clínico, Frederico Varandas.
Paralelamente à crise desportiva, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o ‘team manager’ do clube, André Geraldes.
Face a estes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG), liderada por Jaime Marta Soares, e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da Direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho e criou uma Comissão de Fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD — comissão esta que avançou com agora suspensão de Bruno de Carvalho e o Conselho Diretivo que lidera.
Por outro lado, o Conselho Diretivo do Sporting decidiu substituir a MAG demissionária e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e convocou uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
Comentários