“A suspensão dos cargos e também da entrada nas instalações do Sporting Clube de Portugal (SCP) e qualquer ato que seja tomado a partir daqui pelo Conselho Diretivo será nulo e de nenhum efeito”, foi referido na conferência de imprensa da comissão de fiscalização designada pela Mesa da Assembleia Geral demissionária, presidida por Jaime Marta Soares.

"Compete à Assembleia Geral, nos termos estatutários, nomear de imediato uma Comissão de Gestão, para que obviamente não se crie no Sporting Clube de Portugal um vazio de gestão. O SCP vai certamente continuar a funcionar".

Rita Garcia Pereira referiu que "tendo presente as próprias declarações de Bruno de Carvalho", a decisão "tem efeitos imediatos", esperando não ser necessário "recorrer à via judicial e à remoção coerciva".

Quanto à Assembleia Geral de dia 17 convocada pela Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral designada pelo Conselho Diretivo do Sporting, liderado por Bruno de Carvalho, “é importante que os sócios percebam que, do ponto de vista jurídico, não existe. Todas as decisões que ali foram tomadas são nulas e de nenhum efeito”. Assim, a Mesa da Assembleia Geral mantém-se em funcionamento e é a única entidade com competência para marcar uma Assembleia Geral.

Há agora um prazo de dez dias úteis para o contraditório por parte do Conselho Diretivo.

O presidente da Mesa de Assembleia Geral do Sporting disse hoje que a Comissão de Gestão do clube será conhecida nas próximas horas. Jaime Marta Soares disse que tudo será “feito de acordo e com respeito pelos estatutos”.

A reação de Bruno de Carvalho

Bruno de Carvalho já reagiu ao sucedido na sua página de Facebook, falando hoje em "tomada de poder à força", depois de ter sido suspenso preventivamente pela Comissão de Fiscalização designada pela Mesa de Assembleia Geral.

"Aqui está a golpada [de] que estou a falar faz duas semanas. Este pelotão de fuzilamento que se autointitula Comissão de Fiscalização foi criado para isto: Nunca quiseram realizar a AG de dia 23; É uma tomada de poder à força; É completamente ilegal tudo o que se está a passar", escreveu Bruno de Carvalho.

Bruno de Carvalho diz que "os sócios têm de se revoltar perante esta tomada de poder", pois "quem manda no clube são os sócios todos e não meia dúzia".

O presidente dos leões prestou declarações à SIC. “O único órgão eleito legitimamente é o conselho diretivo e tomámos as nossas decisões perante os estatutos e a lei, e para nós as decisões são as corretas, tanto que existe uma Mesa da Assembleia Geral e uma comissão de fiscalização transitória que não é esta”, referiu.

Questionado sobre aquilo que irá fazer nos próximos dias, Bruno de Carvalho disse apenas que vai “trabalhar normalmente”. “Nós não temos de fazer nada porque este senhores é que têm de provar que estão legitimados. Eu vou trabalhar normalmente. Estes senhores é que não são legítimos”.

“Aquela não é comissão de fiscalização do Sporting. Quem tem de dizer alguma coisa é um juiz. Esta comissão não tem validade absolutamente nenhuma. O presidente da MAG não é Jaime Marta Soares e a Comissão de Fiscalização não é esta".

Questionado se admite a hipótese de ser impedido de entrar no estádio de Alvalade, Bruno de Carvalho limitou-se a dizer: “nem percebo a sua pergunta. Ninguém foi suspenso de nada”.

O presidente do Sporting Clube de Portugal vai falar hoje, 13 de junho, às 14h00.

Crise no Sporting

A crise no Sporting teve origem na perda do segundo lugar do campeonato, na última jornada, para o Benfica, e acentuou-se dias depois, em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com as autoridades a deter 27 dos alegados atacantes, que ficaram em prisão preventiva.

Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, em 01 de junho, o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal, e na segunda-feira, mais quatro jogadores rescindiram unilateralmente (William de Carvalho, Rúben Fernandes, Bas Dost e Gelson Martins), além da saída do diretor clínico, Frederico Varandas.

Depois destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da Direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.

Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho – sobre a qual foi interposta uma providência cautelar que foi indeferida liminarmente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.

O CD do Sporting decidiu substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.