Com nove jornadas para o término do campeonato, menos de um quarto da época, chegam os momentos de decisão. É a partir de agora que se fará a distinção entre os mais fortes, entre os que cedem e os que não cedem à pressão. Mais que a forma física ou as táticas, os fatores que farão a diferença serão psicológicos. Quem apresentará maior capacidade de lidar com a pressão é a pergunta para a qual qualquer leitor gostaria de ter a resposta, mas infelizmente essa é uma análise impossível de fazer. Ainda assim, há fatores que podem ser analisados e que poderão ajudar a perceber quem terá mais probabilidades de permanecer na Premier League.

Segundo a tabela classificativa, são várias as equipas com grandes probabilidades de serem despromovidas esta época, mais do que em qualquer outra época por esta altura. Percebendo que apenas dez pontos separam o oitavo classificado (Leicester City, 37 pontos) da linha de água (Crystal Palace, 27 pontos), podíamos considerar todos os treze clubes como sérios candidatos. Ainda assim, e se nos basearmos nos pontos necessários para assegurar a manutenção nas últimas oito edições - 35, 38, 36, 34, 37, 37, 40, respetivamente, da época passada até à temporada 2010/11 - podemos concluir que muitas destas equipas, por muito que tenham uma curta distância para a concorrência, poderão muito bem já estar tranquilas. Assim sendo, reduzimos a lista a oito equipas e analisamos os seus calendários.

20.º - West Bromwich Albion

Há oito temporadas consecutivas na Premier League, tem feito excelentes campanhas. Mas este ano tem deixado muito a desejar. Com os adeptos e antigas glórias do clube a virem a público manifestarem não só o seu desagrado, como o seu espanto pela (ainda) permanência de Alan Pardew à frente da equipa, não se espera que os Baggies consigan sair da situação em que estão.

Com cinco partidas por jogar em casa e quatro fora, e ainda com três jogos frente a rivais na tabela classificativa, pode dizer-se que seria uma surpresa se o WBA conseguisse sair da situação preclitante em que se encontra.

19.º - Stoke City

De todos os clubes apresentados aqui hoje, é o que mais épocas seguidas na Premier League: dez. Um histórico da liga que, não se encontrando na melhor das posições, terá ainda excelentes condições para permanecer no ‘aquário dos tubarões’.

Com cinco jogos em casa e quatro fora, e com três dos quais, contra adversários diretos, o grande investimento no plantel terá obrigatoriamente que vir ao de cima. Das equipas perto da zona d’água é aquela, a par do Southampton e West Ham das que mais investiu e terá que confiar na capacidades desses mesmo jogadores para o ‘sprint’ final da época.

18.º - Crystal Palace

Dado como relegado de há muitas semanas a esta parte, o Crystal Palace tem vindo a surpreender nas últimas jornadas. Com uma recuperação lenta mas algo estável, após as primeiras onze jornadas com apenas uma vitória e um empate, encontra-se agora numa situação menos negativa.

Ainda assim, com quatro jogos caseiros e cinco fora até ao final, parece ser um dos principais candidatos e um mais que provável a ficar nos últimos três lugares após o dia 13 de maio de 2018. Se, contudo, conseguir a permanência, é por si só um feito inédito, já que esteve numa situação de desvantagem pontual, por volta do meio da época, nunca antes recuperada por outra equipa na Liga Inglesa.

17.º - Southampton

O grande "choque" desta lista. Há apenas seis temporadas seguidas na Liga, mas com enorme investimento, desenvolvimento e estabilidade nos últimos anos, esta posição é tudo menos esperada. O Southampton é e será uma das maiores desilusões da era moderna da Premier League, caso venha a descer de divisão. Ainda com Mauricio Pellegrino aos comandos da equipa, os resultados, principalmente após uma difícil época natalícia, têm custado a aparecer. Isto levou a que o conjunto onde atua Cédric Soares se encontre a apenas 1 ponto da linha de água e, para piorar as coisas, é de todas estas equipas, a que pior calendário apresenta até ao final do campeonato.

Apenas três jogos caseiros, sendo que dois deles serão contra Chelsea e Manchester City, e seis jogos longe do St. Mary’s Stadium. E será aqui que os Saints terão que mostrar do que são feitos. O único fator a favor da equipa do sul de Inglaterra é o facto de três desse seis jogos serem contra adversários directos e, na tabela que soma apenas os jogos fora, o Southampton ser décimo classificado (ao contrário da tabela caseira, onde a equipa ocupa uma muito pouco honrosa décima nona posição, penúltimo classificado, abaixo da linha de despromoção).

16.º e 15.º - Newcastle e Huddersfield

Ambos numa posição frágil. e acabados de chegar da Championship, Magpies e Terriers quererão tudo menos voltar para baixo. Encontrar estabilidade será a prioridade, mas para isso terão que ultrapassar os obstáculos. O Newcastle tem a vantagem de realizar três jogos caseiros (dos cinco a disputar) contra adversários diretos. Caso consigam tirar vantagem do facto de jogar em casa, que este ano também não tem jogado a seu favor, terão a vida facilitada.

No caso do Huddersfield, a situação é parecida, mas não tendo tido o mesmo tipo de investimento que os adversários diretos, poderá mesmo sucumbir na fase final da época. A irregularidade tem sido uma constante da equipa e poderá mesmo ser uma das equipas a descer.

14.º - West Ham United

Com um dos maiores investimentos da época, a adaptação ao estádio Olímpico não foi a melhor. Contudo, já tendo estado abaixo da linha d’água o West Ham, com maior ou menor dificuldade, deverá fazer os pontos necessário à permanência.

13.º - Swansea

E eis que chegamos à grande surpresa da última metade de campeonato, muito devido à interferência de um treinador português. Também ele um clube com inúmeras épocas consecutivas na maior liga inglesa, sete no total, o Swansea não só tem hipóteses grandes de se salvar, como tem um dos calendários mais favoráveis de entre os candidatos à descida. Igualmente com cinco jogos caseiros e quatro fora de portas, os Swans terão a oportunidade de disputar quatro jogos contra adversários diretos e dependerão, em grande parte, de si mesmos para conseguir a manutenção. Continuando com as boas prestações e aproveitando a ‘onda’ de euforia e motivação, Carvalhal tem tudo para fazer uma resgate épico, e deixar a sua equipa, adeptos e dirigentes com sorrisos de orelha a orelha, depois de já todos os darem como garantidos na Championship para a próxima temporada.

Tendo em conta os números mínimos para a permanência das últimas épocas, podemos concluir que 39 poderá ser um número muito perto do necessário para garantir a permanência. E se assim for, basta ao Swansea de Carvalhal conquistar nove pontos. Três vitórias em nove encontros é tudo o que o Swansea poderá precisar. Nesta altura, tal parece mais do que possível, dando corpo e um final feliz a uma tremenda recuperação.

Últimas notas

Dos oito candidatos à descida, quatro já mudaram de treinador. Sem grande surpresa três dessas equipas, ocupam os últimos três lugares, sendo que o West Ham, conseguiu uma interessante recuperação, mas ainda não se encontra totalmente a salvo. Em nota de curiosidade, as chicotadas psicológicas que acabaram, até ao momento, por resultar, foram as de Everton, Watford e Leicester City (e Swansea, claro). Ainda assim, a par de West Ham, três equipas com um enorme investimento.

Os três últimos classificados são os únicos a não somar uma única vitória nas últimas seis jornadas. O que por si só nos deixa a pensar na sua recente forma e nas probabilidades que os mesmo têm em descer de divisão.

Tudo somado, aqui fica uma previsão dos prováveis despromovidos: WBA, Crystal Palace e Huddersfield.

Este fim de semana na Premier League

Como não poderia deixar de ser há jogo grande - e que jogo grande! Um duelo pelo segundo lugar e uma batalha entre defesa e ataque. O Manchester United recebe o Liverpool. Carvalhal deu a receita e fez o Ferrari de Liverpool ficar encalhado no trânsito durante noventa minutos. José Mourinho terá o seu próprio plano de jogo, mas grande parte do mesmo passará por anular o veloz contra ataque dos Reds liderado por Firmino, Mané e Salah. A não perder: sábado, dia 10, pelas 12h30.

Também a não perder, já que poderá começar a definir contornos no fundo da tabela, os embates entre Huddersfield e Swansea, e Newcastle e Southampton, ambos também no sábado, dia 10, mas pelas 15h00.