Na passada quinta-feira a Premier League lançou, em parceria com o serviço nacional de saúde inglês, um video para que os adeptos tenham todos os cuidados necessários antes, durante e após assistirem a jogos ao vivo. Uma situação normal que tem sido rotineira em qualquer local público.
O passo seguinte envolve os intervenientes diretos no espetáculo. Com um comunicado no seu site oficial, a Premier League informa que, na habitual cerimónia de apresentação das equipas, não haverá qualquer contacto entre jogadores, árbitros e equipas técnicas. Obviamente que isso não se aplica jogo em si, mas sim a todos os movimentos e contactos desnecessários extra jogo que a liga está a tentar evitar a todos os custos.
Se estas são, até ao momento, as duas medidas colocadas em prática pela Premier League, notícias de que mais medidas se seguirão não faltam. Umas a ser tomadas pela Premier League, outras pelo Governo inglês.
Para já será incalculável a quantidade de dinheiro que a Premier League e as equipas que a compõem poderão vir a perder num futuro próximo. As normalmente muito rentáveis pré-temporadas nos Estados Unidos e na Ásia estão praticamente fora de questão. A organização das mesmas já está em andamento e as devidas precauções, a serem tomadas, serão tomadas antes do final da época. Para além da pré-época, um futuro ainda mais próximo, poderá trazer novidades e prejuízos.
Segundo membros da direção do Everton, é muito provável que, à semelhança do que aconteceu na Seria A (liga italiana de futebol), os jogos a contar para a Premier League e restantes divisões inglesas, passem a ser disputados à porta fechada. De lembrar que em Itália, foi decretado que todos os jogos fossem disputados à porta fechada, pelo menos, durante o próximo mês. Obviamente que o impacto monetário se torna secundário, perante a saúde pública, mas tendo em conta a sua importância no modelo atual de futebol, este será um aspeto a ter em conta nos próximos tempos. Dinheiro de bilheteira, patrocínios, presenças em torneios, etc, todo aspetos que irão afetar as equipas e a preparação para a temporada seguinte.
Assim sendo, a jornada 29, a disputar-se este fim de semana poderá mesmo ser então a última jornada, durante algum tempo, a ser disputada com público presente nos estádios, como acima referido. Contudo, a propagação do vírus poderá afetar esta edição da Premier League de forma muito mais arrebatadora.
E se o campeonato não chegar ao fim?
Somos agora confrontados com uma hipótese um pouco mais drástica do que as anteriores, mas que poderá ser apenas o curso natural da prevenção contra o vírus e uma solução que não estará nas mãos da Premier League, mas sim do Governo Britânico. A qualquer momento, caso a propagação do vírus acelere e os números de contaminação aumentem de forma considerável, o campeonato poderá mesmo não chegar ao fim. O adiamento de jogos poderá ser de tal forma habitual que a Liga terá que tomar uma decisão tendo em conta se será viável realizar todos os jogos que faltam até ao verão. Apesar de este ser ainda um tema especulativo, a possibilidade está já a ser estudada, considerada e questionada por clubes e pela própria Premier League. Tanto assim é que já se sabe inclusivamente que os estatutos da liga não prevêem tal situação e caso esta venha a ser considerada, não existem precedentes, uma vez que, desde a sua criação em 1992, nunca a Premier League teve que ser cancelada.
O que acontecerá aos clubes que estão em vias de ser despromovidos? O mais provável é a edição de 2019/20 não ter efeito e os clubes permanecerem na Premier League na edição seguinte. Se assim for, o que acontece ao campeão? Exatamente o mesmo, não existirá campeão, uma vez que a edição da liga não será reconhecida oficialmente. E, isto, mesmo que o Liverpool já seja campeão à data em que a liga possa vir a ser cancelada. A equipa de Klopp terá que vencer quatro jogos, caso o Manchester City vença todos os seus jogos até lá, para se tornar oficialmente campeão desde 1990, mas mesmo assim, e caso a liga tenha mesmo que vir a ser cancelada, como muitas competições por outros países fora, este não será coroado oficialmente campeão inglês.
Também difícil de perceber poderá ser a questão dos lugares de acesso à Europa. Podemos assumir que a liga terá que atribuir os lugares às mesmas equipas que participaram nesta mesma temporada já que, sem efeito, a edição deste ano começaria então de novo.
Mas não será só o futebol a ser afetado, obviamente, já que o jogo de râguebi entre Itália e Inglaterra, a contar para as Seis Nações, acaba de ser adiado. A Maratona de Londres, a realizar a 26 de abril de 2020, está também ela seriamente em risco, assim como todos os eventos desportivos no Reino Unido e por todo o mundo fora. Apesar de, como disse anteriormente, estarmos apenas a especular, este pode mesmo ser um cenário muito real dentro de algumas semanas. Sem sinais de abrandar, a propagação do Covid-19 já colocou em causa eventos de Fórmula 1 (Grande Prémio de Shanghai foi adiado) e estão muitos outros igualmente em risco; no atletismo, os Mundiais de Pista Coberta já foram cancelados; no ciclismo, diversos atletas estão em quarentena; no ténis, vários torneios cancelaram finais, outros estão agora em dúvida — a equipa chinesa teve que abandonar a Taça Davis já que a sua equipa não pôde viajar até à Roménia. Embora existam mais situações.
Esta semana na Premier League
Tendo o Arsenal respirado de alívio graças ao Watford (já que o Liverpool está então impedido de ser campeão sem nenhuma derrota no currículo), a Premier League avança com um pouquinho menos de emoção — ainda que com jogos recheados de pressão já que a luta pelos lugares europeus está ao rubro. Um deles será o confronto entre os eternos rivais Manchester United e Manchester City, que terá lugar no domingo, dia 8, naquele que poderá ser um ponto de viragem e afirmação para a equipa de Bruno Fernandes. Estão no quinto lugar, a apenas dois pontos do Chelsea, que recebe o Everton de Ancelotti, mas muita coisa poderá mudar na tabela da Premier League.
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