Com a maioria dos clubes da Premier League a gastar enormes quantias de dinheiro no mercado de transferências, o Southampton tem tido um política de contratações equilibrada. Mesmo vendendo todas as épocas, tem sido capaz de manter um onze base que lhe permite, acima de tudo, uma regularidade qualitativa desde o início das temporadas.

Olhemos, por exemplo, para a posição de defesa-central. Não sendo esta época uma exceção, os Saints, precavendo-se quanto à possibilidade de saída do holandês Virgil van Dijk, contrataram dois jovens defesas-centrais (Wesley Hoedt, ex-Lazio, por 16 milhões de euros, e Jan Bednarek, ex-Lech Poznan, por 6 milhões de euros).

Com tempo para permitir a adaptação dos referidos jovens a uma nova realidade, uma vez que van Dijk acabou por não abandonar o clube, a verdade é que o Southampton não tem necessidade de promover alterações no centro da defesa (apesar de, nestas primeiras jornadas, Jack Stephens ter ocupado o lugar que era de van Dijk na época passada, ao lado de Yoshida).

Já no que toca ao meio-campo, as coisas são diferentes. Mas antes de analisarmos o reforço dos Saints para o centro do terreno voltemos, por instantes, atrás no tempo.

Efeito Wanyama

Tendo, nas últimas quatro temporadas, uma regularidade fantástica no que à classificação diz respeito - oitavo, sétimo, sexto e novamente oitavo na temporada que passou -, há precisamente um ano o Southampton não conseguiu reforçar um aspeto que se viria a mostrar fulcral para o desempenho da equipa. Uma saída importantíssima, numa zona do terreno onde o coração de um conjunto reside: a posição de médio-defensivo.

Victor Wanyama chegou ao Southampton em julho de 2013 foi o homem a quem foi confiado o lugar e que correspondeu da melhor forma às expetativas que sobre ele existiam (até abandonar o clube, em julho de 2016). Nas três épocas em que o queniano teve a responsabilidade de ocupar a posição de médio-defensivo dos Saints, o Southampton melhorou ano após ano.

Não parece ser coincidência a subida de rendimento até sexto lugar na tabela classificativa, e também não parece ser coincidência a queda para oitavo lugar na classificação final, após a sua saída. Não só uma queda na classificação, mas um claro decréscimo na diferença de golos. No futebol, o meio-campo pode fazer ou quebrar uma equipa, e um médio defensivo de classe mundial poderá mesmo fazer a diferença.

Não sendo uma causa cientificamente provada, é inegável que a influência de Wanyama se fez notar, quer no Southampton, quer no Tottenham. Assim sendo, o que fez o Southampton para colmatar as dificuldades que enfrentou com a saída do camisola 12?

Trio Maravilha

Tendo como exemplo a época passada — onde o decréscimo de confiança e consistência no meio campo se fizeram notar —, o Southampton recusou-se a cometer o mesmo erro e foi ao mercado. Dezoito milhões de libras foram o suficiente, não só para quebrar o recorde de transferências do clube do sul de Inglaterra, mas também para convencer a Juventus a libertar Mario Lemina, o médio ‘todo-o-terreno’ que estava no clube há apenas dois anos.

Lemina foi a escolha dos Saints para trazer, de novo, o equilíbrio necessário ao meio campo da equipa e a meu ver, não poderiam ter feito melhor escolha. O médio nascido no Gabão tem 24 anos, 1,80m e muita qualidade. Com capacidade de jogar com os dois pés (tendo, ainda assim, o pé direito como preferido) o jovem formado em França traz um perfume especial à sua equipa, juntando uma capacidade de trabalho acima da média a uma técnica fantástica. De notar ainda o seu posicionamento e capacidade de recuperação bolas, bem como da "facilidade" com que este "oferece" aos seus colegas de equipa a possibilidade de terem mais e melhor posse de bola.

Tendo observado a equipa nos últimos dois jogos, começo a pensar que será possível ao Southampton bater o seu recorde de pontos na Premier League (63, em 2015/16).

A capacidade de recuperação de bolas da equipa melhorou a olhos vistos e a forma simples e eficaz como segura e controla o jogo permite sair para o ataque mais depressa ou mais devagar, consoante as exigências de cada partida. Nota-se que ainda falta uma melhor definição nalguns lances, onde a bola é lançada na frente sem grande critério, mas no cômputo geral a equipa está a mostrar muito potencial e, com mais algumas semanas, o ritmo que este Southampton tentará impor aos seus adversários poderá trazer resultados muito favoráveis.

Lemina não joga sozinho claro, e essa é outra das razões para as indicações iniciais da equipa. Oriol Romeu e Dušan Tadić formam com o Gabonês um trio ‘terrível’, que tem potencial para voos muito altos. Se o primeiro dá uma tremenda estabilidade na posse de bola, o outro dá isso e muito mais. Tadić é um mago com a bola nos pés. Ainda a passar por baixo dos radares dos maiores clubes ingleses, o sérvio tem sido peça fundamental na mecânica ofensiva dos três treinadores que já passaram pelo Southampton, desde a sua chegada ao clube. Com a colaboração do experiente capitão Steven Davis e do jovem talento James Ward-Prowse, os Saitns, com um pouco mais de tempo, poderão ser um caso sério nesta edição da Premier League.

Mercado de transferências: uma nota final

Há três semanas falámos sobre a possibilidade de os clubes da Premier League poderem adiantar a data do fecho de mercado para antes do início da competição. Chegada a data para votação (ontem, dia 7 de setembro), os clubes decidiram então votar a favor dessa medida. À partida pensava-se que a proposta não iria passar e a principal razão pela qual os clubes poderiam decidir não aderir, nada teria a ver com a falta de concordância pela medida em si. A suposta rejeição da proposta seria baseada, única e exclusivamente, no facto de as outras mais importantes ligas não aderirem e, com isso, o principal campeonato inglês poder ficar em clara desvantagem na reta final do mercado.

Ainda assim essa não foi a opção tomada pelos clubes e a Premier League, mais uma vez, encontra-se na vanguarda do futebol, desafiando as suas regras e tradições. Na minha opinião, é uma decisão correta e que vem beneficiar os clubes que se reforçam bem e a tempo do início de temporada. Por muito que os clubes ingleses estejam em desvantagem, tenho a certeza que a medida se tornará popular entre as restantes ligas e que num futuro próximo a regra esteja, mais uma vez, uniformizada.

Por fim, e de forma a colocar um ponto final na saga de transferências de última hora, deixo-vos as mais esperadas estreias que poderão ter lugar nesta quarta jornada: Danny Drinkwater (Chelsea), Serge Aurier e Fernando Llorente (Tottenham), Alex Oxlade-Chamberlain (Liverpool), Wilfried Bony e Renato Sanches (Swansea), e ainda Nikola Vlasic (Everton).

Quarta jornada, essa, que começa a toda a velocidade! Amanhã, dia 9 de setembro, pelas 12h30, temos um excitante Liverpool vs. Manchester City. Conseguirá Jürgen Klopp manter a sua invencibilidade perante o Manchester City? Num total de 4 jogos disputados frente aos Citizens, Klopp apresenta um saldo de 3 vitórias e 1 empate. Ainda assim, os comandados de Guardiola apresentam-se com apenas 1 derrota nas últimas 23 partidas disputadas no Etihad. Contudo, os citizens mantiveram a sua baliza em branco em apenas 6 desses 23 jogos caseiros, facto que aliado à boa forma do red Sadio Mané (marcou nas suas últimas 4 presenças a contar para a Premier League) e aos 17 golos apontados nos últimos 4 encontros entre ambos, faz esperar, sem margem para dúvidas, um jogo cheio de golos e emoção.

Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra, passou por clubes como o MK Dons e o Luton Town, e também pela Federação Inglesa, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO 24. E não se esqueça que poderá sempre juntar-se à nossa liga SAPO 24 na Fantasy Premier League. O código de acesso é o 3046190-707247.