A 10 de dezembro, Tsunekazu Takeda, de 71 anos, foi indiciado por juízes parisienses, que tentam há três anos esclarecer um pagamento suspeito de dois milhões de euros feito durante a candidatura japonesa de 2013, em detrimento às candidaturas de Madrid e Istambul.

A investigação, que começou em maio de 2016, diz respeito a dois pagamentos à sociedade Black Tidings, ligada a Papa Massata Diack, uma figura central em vários casos de corrupção no desporto mundial.

Takeda, atual vice-presidente do comité de organização dos Jogos Olímpicos de 2020, já tinha sido questionado no início de 2017 por magistrados de Tóquio, a pedido da justiça francesa.

Pouco depois da revelação dessas acusações, o Comité Olímpico Japonês designou um painel de três juristas, que inocentaram o comité de campanha em setembro de 2016 sem, no entanto, realizar investigações extensivas.

De acordo com as autoridades olímpicas japonesas na época, o valor suspeito correspondia a uma "remuneração legítima de um consultor" e ninguém sabia que Black Tidings, que tem a sua base em Singapura, estava relacionada a Papa Massata Diack.

Este ex-poderoso consultor de marketing da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), presidido de 1999 a 2015 pelo seu pai, Lamine Diack, um influente membro do Comité Olímpico Internacional (COI), é suspeito de ter recebido vários milhões de euros em subornos para favorecer contratos de patrocínio e favorecer as indicações as candidaturas do Rio e de Tóquio para as Olimpíadas de 2016 e 2020.

Na imprensa, Papa Massata Diack sempre se defendeu, mas este refugiado no Senegal nunca foi ouvido pela justiça francesa, que lhe lançou um mandado de prisão internacional, enquanto o seu pai é acusado de corrupção e não pode deixar o território francês.

A investigação francesa sobre os Jogos Olímpicos de Tóquio e as do Rio foi aberta pelo Procurador Nacional de Finanças (PNF) após as conclusões das primeiras investigações internacionais contra um vasto sistema de corrupção criado dentro da IAAF para permitir que atletas russos que praticassem doping evitassem ou adiassem sanções.

Nestes casos, a jurisdição dos tribunais franceses pode ser explicada, em especial, pelo facto de os fundos terem sido branqueados em França.

Presidente do Comité Olímpico japonês nega ter sido indiciado por suborno

O presidente do Comité Olímpico japonês, Tsunekazu Takeda, negou hoje ter cometido irregularidades para favorecer a candidatura aos Jogos Olímpicos de Tóquio2020 e desmentiu ter sido indiciado, em França, por "corrupção ativa".

Em comunicado, o presidente do Comité Olímpico japonês negou a notícia publicada a esse respeito, afirmando que não cobrou nada e que não recebeu nenhuma notificação da justiça francesa sobre essa matéria.

Takeda admitiu que no mês passado participou numa sessão de interrogatório em Paris sobre as atividades para a realização dos Jogos Olímpicos de 2020, após ser convocado pelo juiz responsável pelo processo.

“O Comité de Candidatura [de Tóquio2020] pagou uma remuneração justa de acordo com um contrato de consultoria com a empresa Black Tidings e eu expliquei que não há nenhum ato desleal que envolva qualquer tipo de suborno", disse Takeda.

Segundo o jornal Le Monde, a justiça francesa investiga o pagamento, pouco antes do voto de Buenos Aires que deu a Tóquio os Jogos de 2020, de 1,8 milhões de euros à citada empresa, detida, na altura, pelo senegalês Massata Diack, filho do então presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack.

Essa verba, oficialmente destinada à preparação de dois relatórios, terá servido para subornar os membros africanos do COI, através da influência de Lamine Diack, que, na altura, fez campanha pela capital japonesa.

Takeda, apesar de não adiantar detalhes sobre a investigação, afirma que não conhece Lamine Diack e que não teve nenhum contato direto com os representantes da empresa Black Tidings, ressalvando que durante os interrogatórios não apareceu nenhuma novidade sobre o caso.

O dirigente refere que esta suspeita está a causar preocupação no povo japonês, “que mostrou desde o primeiro dia o seu apoio aos Jogos de Tóquio”, e expressou a sua disposição de “continuar a colaborar com a investigação para esclarecer essas dúvidas".

[Notícia atualizada às 12:22]