Já não há mercado de transferências sem Neymar Jr. Desde que o brasileiro se mudou para Paris, numa transferência recorde de 222 milhões de euros, que o nome do extremo vem à baila época após época. Partindo da saga da vontade de regressar a FC Barcelona, que foi ganhando força logo após a primeira temporada na capital francesa, até à renovação de contrato com o Paris Saint-Germain em 2021, momento em que a novela sobre o futuro do extremo / avançado parecia ter sanado, chegamos a mais um verão em que o 10 da Canarinha é colocado com um pé fora de França.

A informação é avançada pela rádio RMC Sport e tem por base as declarações de Nasser al-Khelaïfi, presidente do clube campeão francês, que não terão soado bem aos ouvidos de Neymar.

Numa entrevista ao jornal espanhol Marca, o dirigente questionado sobre a continuação do brasileiro na equipa para a próxima época, fugiu à resposta: "Não podemos falar desses temas na imprensa. Uns virão, outros irão, mas são negociações privadas".

Nasser, que nos últimos anos se bateu sempre pela continuação do jogador no clube, assumiu pela primeira vez uma posição reticente face ao futuro da contratação que mudou o paradigma do PSG no futebol europeu, uma afirmação de que o clube poderia contratar os melhores e que os melhores queriam vir para a capital francesa. Algo essencial para a ambição maior dos parisienses: a conquista da Liga dos Campeões.

Mas Neymar nunca foi em França o que foi em Espanha. As lesões e o contexto de vida do jogador, à vista na série lançada este ano na Netflix, Neymar: O Caos Perfeito, nunca permitiram o melhor futebol do brasileiro; e aquele que era o sucessor lógico da era Cristiano Ronaldo - Messi foi ficando para trás, longe da Bola de Ouro.

Os números decresceram e nas últimas três épocas o brasileiro foi ficando cada vez mais distante da marca dos vinte golos por temporada, somando 19 tentos em 2019/20, 17 em 2020/21 e 13 em 2021/22. Nem o facto de Lionel Messi, amigo e parceiro da 'La MSN' em FC Barcelona, um dos trios ofensivos mais icónicos da história moderna do futebol, que integrava também o uruguaio Luis Suárez, ajudaram Neymar a chegar ao patamar que se esperava.

Agora, mais um mercado, mais uma história. Nasser al-Khelaïfi quer uma equipa que faça "muito mais do que na temporada passada", um grupo para "trabalhar todos os dias a 200%" e não oferece garantias de que o brasileiro encaixe nestas premissas depois de cinco anos aquém do esperado e depois de ter garantido a renovação milionária de Kylian Mbappé, evitando a fuga do jovem francês para Madrid.

Com uma estrela, Mbappé, e um dos nomes maiores da história do futebol, Lionel Messi, Neymar deixou de ser um pesadelo recorrente e extenuante em cada mercado de transferências para Nasser. Este PSG é outro e precisa urgentemente da ambicionada Liga dos Campeões para justificar os últimos anos de investimento que incluem, para além dos 222 milhões do brasileiro, 180 milhões de euros por Mbappé, 66,5 milhões de euros por Hakimi, 64,5 milhões por Edison Cavani ou 63 milhões por Angel Dí Maria.

Os cinco nomes acima referidos são os cinco reforços mais caros da história do clube, não contabilizando os valores em clausulas da renovação de Mbappé, que no total ronda os 600 milhões de euros, ou os salários e cláusulas da assinatura a custo zero de Messi, totalizam 596 milhões de euros.

Para mudar isto, o futuro dos franceses está nas mãos de um novo diretor desportivo, o português Luís Campos, que está a preparar uma grande revolução impermeável a nomes.

Quem quer Neymar?

A notícia sobre uma eventual saída do brasileiro tem sido amplamente noticiada este domingo e teria tanto valor como qualquer outro rumor do mercado de transferências, não fosse o contexto referido. Com isso em conta, a história tem sido levada a sério e já há vários clubes atentos à situação do avançado.

Um forte candidato a uma eventual contratação de Neymar é o Chelsea, clube recentemente adquirido por um grupo liderado pelo empresário norte-americano Todd Boehly. Em Londres, o brasileiro poderia reencontrar-se com Thomas Tuchel, alemão que guiou os parisienses até à final da Liga dos Campeões em 2020 e com quem o jogador teve algumas das melhores prestações recentes.

Os Blues estão a mexer nas opções ofensivas. Romelu Lukaku deverá ser emprestado ao Inter de Milão, com a imprensa internacional a dar o negócio como praticamente concluido, e o clube tem olhado para jogadores como Sterling e Raphinha para se reforçar. Um nome como Neymar podia encaixar no projeto.

Outro clube que estará a atento à situação do brasileiro é o Manchester United. Caso Cristiano Ronaldo saia este verão, algo que o clube e Erik ten Hag, o novo técnico, querem evitar a todo o custo, Neymar poderia ser uma opção viável para encaixar no vazio deixado pelo internacional português.

Também o Newcastle, que em 2021 foi adquirido por um consórcio formado pela PCP Capital Partners, a RB Sports & Media, e liderados pelo Public Investment Fund, fundo estatal administrado pelo governo da Arábia Saudita, estará atento à situação, com o jogador do PSG a poder ser a bandeira do projeto.

Segundo a imprensa brasileira, também a Juventus vê com bons olhos um investimento em Neymar, depois de nos últimos anos ter visto sair nomes como Cristiano Ronaldo ou Pablo Dybala.

O salário do jogador poderá ser um problema, visto que Neymar é um dos jogadores mais bem pagos do mundo, com um salário superior a quatro milhões de euros brutos por mês. Também foi sido noticiado que o valor pedido pelo PSG poderá ser demasiado alto para o que o extremo mostrou nos últimos anos e para os seus 30 anos.

No entanto, outros nomes e associações surgirão nos próximos dias, como é apanágio de um bom mercado de transferências como este promete ser. E depois restará responder talvez à mais difícil das questões: o que quer Neymar?

O capitão da seleção brasileira está com os olhos postos neste Campeonato do Mundo, competição que quer ganhar, numa espécie de redenção de todos os pecados. Mas, até ao Qatar, Neymar tem de voltar ao seu melhor, seja onde for.

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