“O SRIJ está agora a averiguar em detalhe o ocorrido nas apostas efetuadas naquele jogo, tendo inclusive estabelecido contactos com outros reguladores europeus que também alertaram para esta situação”, explica aquele organismo, em resposta escrita enviada à Lusa.
O regulador afirma que agiu assim que tomou conhecimento das suspeitas: “O SRIJ informa que ontem [segunda-feira], tendo tomado conhecimento de suspeitas de irregularidades sobre as apostas desportivas sobre o jogo entre o Feirense e o Rio Ave, previamente à realização do jogo, notificou as entidades exploradoras para retirarem esta competição das respetivas listas de eventos sujeitos a aposta”, revela o regulador nacional.
O SRIJ acrescenta que esta decisão “foi igualmente transmitida à Liga Portuguesa de Futebol”.
O Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, sob a dependência do Turismo de Portugal e tutelado pelo Ministério da Economia, é o órgão competente de fiscalização da exploração e prática dos jogos de fortuna ou azar concessionados pelo Estado.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa suspendeu na segunda-feira as apostas no Placard referentes à partida entre o Feirense-Rio Ave, da I Liga de futebol, que a equipa de Santa Maria da Feira venceu nessa noite por 2-1.
“O Departamento de Jogos (DJSCML) decidiu suspender a aceitação de apostas no evento da Liga NOS, Feirense – Rio Ave, de hoje [segunda-feira], às 21:00, atendendo ao volume atípico de apostas registado e ao risco financeiro envolvido, cumprindo o disposto no art. 19º, alínea 8, da Portaria que regulamenta o jogo Placard”, revelou o DJSCML, em comunicado divulgado na segunda-feira.
Alguns órgãos de comunicação social noticiaram que a suspensão das apostas estará relacionada com “um afluxo anormal de movimentos relacionados com esta partida, em especial de uma alegada aposta de 100 mil euros de um apostador proveniente da China”.
Outros informaram que poderá estar em causa apostas no valor de 50.000 euros, efetuadas em território nacional.
O Ministério Público informou ao final da tarde de hoje que não tinha recebido nenhuma queixa ou denúncia relativa a alegadas apostas ilegais no jogo Placard, mas adiantou estar a recolher elementos para decidir se instaura ou não um inquérito.
“Não foi recebida, até ao momento, qualquer comunicação relativa a este assunto. O Ministério Público encontra-se a recolher elementos tendo em vista decidir se existe ou não matéria para a instauração de inquérito”, explicou a Procuradoria-Geral da República, em resposta escrita enviada à Lusa.
Em conferência de imprensa realizada na tarde de hoje, o CDS-PP disse querer saber se na origem da suspensão das apostas no jogo de futebol entre Feirense e Rio Ave está um “caso pontual” ou se obrigará a reforçar o processo legislativo em curso no parlamento.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, o porta-voz do CDS-PP, João Almeida, justificou desta forma o pedido de audição do diretor do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) do Turismo de Portugal que o partido entregou hoje na Assembleia da República.
“Há, do ponto de vista do parlamento, um processo legislativo em curso para punir práticas irregulares associadas a este tipo de acontecimento, designadamente apostas desportivas e eventual corrupção associadas a apostas desportivas”, explicou João Almeida, acrescentando que estão em discussão na especialidade iniciativas do CDS, PSD e PS sobre esta matéria.
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