“O Sporting corre o risco de não ter liquidez para fazer face aos seus compromissos nesta atual situação, que se vai arrastar”, afirmou Ricciardi à CMTV.
Comentando a suspensão de Bruno de Carvalho decretada na quarta-feira pela comissão de fiscalização designada pela Mesa da Assembleia Geral (MAG) e logo contestada pelo próprio presidente do Conselho Diretivo e pela comissão transitória da MAG por si nomeada, Ricciardi diz que não vê um fim à vista e considera que “vai haver danos irreversíveis”.
“Vamos assistir a uma nova ida para os tribunais (…). Tudo isto se vai arrastar e amanhã vamos assistir a novas rescisões do plantel do Sporting e o clube ficará em situação financeira cada vez mais difícil”, afirmou o antigo membro do Conselho Leonino, que apoiou Bruno Carvalho no seu primeiro mandato e que agora defende a sua saída.
Na opinião de Ricciardi, “se as coisas tivessem corrido normalmente, se o Sporting tivesse ido à Liga dos Campeões, se não houvesse estas rescisões [de Rui Patrício, Daniel Podence, Bruno Fernandes, Gelson Martins, William Carvalho e Bas Dost, que alegaram justa causa] o Sporting tinha um plantel valiosíssimo”.
“Iríamos fazer uma nova emissão de obrigações, o Sporting estava a negociar uma recompra de VMOC [valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis] por um valor muito baixo, o que iria diminuir ainda mais o passivo. Como há muitos jogadores da formação que estão por zero no ativo, quer dizer que a situação líquida da SAD iria ser ainda maior”, afirmou.
Ricciardi vê posta em risco a possibilidade de revender todo o passivo do Sporting a uma terceira entidade bancária, que o iria comprar por um valor mais baixo, contribuindo também para “uma situação líquida muito mais forte”.
“Bruno de Carvalho, nos últimos meses, deitou tudo a perder. De tal maneira que pergunto como vai ser possível reerguer uma SAD que está a levar um rombo de centenas de milhões de euros”, sublinhou.
Ricciardi acrescentou que “as pessoas não estão a perceber as consequências a nível social e político que pode ter uma situação de insolvência da SAD do Sporting, que é a mola de qualquer clube”.
“Estão a subestimar e acho inaceitável que se vá arrastando penosamente perante a passividade de todas as autoridades. Podem perguntar: ‘o que é que podem fazer?’. Não sei, mas se fosse em Inglaterra, na Alemanha, em França ou Espanha, uma situação como esta que se passou, nomeadamente o que aconteceu em Alcochete, já estava resolvida. Este arrastamento que se vai continuar a verificar (…) é muito perigoso, e estamos numa situação limite”, completou.
A crise no Sporting desencadeou-se após as agressões sofridas por vários elementos do plantel e da equipa técnica em 15 de maio, na Academia do Sporting, em Alcochete, levadas a cabo por cerca de 40 pessoas encapuzadas, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.
Depois destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho — sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG que foi indeferida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa – e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.
O CD, que não reconhece legitimidade a esta decisão, criou uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma AG ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e marcou uma AG eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
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