Segundo António Costa, “se o país quer continuar a crescer tem de aumentar os recursos humanos”, através de políticas que fomentem a natalidade, o arrendamento acessível, o desenvolvimento de creches e do pré-escolar, possibilitando uma “nova forma de conciliação entre a vida pessoal e a vida profissional”.
O governante defendeu não se poder renunciar “aos 500 mil portugueses que, entre 2008 e 2015, foram obrigados a abandonar o país” por falta de “uma oportunidade de futuro”.
O Estado pode contribuir para alterar a situação, com a isenção fiscal sobre o rendimento do trabalho em 2019 e 2020 para quem regressar, mas isso não será suficiente para quem partiu e para quem ficou, avisou o primeiro-ministro.
“Quero dizer com toda a franqueza às empresas portuguesas, e a muitas das que aqui estão, há que fazer também a vossa parte, porque é também de rever a política salarial de forma a podermos atrair esta geração”, desafiou António Costa.
O motivo é simples: “Porque se nós não atrairmos esta nova geração, há uma coisa que é segura: é que esta geração estará a contribuir para o desenvolvimento dos vossos concorrentes e não contribui para a nossa capacidade de competir na economia global”.
“Temos de ser capazes de competir e vencer este desafio na economia global e, por isso, não podemos perder esta geração”, frisou.
António Costa falava para uma plateia de empresários, agentes económicos e investigadores no congresso “Sintra Economia 20/30”, que hoje decorre no Centro Cultural Olga Cadaval.
Na sessão de abertura, o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS), salientou que o congresso não é “um ponto de chegada”, mas “um ponto de partida” para o futuro.
“O nosso problema é a falta de mão-de-obra que terá de ser resolvida pela adoção de uma política capaz de fixar em Sintra mão-de-obra, que atualmente se desloca para outros concelhos”, reconheceu o autarca, apontando como resposta ao problema “uma estratégia de mobilidade, de valorização do espaço público e obviamente salarial”.
Para Basílio Horta, o município “adota e pratica o desenvolvimento inclusivo, que é tributário de um crescimento que a todos envolva na melhoria da qualidade de vida e do poder de compra, que combata a crescente concentração de riqueza e, que seja amigo do ambiente”.
“O lucro não pode ser a única medida para avaliar a importância dos investimentos motores do desenvolvimento económico”, vincou, considerando que “um investimento que destrua emprego, agrida o ambiente e seja fiscalmente injusto, não é bom e não deve ser apoiado”.
O presidente da autarquia explicou que, se Sintra mantiver a sua atual saúde financeira” os setores prioritários a desenvolver passam pela educação e formação profissional, a mobilidade, o ambiente e o espaço público.
O orçamento municipal para 2019 atingirá “os 205 milhões de euros” e o município continuará a ser “o principal investidor no concelho, prevendo até 2021 investir cerca de 160 milhões de euros”, adiantou.
O congresso “Sintra Economia 20/30”, organizado pela Câmara de Sintra, pretende debater o desenvolvimento económico, a sustentabilidade ambiental e a mobilidade.
No Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, participam agentes económicos, académicos e do setor público com o objetivo de apontar caminhos na definição das políticas públicas que garantam o desenvolvimento inclusivo do segundo maior concelho do país, em termos populacionais, na próxima década.
O programa, com a participação do primeiro-ministro na sessão de abertura, aborda durante a manhã “recomendações para as atividades económicas”, nos setores da agricultura, comércio, indústria, serviços e turismo, com moderação de Jorge Coelho, presidente do Conselho Estratégico Empresarial de Sintra.
Os trabalhos, durante a tarde, repartem-se pelos painéis dedicados ao “Desenvolvimento económico e sustentabilidade ambiental”, à “Inovação tecnológica e universidades”, e à “Mobilidade sustentável”.
Após a apresentação das conclusões dos trabalhos, a sessão de encerramento contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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