Em comissão parlamentar, Luís Ribeiro notou que os trabalhadores do ‘handling’ (assistência nos aeroportos) podem ser a cara do sistema junto dos passageiros e “estão a ser cada vez mais confrontados com a degradação da qualidade de serviço, quer aeroportuária, quer das próprias companhias”.
“As razões podem ser múltiplas, não há aqui um vilão claramente identificável. À medida que a pressão surge na infraestrutura, a degradação começa a instalar-se e começa a acelerar”, acrescentou aos deputados.
Neste cenário, os atrasos são uma “função exponencial e só param de se acumular com o final do dia e as restrições legais à realização de voos, referiu o responsável, informando ter já falado com a Groundforce e que no seio da ANAC “estão a ser desenvolvidas ideias sobre a matéria”.
O regulador está a ponderar sobre como pode agir para ajudar a “gerir este tipo de situações, nomeadamente através de informação aos passageiros”, que pode passar pelo que as companhias aéreas podem transmitir para ajudar no planeamento de viagens.
“E outras formas mais visíveis de regulação desta matéria em termos de pontualidade”, notou Luís Ribeiro, recordando que o aumento de tráfego em Lisboa, “que ninguém esperava”, cria cada vez mais dificuldades aos “subsistemas do aeroporto” em gerir o fluxo de pessoas.
Além das medidas de “otimização de capacidade”, melhoria da informação e uma harmonia no investimento de todos os subsistemas, a solução terá sempre de passar pela “expansão da capacidade”, garantiu o responsável.
O responsável da ANAC referiu ainda que a agressão a trabalhadores é uma matéria fora da área da segurança de aviação civil “propriamente dita”, notando que a prova de que os padrões de segurança continuam a ser aplicados, mesmo com o aumento do número de passageiros, são as “filas de espera nos controlos”.
A empresa de ‘handling’ Groundforce e seis sindicatos dos trabalhadores decidiram participar juntos na reunião pedida na semana passada com o Ministério da Administração Interna (MAI) sobre as agressões que têm ocorrido.
Em declarações recentes à Lusa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), Fernando Henriques, informou que no fim de semana registaram-se três casos de agressões, duas das quais no domingo, “sempre em voos TAP”.
Segundo o dirigente sindical, a companhia aérea tem repetido situações de ‘overbooking’ (venda legal de mais bilhetes do que lugares disponíveis) e de cancelamentos.
“Estamos a falar de um barril de pólvora e de um ‘cocktail’ explosivo porque em condições normais, com os voos todos a fazerem-se, a maioria está em ‘overbooking’. Agora imagine-se com 10% da operação cancelada, como foi no domingo, com mais de 40 voos cancelados, potencia-se as irregularidades e as altercações”, assinalou à Lusa.
Questionado pelo PCP sobre as condições de trabalho dos seguranças privados no aeroporto, o responsável da ANAC informou sobre uma reunião com a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e a “vontade em desenvolver algumas ações conjuntas”.
“A ACT está neste momento a fazer a programação das suas atividades e perguntaram quais as infraestruturas em que nós gostaríamos de iniciar este tipo de cooperação, já lhes respondemos e estamos à espera de ‘feedback’ e sobre qual a disponibilidade deles para prosseguir”, informou.
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