Num comunicado conjunto emitido na sequência da reunião de segunda-feira com o Presidente da República, e ao qual a agência Lusa teve hoje acesso, o BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Novo Banco e Santander assumem o “compromisso inequívoco de apoiar a economia portuguesa”, afirmando-se “cientes de que a recuperação do tecido empresarial é essencial para o funcionamento da vida em sociedade e para o futuro e solidez dos próprios bancos, que para além da crise terão que continuar a servir a economia”.
Neste contexto, garantem que, “respeitando todas as orientações da Direção-Geral da Saúde, vão permanecer com elevado número de sucursais abertas ao público, de forma a assegurar a agilização dos apoios públicos e privados e a garantirem a inclusão de todos os cidadãos”.
Sem prescindir “do necessário rigor”, nem “por em causa os interesses e a segurança dos depositantes”, os bancos comprometem-se ainda a implementar moratórias e acelerar a chegada de fundos no âmbito dos apoios públicos às famílias e às empresas.
Paralelamente, e “além dos apoios públicos, os bancos estão e vão continuar a apresentar soluções de financiamento da sua própria iniciativa, cujo desenho e disponibilidade terão em consideração a evolução da pandemia e as suas implicações nas diversas atividades económicas”.
No comunicado, a banca assume o “forte compromisso” em colaborar “com o Presidente da República, com o Governo e com as instituições relevantes na frente económica na procura e na implementação das soluções mais adequadas para apoiar os cidadãos portugueses e os que residem em Portugal neste momento tão difícil que o país atravessa”.
O Presidente da República convocou na segunda-feira os presidentes do BPI, CGD, BCP, Novo Banco e Santander para, conforme se lê no comunicado agora emitido pelos bancos, para “partilhar a sua leitura sobre a situação económica e transmitir um conjunto de preocupações relativas à importância do apoio à economia por parte do sistema financeiro”.
O encontro serviu ainda para Marcelo Rebelo de Sousa “se inteirar das atuações que os bancos estão a promover e das respetivas preocupações neste momento tão desafiante para Portugal”.
Ao início da noite de segunda-feira, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após a reunião (que decorreu por videoconferência), o chefe de Estado disse que a banca mostra “grande mobilização no sentido de ajudar a economia” e prepara-se para comunicar aos portugueses a sua posição sobre a resposta à crise provocada pela pandemia de covid-19.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a banca está a tomar “iniciativas próprias, completando as medidas aprovadas pelo Governo”, e tem “sugestões concretas” a apresentar.
“Portanto, saio desta reunião com um estado de espírito motivado por ouvir aquilo que cada um deles disse, em pormenor, que estava a fazer, que tenciona fazer, com o mesmo objetivo. E, mais do que isso, já no final da reunião me foi dito que tencionariam fazer chegar aos portugueses, por sua iniciativa, o ponto de vista que têm sobre a situação nacional e o empenhamento com que se encontram em relação à situação nacional”, acrescentou.
Questionado se ouviu nesta reunião conjunta a garantia de que os bancos não vão lucrar com a situação do país, como têm exigido vários dirigentes políticos, o chefe de Estado não quis responder diretamente à pergunta: “Eu ouvi naturalmente as várias posições, e aquilo que os bancos tiverem a dizer de posição conjunta eles divulgarão, por comunicado, se entenderem adequado”.
O Presidente da República informou que irá dar continuidade a esta reunião recebendo, hoje, “o presidente das Associação Portuguesa de Bancos, e depois o governador do Banco de Portugal, para ter a visão da entidade e supervisiona o sistema bancário português”.
Questionado se hoje foram propostas pelos bancos novas medidas, o chefe de Estado respondeu que surgiram “algumas ideias” e “sugestões concretas”, umas que “dependem da decisão das instituições financeiras” e outras que “dependem, no domínio fiscal, por exemplo, ou no domínio da recapitalização de empresas, de iniciativa do Governo, sozinho ou em conjunto com outros parceiros económicos e sociais”.
“Sei que o Governo já conhece. De todo o modo, vou organizá-las, estruturá-las. São várias ideias, que têm a ver umas com a atividade bancária, outras com propostas que já fizeram, estarão a fazer ou que farão ao Governo, e que se completam”, prosseguiu.
Quanto às medidas aprovadas pelo Governo, foi-lhe reportado que a banca “já começou os processos tendentes a colocar no terreno o financiamento previsto nessas medidas” e que este “já chegou ou está a chegar ou vai chegar nos próximos dias e próximas semanas progressivamente às empresas portuguesas”.
Segundo o chefe de Estado, estes dirigentes bancários transmitiram a mensagem de que, depois de “anos críticos para o sistema financeiro português”, neste momento “a situação da banca pode merecer a confiança dos portugueses relativamente ao seu empenho nas medidas a cumprir, as tomadas pelo Governo ou as que tomem por sua iniciativa”.
“Nós, além de termos pago aquilo que nos emprestaram e os juros, sentimos que nos devemos empenhar neste momento – foi isso que me disseram”, relatou.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito na segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).
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