“O abrandamento mais acentuado da atividade económica a nível global, decorrente em particular da materialização de eventos de tensão geopolítica, aumentos dos prémios de risco e eventuais alterações no quadro regulamentar nacional sobre o mercado imobiliário poderão vir a traduzir-se numa interrupção brusca do dinamismo do imobiliário e, consequentemente, num ajustamento em baixa dos preços”, segundo o comunicado do Banco de Portugal que acompanha o relatório.
O supervisor considera que “o mercado imobiliário português continua a estar particularmente dependente da intervenção de não residentes, seja por via do turismo, seja por via do investimento direto”.
Esta situação constitui um potencial risco para a estabilidade financeira no caso de haver “uma eventual redução acentuada e brusca da procura de imóveis por não residentes”, de acordo com Banco de Portugal.
“No último ano, o mercado imobiliário português manteve um dinamismo elevado, com um reflexo direto no volume de transações e crescimento dos preços. Esta dinâmica tem sido justificada pelo crescimento económico, (…) mas também pelo ambiente de baixas taxas de juro e elevada liquidez, o qual induz comportamentos de procura por rendibilidade por parte dos agentes económicos”, pode ler-se no relatório.
Neste sentido, o Banco de Portugal adverte que “os bancos portugueses continuam a concentrar uma parte significativa das suas exposições no mercado imobiliário — essencialmente por via do crédito à habitação –, apesar da ligeira redução observada desde 2016″.
“A dinâmica dos preços pode representar um risco para a estabilidade financeira se introduzir prociclicidade no crescimento do crédito, nomeadamente num contexto de valorização excessiva dos preços”, reforça o supervisor no relatório.
O Banco de Portugal considera ainda que “continua a existir evidência de alguma sobrevalorização dos preços da habitação a nível agregado”.
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