A previsão hoje conhecida é mais pessimista do que a do Governo, que espera um crescimento económico de 5,4% em 2021, tal como a Comissão Europeia (CE), ao passo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) se revela ainda mais otimista, apontando para um crescimento de 6,5%.
Para 2022 e 2023, a instituição liderada por Mário Centeno espera um crescimento económico de 4,5% e 2,4%, respetivamente.
O Banco de Portugal manteve ainda as previsões para a economia portuguesa em 2020, antecipando uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 8,1%, de acordo com o mesmo Boletim Económico hoje divulgado.
As projeções mantêm a estimativa para o PIB de 2020 divulgada em outubro, devido à conjugação de dois fatores de sentido oposto: a recuperação no terceiro trimestre foi superior ao antecipado, mas a evolução da pandemia e das medidas de contenção levaram à revisão em baixa da atividade no quarto trimestre, refere o BdP.
As previsões do banco central são assim mais otimistas do que as do Governo, que apontou para uma quebra de 8,5% da economia nacional este ano, nas projeções divulgadas aquando da apresentação do Orçamento do Estado para 2021.
A previsão mais pessimista continua a ser a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que espera uma contração de 10% do PIB nacional, seguindo-se as da Comissão Europeia (CE) e Conselho das Finanças Públicas (CFP), nos 9,3%, com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a apontar para os 8,4%.
"No primeiro semestre de 2020, a atividade diminuiu 17,3%, em termos acumulados, face ao final de 2019. No terceiro trimestre, após o gradual levantamento das medidas de contenção, assistiu-se a uma recuperação rápida e acentuada da atividade, com um crescimento do PIB de 13,3% face ao trimestre anterior", recorda o Banco de Portugal na introdução do seu boletim económico.
No entanto, a trajetória de recuperação "superior à antecipada" pelo banco central, foi depois "invertida no quarto trimestre com a implementação de novas medidas de contenção em Portugal e nos principais parceiros comerciais".
"Em 2020, a economia portuguesa apresenta necessidades líquidas de financiamento face ao exterior. A deterioração da balança corrente e de capital decorre da evolução da balança de bens e serviços e, em particular, da redução do excedente dos serviços relacionados com o turismo", aponta ainda o BdP.
O Banco de Portugal aponta ainda que "o consumo privado, principal componente da procura, cairá 6,8% em 2020", recordando também que "no primeiro semestre de 2020 as famílias reduziram de forma significativa as suas despesas".
"Com o levantamento gradual das restrições, o consumo privado aumentou 12,8% em cadeia no terceiro trimestre. As compras de bens duradouros recuperaram mais rapidamente (ultrapassando o nível pré-crise), enquanto nos serviços a melhoria foi mais lenta. No quarto trimestre a recuperação do consumo privado foi invertida, estimando-se uma redução em cadeia bastante inferior à registada no segundo trimestre", de acordo com o Boletim Económico do BdP.
Em 2020 o Banco de Portugal estima ainda uma redução da formação bruta de capital fixo (FBCF, rubrica de investimento) de 2,8%, tendo sido "inferior à observada em anteriores recessões", e "comparativamente à generalidade dos países europeus, a FBCF caiu menos em Portugal refletindo o crescimento do setor da construção".
Se o investimento residencial se manterá "resiliente ao longo do horizonte" e o investimento público "deverá manter um crescimento dinâmico" ao beneficiar dos fundos europeus, "o investimento privado reduz-se em 2020, refletindo a evolução da componente empresarial", recuperando ao longo dos anos projetados.
Assim, este ano o consumo privado reduz-se 6,8%, o público aumenta 0,4%, a procura interna diminui 5,6%.
(Artigo atualizado às 20:00)
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