"Não acredito que estejamos à beira de outra crise de dívida”, reiterou Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, em entrevista à CNBC, esta quarta-feira. “E não penso que o Banco Central Europeu vá retirar o seu apoio de repente", acrescentou o ministro após os jornalistas da estação televisiva norte-americana terem realçado "os níveis de dívida assustadores" em alguns países do sul da Europa como Portugal, Grécia ou Itália.
Questionado, durante o mesmo tema, sobre o aumento da dívida líquida do país, Caldeira Cabral sublinhou a despesa relativa à capitalização dos bancos públicos como justificação para o aumento da dívida em 2015, realçando, no entanto, que esta está ao nível “abaixo de 2014”.
Criar trabalho mais qualificado e tecnológico
Na ressaca da divulgação dos números do Eurostat que mostraram que Portugal teve a segunda maior descida homóloga da taxa de desemprego (2,2 pontos) em março deste ano no conjunto dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE), o ministro da Economia salientou a criação de trabalho mais qualificado e tecnológico.
Criámos “150 mil postos de trabalho criados num ano”, realçou. “Esforçamo-nos para atrair para o país empresas tecnológicas, mas também investimento estrangeiro em áreas como startups”, conta Caldeira Cabral à CNBC.
Segundo o próprio, a atual estratégia do Governo vai dar frutos com várias “empresas multinacionais a olhar para Portugal e a encontrar boas oportunidades de investimento”.
“Há várias ideias que eu e Macron partilhamos”
Pegando nos feitos alcançados em matéria de criação de trabalho mais qualificado e tecnológico, a jornalista questionou Manuel Caldeira Cabral sobre se Portugal poderá ser um modelo de inspiração para os planos de Emmanuel Macron para a economia.
“Há várias ideias que eu e Macron partilhamos e uma delas é modernizar a economia”, disse o ministro português, revelando que na última ocasião que esteve em Paris, teve a oportunidade de conversar com o candidato às presidenciais francesas, afirmando, no entanto, que não acredita que este se vá inspirar no modelo português.
Agências de Rating: Da abordagem conservadora à melhoria de perspetiva
"As agências estão agora a reexaminar o país e que este ano podem começar a olhar outra vez e a mudar os ‘ratings’. Pelo menos, a melhorar a perspectiva para depois mexerem no ‘rating’ do país", disse Caldeira Cabral à CNBC, realçando, por outro lado, que até hoje as agências de rating têm mantido uma abordagem “conservadora” em relação a Portugal.
“Está tudo a seguir na direção correta”, acabou por acrescentar o ministro português realçando a descida do défice, a redução do desemprego e a estabilização da dívida.
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