“Os números são positivos, portanto, em termos daquilo que são os passageiros transportados, nós neste momento já estamos quase 10% acima daquilo que era transportado antes da entrada em funcionamento da Carris Metropolitana e já em convergência com os dados pré-covid”, afirmou Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), em declarações à Lusa.
A gestora dos transportes coletivos de passageiros rodoviários em 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML), embora Barreiro, Cascais e Lisboa tenham serviços próprios, já está “com perto dos 13 milhões e meio de passageiros em outubro e em novembro”, com uma procura no distrito de Lisboa, face à entrada da Carris Metropolitana, de 40% de aumento.
“O que mostra que as operações estão mais maduras, que as operações estão mais fiáveis, que as pessoas se vão acostumando e associando esta nova realidade – ainda com muita coisa para melhorar, é indiscutível, estas coisas são sempre assim, mas com uma evolução extremamente positiva”, considerou.
Nesse sentido, os desafios para o próximo ano passam por “continuar a estabilizar a operação”, ou seja, otimizar a rede para que seja mais simples e mais clara para as pessoas, reforçar a oferta e “dar muita fiabilidade à rede”, com “o cumprimento dos horários com os operadores”.
Uma vez cumpridos estes desafios, Rui Lopo acredita que se possa ultrapassar a barreira dos 14 milhões de passageiros/mês, nos chamados “meses limpos”, em que a operação decorre sem grandes interrupções provocadas por feriados ou pausas escolares.
De acordo com dados da TML, a que a Lusa teve acesso, na designada área 1, o município da Amadora registou mais de 9,2 milhões de passageiros (681.135 em janeiro/1.066.164 em outubro), Cascais mais de 1,4 milhões (102.286/167.410), embora apenas nas ligações intermunicipais, tal como Lisboa, com mais de 13,3 milhões (1.083.359/1.451.220). Oeiras teve mais de 7,6 milhões (632.104/887.008) e Sintra mais de 16,6 milhões (1.294.637/2.035.810).
Na área 2, Loures registou mais de 15,2 milhões (1.205.836 em janeiro/1.723.023 em outubro), Mafra teve mais de 1,9 milhões (164.458/262.009), Odivelas contabilizou mais de 10,7 milhões (880.659/1.213.649) e em Vila Franca de Xira foram transportados mais de 4,9 milhões (399.415/575.610).
No total, a área 1 registou mais de 48,3 milhões de passageiros (5,95% entre maio e outubro) e a área 2 mais de 32,9 milhões (1,32%). Na denominada Margem Sul (distrito de Setúbal), onde a operação arrancou em junho e julho de 2022, a área 3 (Almada, Seixal e Sesimbra) teve mais de 24,8 milhões (-0,69%), e a área 4 (Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Setúbal) mais de 10,4 milhões (7,01%).
Segundo a TML, a Carris Metropolitana passou a gerir 1.700 autocarros, 11 mil carreiras e 20 mil horários por dia, com 12 mil paragens no território da AML, transportando cerca de 600 mil passageiros por dia e percorrendo cerca de 85 milhões de quilómetros por ano.
O administrador da TML sublinhou que, entre os 600 mil passageiros transportados por dia, cerca de “100 mil são crianças, portanto, quando não há escola, há menos 100 mil passageiros na rede”.
Para Rui Lopo, a área 2 encontra-se mais pressionada em termos de operação. A procura tem subido muito em Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira, e “o operador ainda não conseguiu recrutar exatamente todos os motoristas, não os motoristas que eram necessários para o arranque, são os motoristas que, entretanto, já são necessários para conseguir mais oferta”.
“Há aqui uma necessidade crescente de procura a que temos que responder e que o operador tem de conseguir acompanhar, portanto, é um processo sempre em evolução”, admitiu, notando que o concelho com mais passageiros foi Sintra, com pouco mais de dois milhões em outubro.
O representante vincou que “não há nenhum serviço de transportes no mundo que funcione 100% em termos de cumprimento nos serviços”, nem os que têm canais dedicados, como o comboio, e prometeu: “É sempre um serviço de grande tensão e grande pressão, mas estamos cá para servir as pessoas e é essa a nossa missão, servir a mobilidade, ajudar os temas da sustentabilidade e do clima.”
“Começou com alguns constrangimentos, com as dificuldades na contratação de motoristas, as coisas têm vindo a compor-se”, afirmou, por seu lado, a presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Carla Tavares, acerca do primeiro ano de atividade na margem norte.
A também presidente da Câmara da Amadora, pelo PS, assegurou que “os operadores continuam muito empenhados na contratação de recursos e isso está a acontecer também neste momento relativamente à área 2, mas o balanço é muito positivo, principalmente sob o ponto de vista do aumento do número de utilizadores”.
“É, sem sombra de dúvida, uma aposta ganha e os desafios da mobilidade na AML são naturalmente para continuar a priorizar. É uma prioridade também, naturalmente, para os 18 municípios”, referiu.
A autarca destacou o facto de os passes e os bilhetes não aumentarem em 2024, e de, a partir de janeiro, se alargar a gratuitidade para jovens e estudantes até aos 23 anos.
“O objetivo neste ano de 2024 continua a ser a estabilidade da operação, a sua credibilização” junto de todos os que utilizam o passe Navegante e a Carris Metropolitana, apontou Carla Tavares.
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