“Das primeiras iniciativas que terei, através do grupo programático que criámos para a economia e finanças e também para a agricultura, será uma conferência com alguns dos grandes talentos que conseguimos recrutar para o CDS, que pensará sobre a inflação, o poder de compra, a produção industrial e a produção alimentar, procurando soluções”, adiantou o novo líder centrista.

No seu discurso de consagração perante o 29.º Congresso, em Guimarães, depois de eleita a sua Comissão Política Nacional, Nuno Melo apontou uma “subida manifesta da inflação junto dos consumidores”, uma “subida galopantes da inflação na produção industrial” e que a está “completamente descontrolada” no que toca aos preços agrícolas”.

“Quando há inflação, e há inflação, isso tem consequências sobre as taxas de juro e através das taxas de juro, sobre as dívidas das famílias, das empresas e do próprio Estado. Quando chegarmos ao momento em que não conseguiremos pagar as dívidas, o Estado fecha porque não tem impostos”, alertou.

No seu discurso, o presidente democrata-cristão lamentou que o preço dos combustíveis esteja “proibitivo” e afirmou que “o primeiro-ministro diz que é assim porque não é possível reduzir as taxas de IVA”, uma vez que está “proibido por Bruxelas”.

E contrapôs que “a solução basicamente é fácil se realmente a quiser implementar”, propondo uma redução “até ao limite que seja possível o ISP tendo em conta a redução do IVA para que estaria disponível”.

“Quando vier a autorização de Bruxelas, compensa as coisas e novamente terá os combustíveis a preços decentes, que é coisa que realmente hoje não acontece”, defendeu.

O eurodeputado criticou também o Autovoucher, que apelidou de um “expediente cínico quando não uma anedota, porque não devolve coisa nenhuma à maior parte das pessoas que não são abrangidas”.

Num comentário à constituição do novo Governo, que tomou posse esta semana, o presidente do CDS-PP diz que o PS “mostrou todo o instinto de que é feito” e o “partido de poder que é”.

“Num momento difícil de economia de guerra, em quase cada ministro e secretário de Estado muito partido e muito pouco de dimensão de Estado, com escolhas que nos têm que obrigar a reagir e refletir sobre elas porque demonstram toda uma forma de ver Portugal que não seria a nossa se mandássemos”, salientou.

De seguida, criticou as opções do Governo e dos socialistas no que toca a áreas como impostos, saúde ou educação, demonstrando como os dois partidos estão afastados, e identificou o “Governo e os socialismos” como “adversários políticos e ideológicos”.

Por isso, defendeu que o CDS-PP tem de ser uma “oposição tão forte e eficaz fora da Assembleia da República como foi quando estava dentro”.

Num discurso em que começou por falar da situação na Ucrânia, Nuno Melo elogiou o papel do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no acolhimento dos refugiados e voltou a pedir ao Governo que “reverta a decisão de extinção”.

No final do discurso de 35 minutos e que marcou o fim dos trabalhos do 29.º Congresso, o novo líder recebeu de presente um quadro com a fotografia de um dos fundadores do CDS-PP Adelino Amaro da Costa.