“O despedimento coletivo dos trabalhadores da refinaria do Porto consumar-se-á, para a maioria dos trabalhadores, a 15 de setembro e será o marco mais negro na história da empresa/grupo associado à decisão comprovadamente errada do encerramento daquela instalação”, sublinhou, em comunicado.
O fecho desta infraestrutura representa a “destruição” de cerca de 5.000 postos de trabalho e a perda de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) na Área Metropolitana do Porto, referiu.
Para a Galp, a CCT estimou, no primeiro semestre deste ano, uma destruição de margem de 70 milhões de euros.
“Não há racionalidade económica na decisão tomada pela administração e demonstra-o, relativamente apenas a um semestre, o primeiro de 2021 e o primeiro onde é possível avaliar o impacto global para a empresa/grupo que foi penalizada em 70 milhões de euros e torna incompreensível a teimosia em levar por diante um crime económico e social que em aparência não aproveita a ninguém”, considerou.
Para a comissão de trabalhadores, a administração prescindir de várias dezenas de milhões de euros numa altura em que a redução de custos é asfixiante, “apenas pode indiciar que a decisão de encerramento da refinaria de forma apressada se deveu a compromissos assumidos e cujo retorno ainda não foi desvendado”.
Na sua visão, se “não forem tornados públicos os contornos do acordo, com as respetivas compensações, poder-se-á estar a falar de gestão danosa”.
O encerramento da refinaria de Matosinhos, em abril, representa perdas de 5% do PIB em Matosinhos e de 1% na Área Metropolitana do Porto, segundo um estudo socioeconómico a que a Lusa teve acesso.
O estudo, encomendado pela Câmara Municipal de Matosinhos à Universidade do Porto para avaliar os impactos socioeconómicos do fecho do complexo petroquímico no concelho, traça um “cenário particularmente grave” para a região Norte e para o país, caso não seja dado qualquer destino àquela instalação industrial.
“No cenário de não existirem alternativas para o complexo de refinação da Petrogal estima-se a perda de 1.600 postos de trabalho em Matosinhos e de 5.000 na Área Metropolitana do Porto [AMP]”, refere.
A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.
A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.
Após ter decidido o encerramento da refinaria, a Galp encetou conversas individuais com os 401 trabalhadores em causa, chegando a acordo com mais de 40%.
“Dentro desses, mais de 100 continuarão a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país, quer por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos negócios e também para a refinaria de Sines”, adiantou à Lusa, em maio, o administrador da Galp Carlos Silva.
Por outro lado, mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos irão manter-se, pelo menos, até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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